terça-feira, janeiro 18, 2005

Da alma ante o corpo perdido


Ainda retenho o peso
Do corpo de que fui esteio
A vida ainda me enrola
Como embrulhada na onda
E a razão ainda não depara
O desopressão da mágoa
Ando ainda numa busca
Vagueio como fantasma
Que ainda não acredita
Que se encontra noutra vida
Meu pobre corpo coberto
De algas e de entulho
Putrefacto, inabitado
Jaze onde foi engolido
Já sem os esgares do medo
Mas eu, que ainda divago
Comprovo quanto é insano
E absurdo o ser humano
Eu, que a tudo pertenço
Pois sou átomo suspenso
De pavor empalideço
Subi do fundo do abismo
Fui cuspida do meu fruto
Mas preciso de mais tempo
Para ser de novo rebento
Re-habitar este solo
Aonde o alimento
É tão mal distribuído
Agora, vejo o engano
Em que me forcei sem ganho
pois nada sendo, sou tudo


Sem comentários: