quinta-feira, janeiro 27, 2005

Foguetes!



As lágrimas caem do céu
e a gente olha esquecendo
que chora todos os dias

que ao menos junho
nos amorne o desepero

meu povo que sou eu
na beira abismo
mantendo a esperança
hasteada na janela

e viva a bola, a música e a sardinha
povo triste do meu fado

corrido
do barco pró autocarro
emprego tremido
sono inquieto

mas amanhã será feriado

por decreto
morremos de fome
mas olhamos o céu em pasmo
em lágrimas

fazemos ahhh como os meninos
apontando estrelas

vimos
inquietos desdormidos
contando cêntimos
os euros tão caros
tão curtos
enganosos

vivam pois os santos
que fazem o milagre
de abrir sorrisos nos rostos

ó pá olha que lindo
até o pedestal do Cristo
tem os arcos pintados de verde e vermelho

dêem-nos circo que o pão nos falta
deem à malta a ilusão da vitória

comprada
uma bandeira em todos os carros
parados à porta
que a gasolina está cara

que império manda agora
os nossos filhos para a guerra
numa colónia feita de areia

ardida
o povo entusiamado grita
portugal...! Portugal...! Portugal...!

pois pouco mais resta
que ser-se patriota!



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