segunda-feira, janeiro 28, 2008
... mau tempo!
refulge de vez em quando
um farol no nevoeiro
vê tanta fartura de miséria
vê tantos irmãos em guerra!
e temos de sofrer
refreando os soluços
no peito constrangido
a vida continua
dia após dia
o sol acorda
o céu muda
embebe-se de sangue a terra
acho-me tão consumida
e ainda agora começa
a nevar
nos meu cabelos!
segunda-feira, janeiro 21, 2008
MANDA O FADO MAIS QUE EU!
Ah, bendita tentação!
Os teus braços me enleando
Deste frio me tirando
Da solidão me olvidando!
Mas repara: nós morando
Nos opostos do Hemisfério
Tu no calor do verão,
Eu no frio do Inverno
No sonho permanecerão
Tuas ofertas de conchego
E esse bálsamo não tendo
Enregelada me encolho
Tentando esquecer... o tempo
Deixando que o ar do quarto
Aos poucos se torne ameno
E eu, a sós, vá cedendo
À magica morte do sono,
O frio e o amor deixando.
A Morfeu me entregando
Em áureos voos de sonho
NÓS CANTAMOS AS JANEIRAS
Maria Vitória Afonso / Fernando Reis Costa/ Maria Petronilho/ Arlete Piedade
Eu vou cantar as Janeiras
À rua da Casa Branca
Não me dão nem farinheiras
E ainda levo com a tranca.
Por ter tão boas maneiras
Venha aqui cantar então:
Se não houver farinheiras
Arranja-se um salpicão!
ouvi cantar as janeiras
na minha rua das flores
com a barriga a dar horas
longe de vós meus amores
aqui eu não sei cantar
mas fome, tenho também
mandem lá esse manjar
para a amiga de Santarém!
Uma boa alentejana
Mantém sempre a tradição
Em dia de Reis, ufana,
Canta a grande devoção
Mas veja se não se engana
A cantar essa canção
Se não vai cedo p’rá cama
E sem migalha de pão!
vêm os magos chegando
ora sentai-vos à mesa
bolo-rei, vinho do porto
consoada portuguesa
Eu não sou alentejana
mas ofereço um bom vinho
da lezíria ribatejana
com afecto e com carinho!
Ó patrãozinho da casa
Não queira ser tão forreta
Com um certo golpe de asa
Dê-me lá sua gorgeta
O patrão manda dizer
- se a senhora faz chacota -
A gorjeta que vai ter
É pimentinha na boca!
sendo os convivas poetas
não havia de faltar
uma sopinha de letras
e trovas a acompanhar
no tempo em que vivemos
e neste país de miséria
ter sopinha e salpicão
já é uma coisa séria!
Pode ser um salpicão
Ou um poema inspirado
Vá lá, abra o coração
A quem lhe é dedicado.
Por cantar esta canção
Aqui tem, com muito agrado,
(em vez do tal salpicão)
Este poema rimado!
rimo mesmo em janeiro
antevendo a primavera
em que o sol aqueça o mundo
e se faça paz na terra!
rimando com todas as letras
aqui vai este poema
que eu cá não sou de tretas
quando os reis magos são tema.
estas mal traçadas linhas
que me atrevo a desenhar
levam-vos o meu carinho
votos de um ano sem par!
AGORA É HORA!
agora!
algo urgente em mim grita!
amanhã,
que a porta está fechada!
respondem outros lá fora.
Se as portas estão fechadas,
quebro os punhos nas janelas!
tenho aflição de viver!
não sei que me faz voar,
mas não me posso deter.
enquanto eu ousar pensar
e o meu sangue correr
o meu lema é insistir
querendo desabrochar
o que me faz resistir,
avançar, buscar, seguir!
Tristeza
Sufoca a alma
oprimida
mas, lágrimas, tende cautela
pois o sal da vossa água
agasta a indiferença
do que se nega
o direito
de vazar emoções
que se amarram por
obscura conveniência.
é proibido
mostrar o sentir
para que o instinto
desvende caminhos amenos
onde floresçam sorrisos
dissipando a bruma.
renego-te, hipocrisia!
chora, alma minha!
desata os soluços
em rios que escoem
a tristeza que te afunda!
solta a ousadia
como girassol no céu
do meio dia!
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