domingo, fevereiro 15, 2004

Natal em todo o mundo!



O fruto
trazia em si
a esperança:
mais tarde, quando crescesse....
O invólucro do fruto
era a mulher
jovem e magra
esquelética mesmo,
de ventre enorme
e faces encovadas
pela
subalimentação
seus membros
eram cabos frágeis
simplesmente
cobertos
de pele lisa
porque ela era jovem
e o fruto
viu a luz do dia
fenómeno estranho
que apenas o tocou
por escassos meses:


Leite,
a mãe não o tinha
... já nenhuma mãe o tinha!
Experimentaram dar-lhe ervas,
experimentaram dar-lhe terra,
mas foi a terra que o quiz.
Com o filho
foi-se a esperança
num grito de dor
sufocado.
E a mãe
não mais comeu ervas
e a mãe
não mais comeu terra,
foi a terra que a comeu!




Este poema foi escrito aquando das guerras e fomes do Biafra,
mas agora como então morrem milhares de cianças pela guerra e de fome,
seja

Natal, em todo o mundo!

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