quarta-feira, fevereiro 04, 2004

vida que me sobra


Cumpri demais do que pude
acendi
apaguei fogos
lutei
queimando os braços
ganhei p'lo que fiz e faço
a paga do desamparo

suportei todas as dores
e ignorei os prazeres
...
os loucos e os pobres
deixam-se ficar
especados á porta
na esperança desesperada
de uma esmola
...
enfim,
o nada me valha!

não mais necessária,
poeira ignorada
na estrada que se pisa,
basto-me a mim mesma
em fome,
ignorância

do nada retiro a força
para caminhar ainda

que me resta?!
a loucura da escrita
inqualificada?

ser mulher ser
me supera,
paixão ignorada!

perdem-se os olhares
alheios ao que
no a dia a dia passa


que faço na terra
com o resto da vida
que me sobra?

não acredito
na ditosa vida
de martirizada
masoquista

já que sofri toda a vida
que lute e que morra
por uma causa
justa!

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