segunda-feira, maio 10, 2004

A Mãe no palco da guerra



Ser a mãe correndo cega
Aos zigues zagues na rua
Apertando ao peito ainda
A criança assassinada
Por uma bala perdida

Sobre o solo que trepida
Ver a casa devastada
Algures seu homem erra
Na insânia de uma guerra
Que a todos nos desespera

Jazem os mortos na estrada
Olhos cheios de surpresa
E o sangue empapa a areia
Nesta vastidão deserta
Que a cobiça incendeia
Onde o ódio se apregoa

Rebolando-se nos leitos
Soam mais alto que os tiros
De outras mulheres os gritos
Lançando ao mundo seus filhos
Já antevendo os destinos
De seus meninos amados


Os velhos abandonados
Puseram de lado o espanto
Sofreram e viram tanto
Que o seu momento esperam
No recanto onde se albergam
A morte não temem, esperam!

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