domingo, fevereiro 15, 2004

Lamento




Não esqueças a minha ternura
feita poeira
chita esgarçada
no fulgor de teus dias

se bem eu seja
uma figura apagada
etérea
que vive
atrás de uma incógnita janela,

não colecciones as minhas lágrimas
no bolso da tua camisa
nada farão crescer senão a angústia
no lugar da paixão
que
de nossos corações se eleva
se em comunhão
na ideia
no carinho
na palavra alada
distante
que nos dá a ilusão de acordarmos
com a mesma aurora
de olharmos o mesmo sol,
eu dentro de mim prisioneira
e tu vogando ao sabor do que te convier
te for
talvez possível.
Onde os poemas derramados
de doçura
que me cantaste
em que me cantavas
onde apaixonadamente me enlevavas
no som da tua procura?

Não me deixes afogada no silêncio
no humilde silêncio de ser
ocasião fortuita de prazer
a poeta triste
que sendo tua
não mais que tua fugaz atenção
necessita!








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