segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Chamo-lhe Meu Paraiso...


Habito numa árvore enorme
Em que cada animal dorme
Fechado em seu egoísmo


Moro numa selva nua
Anónima, desabitada
Onde tudo se atropela.


No meio do meu dilêncio
Ergo minha voz e canto
Ou, se há demais sofrimento,
Ninguém se ri do meu pranto.


Entre terra e céu construo
Meu jardim, e nele habito.
Chamo-lhe Éden e ninho
Canto alegre, meu recanto.


Pássaros chamam e eu digo
O que digo e vejo e escuto,
Meu carinho retribuído.


Crescem flores em todo o lado.
Tenho os rios num aquário
E o silêncio em que fico.


E há duas felinas mansas
Que vêm pedir-me mimo,
Como fazem as crianças.


Quando a dor é meu tormento
Vêm pousar-me no colo,
Consolar-me com carinho.


Lá fora, dizem, é o mundo!
Mas aqui dentro, acredito,
Meu oásis do deserto,


... chamo-lhe meu paraíso.


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