sexta-feira, dezembro 28, 2007




Queria ser poesia!





Secar todas as lágrimas

Fazer brotar o sorriso

em todos os rostos

ora descompostos por

injustiças e ultrajes

sangue inocente

manchando as ruas

corpos desfeitos

mentes obtusas...

Ah, como eu queria ser poesia!

Flor que emergisse

dos escombros,

chuva que arrastasse

as guerras que se acendem,

reerguesse a esperança esmagada

como bandeira rasgada

de um domínio sem alma...

Como eu queria ser poesia!

Desvendar a luz do dia

crescer como erva vadia

lavar como a água pura!

quinta-feira, dezembro 27, 2007




Do frio acordada

Tremendo no escuro a manhã hiberna
mas o sol risonho num beijo a desperta
esplende o horizonte na janela aberta
e a luz tudo invade animando a terra!

domingo, dezembro 23, 2007




Prepara-se o Presépio



Por algum motivo

que vive muito escondido

na fundura do meu peito

hoje amanheceu perfeito

o dia, de nevoeiro,

que trazia disfarçado

um manancial de luz!

Por algum motivo oculto

o arco-íris nascido

tinha mais de sete cores

tinha cantos, tinha brilhos

luminosos, inauditos!



Porque terá hoje o dia

um tal encanto e magia?

Será que os anjos preparam

o presépio lá no céu?



Certo é por esta hora

caminharem estrada fora

José e, sobre o burrinho,

balança Nossa Senhora

grávida, esperando a hora

em que o Divino Menino

trará ao mundo a Esperança!






O Amor faz girar o Mundo!


O amor de Jesus traz
o triunfo da Luz!
A vitória do Bem
que triunfa Sem-fim!
Não chores, irmão solidão,
olha para o céu e
vê quantas estrelas
te saúdam, inexauríveis!
Acalma-te, angústia,
nos corações oprimidos!

Aliem-se as mãos,
Firmem-se os sonhos
Triunfe a concórdia
Do amor revelado!

A Jesus, a melhor prenda:
Amemo-nos uns aos outros!




Estejamos onde estivermos, que o Amor nos envolva e acalante.
A todos vós e a quantos vos são queridos,
o meu abraço sincero, com votos de renascimento, esperança e paz!
O Amor faz girar o Mundo!

Maria Petronilho

domingo, dezembro 16, 2007






Jornada


Sozinha e doída
minha alma caminha
na álgida sombra.

sexta-feira, dezembro 14, 2007




Natal em todo o mundo


O fruto
trazia em si
a esperança:
mais tarde, quando crescesse...
O invólucro do fruto
era a mulher
jovem e magra,
esquelética mesmo,
de ventre enorme
e faces encovadas
pela
subalimentação
Seus membros
eram cabos frágeis
simplesmente
cobertos
de pele lisa
porque ela era jovem
E o fruto
viu a luz do dia...
fenómeno estranho
que apenas o tocou
por escassos meses:
Leite,
a mãe não o tinha
... já nenhuma mãe o tinha!
Experimentaram dar-lhe ervas,
experimentaram dar-lhe terra,
mas foi a terra que o quis.
Com o filho,
foi-se a esperança
num grito de dor
sufocado.
E a mãe
não mais comeu ervas;
e a mãe
não mais comeu terra
...Foi a terra que a comeu!




Este poema foi escrito aquando das guerras e fomes do Biafra, anos sessenta.
A foto foi tirada no Sudão em 2004.
No desespero da arrogância de alguns e da impotência de tantos outros,


Seja Natal,
em todo o mundo!