domingo, setembro 27, 2009



Ventre em espera



Serenamente
o céu se encobre
tudo escondendo
neste compasso
A negra terra
na fria crosta
fecha os encantos
no seu regaço.
desnudos ramos
calado espaço
tudo entorpece.
a mata hiberna
o rio abriga-se
no lençol de bruma
cegas as luzes
parados barcos.
o sol amado está tão longe!
florindo ramos em outras terras...
cá as sementes vigiam ternas
que prestes
brilhe no horizonte
e logo irrompam do solo as ervas!
Vingue-se o ventre farto de esperas!

quinta-feira, maio 21, 2009


E o meu poema


caberá inteiro

na eterna renda

de um cristal de gelo.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009






Saudade dispersa



Envolta em silêncio e penumbra
minha alma busca a tua
abandona-se e mergulha

na saudade sempre acesa
daquela voz que não chega
da carícia que demanda

no nulo vazio se alonga em busca dessa outra alma
que lá no longe vagueia buscando unir-se em ternura.






Ampulheta

Se eu tivesse muita força
Voltaria o destino, acharia o Infinito
Assim, espero de pé a morte anunciada.

terça-feira, fevereiro 24, 2009



E o meu poema


caberá inteiro

na eterna renda

de um cristal de gelo.

sábado, setembro 20, 2008






BARRILETE


Abre tus alas y danza con el viento sur,

contempla mi dimensión desde lo alto,

apacigua las miradas

de los que no ven más que su entorno

y trata de elevarlas

a tus colores que se funden con las nubes.

Una gaviota poeta,

trasnochada de plenilunio,

se acerca a tu majestade

intenta seducirte con graznidos

plenos de arena y de mar.

Tu solemnidad,

prolongación ilimitada del sueño del Hombre,

continúa al vaivén de la brisa.

Un niño te contempla y ríe:

lo justificas en su eternidad.


© Alberto Peyrano



PAPAGAIO DE PAPEL


Abre as tuas asas e dança com o vento sul,

contempla a minha dimensão do alto,

apazigua os olharesdos que não vêem mais do que os acerca

e faz por elevá-los nas tuas cores que se fundem com as nuvens.

Uma gaivota poeta,

assombrada de plenitude,

aproxima-se da tua majestade

e tenta seduzir-te com grasnidos

plenos de areia e de mar.

A tua solenidade,

seguimento ilimitado do sonho humano,

continua no vaivém da brisa.

Um menino contempla-te e ri:

Justificas a sua eternidade.


© Alberto Peyrano



versão livre: Maria Petronilho




Primavera



Canção azul

nascida em rosa

alvorecer!






Aniversário



Renascemos em cada dia que nasce

todavia houve um dia

em que o milagre da vida

tocou a vida da gente

Aventura dolorida

ver outro mundo diferente

não fica dele memória

como a flor não diz a história

oculta na mãe semente

Festeje-se hora a hora

caminhemos docemente

pelas veredas da vida

como um rio da nascente

que vai cantando feliz

sem se lembrar que a foz

marca o seguro encontro

de todas as águas do mundo.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008





Quero sonhar Primavera!



verde esperança

densa bruma

a gente espera

o rio flui

para o mar

o céu de azul

se enaltece

e as nuvens

brancas do céu

parecem desconhecer

que a terra adormece

no tempo do despertar

de o alegre sol luzir

de o coração vibrar

de o júbilo ecoar

as pétalas ainda são

arco íris pelo campo

mas apenas descontento

reflecte o nosso olhar

aonde irei buscar

a esperada primavera

que enfloresceu abril?

desfeita em espuma

e pesar

quimeras que hão voltar

a elevar-se no ar

mãos empunhando

uma flor

vozes juntas a cantar

união paz e amor!





Tendo sido pai e mãe



Quando o sol vai declinando

ficam rubras as searas

com papoilas exaltadas

a desafiar o céu

e brilha lá na distância

o teu nome minha ausência

tanto do meu ser é teu



põe-se o sol no horizonte

mas canta a água na fonte

que maravilha meu Deus

ah, não me venham dizer

que o nosso fim é sofrer



mas quando pesa a idade

só vejo a minha cidade

e os prédios que ela tem

vivo triste e tão sozinha

tendo sido pai e mãe!

segunda-feira, fevereiro 04, 2008





Cansada de guerra



Ondeia o pranto

pungente mar fundo

de sangue embotado

gerações tremendo

florinhas abrindo

e já se finando



de chacinas, basta!



qual bandeira erguida

construa-se esperança

resolva-se a guerra

nem que por decreto

seja primavera!





Soltem-me da Prisão das Saudades!

Soltem-me da prisão das saudades!
uma a uma retirem as grades!
A minha alma demanda notícias contantes
das vossas, tão próximas e queridas...
Sacralize-se a amizade: nunca sejam apartados
aqueles que sonham os mesmos sonhos,
se lançam nos mesmos voos
e tecem grinaldas de afectos!



A Festa de Gaia



Acorda a Natureza

abeiram-se sol e terra,

e o derriço se ateia

em animada alegria

rompem as flores!

Agitam-se as folhas

nos ninhos

desdobram-se passarinhos

à claridade do dia

em cada nuvem macia

aonde Eros se deita

e Hera, feliz, desperta!