sexta-feira, agosto 04, 2006





APAIXONADO

De repente o teu sorriso
alegre pardal vadio
no meu coração se aninhou!

Maria Petronilho

sábado, julho 15, 2006


ENFIM POETA E MULHER














STAR-OF-HEAVEN-Eduard Hughes




Espero merecer morrer num dia de intenso sol
sem ninguém se aperceber que a minha alma se vai
presa num dos tantos raios que ligam a terra e o céu
e que alfim me guiarão para um espaço além dor
para um lugar só de amor onde poderei ousar
ser poeta e mulher sem ninguém me estranhar

num lugar onde não cabem arrogância e poder

ao resto de mim que ficar não importa o acontecer
não será meu sequer será resto a fecundar
o chão donde há-de nascer nova vida a luzir

o eu que sou há-de estar num cosmos a acordar
sem ninguém me censurar o ser poeta e mulher!

Lisboa, 27/1/2004




Al Fin Poeta y Mujer

Maria Petronilho
Versão em espanhol: Alberto Peyrano

Espero merecer morir un día de intenso sol
sin que nadie se dé cuenta que mi alma ya se va
abrazada de algún rayo que liga la tierra al cielo
y que al final me guiará muy distante del dolor
hacia el reino del amor donde al fin me atreveré
a ser poeta y mujer sin que ninguno me extrañe

un lugar donde no caben ni arrogancia ni poder

y a lo que de mí va a quedar no importa lo que suceda
pues eso no seré yo será un resto que fecunda
el suelo para dar más nueva vida y nueva luz

lo que yo soy ha de estar en el cosmos despertando
sin que nadie me censure si soy poeta y mujer!

Lisboa, 27/1/2004

domingo, fevereiro 12, 2006





















Mãe Eterna



Pomba branca,

tão breve, tão corajosa

ave linda que Deus trouxe

por um átimo à terra

astro que foste

cometa

e atrás de ti deixaste

no esmo frágil centelha

em soledade ferida



ah, mãe como eu aspirava

cobrir-te de rosas brancas

neste dia de lembranças!

mas relembro só de mágoas

as tantas flores que levavas


como se fosse este instante


como se do além pudesse

erguer-te mais que lembrar-te

ouvir-te e ter-te presente


beijo, amada, a tua sombra

aonde o céu te mantenha

esperando a tua filha

desvalida e pequena


desde que te foste embora

uma densa nuvem negra

abafou sua vida


Maria Petronilho
7/5/2005