segunda-feira, maio 10, 2004

CÁLIZ INGRATO
Cálice ingrato
Autor Alberto Peyrano; trad p/ português Maria Petronilho


Y se hace vieja la calle...
Já se faz velha a rua....
Tan vieja y agobiada,
Tão velha e angustiada
depositada en esos ojos nuevos
confiada nesses olhos novos
que nacieron en un país que duerme ,
que nasceram num país que dorme,
donde la mañana sólo sirve para nada...
onde a manhã para nada serve....


Existe un árbol donde un pájaro
Existe uma árvore onde um pássaro
renunció a su canto cierta noche,
renunciou a seu canto certa noite,
y le contó al poeta
e confidenciou ao poeta
la negra pesadilla que observó
a negra inquietação que percebeu
bajo sus ramas,
sob as suas ramas
tal vez para llorar con él
talvez para chorar com ele
o para buscar apoyo
ou para buscar apoio
en los gritos del verso
nos gritos do verso
que la angustia inspira,
que a angústia inspira
con la esperanza anticipada y casi vana
com a esperança antecipada e quase vã
de un poeta escuchado y atendido
de um poeta escutado e acatado
en medio del vacío.
no meio do vazio.


Se le va el aliento al futuro,
Vai-se com alento no futuro
ensayando a tientas la sobrevivencia,
ensaiando às tentativas a sobrevivência

nadando entre los vómitos inéditos
nadando entre os vómitos inéditos
que son lanzados en diarios y cartones,
que são lançados em diários e panfletos
y que se tragan en el plato de comida
e que se tragam no prato de comida
que tiene gusto a rabia
que tem gosto de raiva
y a resentimiento.
E de ressentimento


Es un cáliz ingrato el que ofreces,
É um cálice ingrato o que ofereces
mi ciudad, a tus hijos y al presente,
minha cidade, aos teus filhos e ao presente
que hace pensar en un solar
que faz pensar numa linhagem
ausente
ausente
o desaparecido,
ou desaparecida
vacío de esperanzas, protección o abrigo
vazia de esperanças, protecção e abrigo
y donde no se pueden
e onde não se podem
ensayar pasos hacia el frente.

Ensaiar passos avante


Tu presente profano, ciudad,
O teu presente profano, cidade,
cachetea muy duro y sin piedad
esbofeteia com muita dureza e sem piedade
a mi futuro,
o meu futuro,
a mi no-ser que clama
o meu não-ser que clama
porque apartes este cáliz
para que afastes este cálice
donde el poema
onde o poema
quedó disuelto en lágrimas
se desfez em lágrimas
junto al pájaro inerte
junto ao pássaro inerte
que se volvió al olvido.

Que retornou para o esquecimento.



Alberto Peyrano
Buenos Aires, Abril 2004


Sem comentários: