quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Canção do amor e da ira calada


Que a melancolia
não me leve a sombra
de árvore viva
em alma de primavera

Que não oiça
a maré alta que soa...
Quero ficar quieta
a sonhá-la, da duna...

Que a duna do meu peito
permaneça adormecida
que não a toque a chama
nem a ventania

Que os meus olhos ousem
uma vez na vida
olhar o sol de frente
e depois fique cega

E cega, deixarei passar sem ver
toda a lonjura onde não fui nem irei
todo o ouro, todo o azul.

E, ainda que não vendo,
vereis vós dos meus tormentos
fazerem-se vulcões meus olhos
que foram ensombrados lagos

Deixai-me ficar quieta
no meu terraço florido
com meus pássaros cantando

Levai o vosso sossego
do meu ser angustiado

Que o sol me seque o pranto
e o ar o leve escondido...

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