Natal em todo o mundo!
O fruto
trazia em si
a esperança:
mais tarde, quando crescesse....
O invólucro do fruto
era a mulher
jovem e magra
esquelética mesmo,
de ventre enorme
e faces encovadas
pela
subalimentação
seus membros
eram cabos frágeis
simplesmente
cobertos
de pele lisa
porque ela era jovem
e o fruto
viu a luz do dia
fenómeno estranho
que apenas o tocou
por escassos meses:
Leite,
a mãe não o tinha
... já nenhuma mãe o tinha!
Experimentaram dar-lhe ervas,
experimentaram dar-lhe terra,
mas foi a terra que o quiz.
Com o filho
foi-se a esperança
num grito de dor
sufocado.
E a mãe
não mais comeu ervas
e a mãe
não mais comeu terra,
foi a terra que a comeu!
Este poema foi escrito aquando das guerras e fomes do Biafra,
mas agora como então morrem milhares de cianças pela guerra e de fome,
seja
Natal, em todo o mundo!
domingo, fevereiro 15, 2004
CANÇÃO DE NATAL
É NATAL
O MUNDO ROLA
E EU ROLO
ENRODILHADA
SÓ O SONHO
ME CONSOLA
VAGAMENTE
MINHA VIDA
ÁGUA CAI
RIBEIRA
QUE VAGUEIA
AOS TOMBOS
DE PEDRA EM PEDRA
FLOR NACARADA
QUE EU ERA
QUEBRO-ME
PÉTALA A PÉTALA
SUAVEMENTE
NA TERRA
LÁGRIMA A LÁGRIMA
NESTE MAR
TANTO
QUE ME TOMA
E SE EVOLA
GOTA A GOTA
SEREI BREVE
NUVEM BRANCA
QUE IMPORTA
SE
LÁ FORA
CHAMA
RUBRA VIDA
ROLO
PÉROLA PERDIDA
DE TODOS OS COLARES
À DERIVA
MINHA SAGA
SOLITÁRIA
NO ENCONTRO
DE
MIM MESMA
É NATAL
O MUNDO ROLA
E EU ROLO
ENRODILHADA
SÓ O SONHO
ME CONSOLA
VAGAMENTE
MINHA VIDA
ÁGUA CAI
RIBEIRA
QUE VAGUEIA
AOS TOMBOS
DE PEDRA EM PEDRA
FLOR NACARADA
QUE EU ERA
QUEBRO-ME
PÉTALA A PÉTALA
SUAVEMENTE
NA TERRA
LÁGRIMA A LÁGRIMA
NESTE MAR
TANTO
QUE ME TOMA
E SE EVOLA
GOTA A GOTA
SEREI BREVE
NUVEM BRANCA
QUE IMPORTA
SE
LÁ FORA
CHAMA
RUBRA VIDA
ROLO
PÉROLA PERDIDA
DE TODOS OS COLARES
À DERIVA
MINHA SAGA
SOLITÁRIA
NO ENCONTRO
DE
MIM MESMA
QUE ME DIZES DO MEL?
Ó ABELHA DOURADA
QUE ME DIZES
DO MEL?
QUE É DE FLOR
QUE É DE AZUL
QUE É DE CÉU
DA BOCA
QUE É DE CARIINHO
MORNO VENTO
FLORES
POLÉM
POEIRA DA MANHÃ
ONDE BUSCAS
TEU NÉCTAR
PARA MIM
FRUTO
ESPERANÇA
DE FLOR
QUE SORRI
CADA ÁRVORE
É CONTIDA
NO
GÉRMEN
DA SEMENTE
PEQUENINA
AH DOURADA
ABELHA
TRÁZ-ME
A BREVE DOÇURA
DE AMAR
BREVE
A VIDA
QUE DORME
EM MIM
RECOLHIDA
ASA
QUE NO SONHO
PAIRA
DE ALGUÉM
À PROCURA
Ó ABELHA DOURADA
QUE ME DIZES
DO MEL?
QUE É DE FLOR
QUE É DE AZUL
QUE É DE CÉU
DA BOCA
QUE É DE CARIINHO
MORNO VENTO
FLORES
POLÉM
POEIRA DA MANHÃ
ONDE BUSCAS
TEU NÉCTAR
PARA MIM
FRUTO
ESPERANÇA
DE FLOR
QUE SORRI
CADA ÁRVORE
É CONTIDA
NO
GÉRMEN
DA SEMENTE
PEQUENINA
AH DOURADA
ABELHA
TRÁZ-ME
A BREVE DOÇURA
DE AMAR
BREVE
A VIDA
QUE DORME
EM MIM
RECOLHIDA
ASA
QUE NO SONHO
PAIRA
DE ALGUÉM
À PROCURA
CANSADO SORRISO
SIM,
RECONHEÇO A CORAGEM
DE ATRAVESSAR
DESERTOS
OCEANOS
SEM TENDAS
SEM EQUIPAGEM
SEM NAVIOS
NÚS OS MEUS PÉS PEQUENINOS
IGNORANDO
O ROÇAGAR
DAS ESCAMAS
DAS COBRAS ENTRELAÇADAS
ESPINHEIROS
ERIÇADOS
GARRAS
TANTAS LANÇAS
APONTADAS
AO MEU PEITO NU
INERME
MINHA BOCA
NEGANDO A ÁGUA OFERECIDA
POR TANTOS RIOS SEM NOME
E EU SECA DE SEDE
SEGUIA
E EU MORTA DE FOME
NEGAVA
E EU MORTA DE FRIO
NÃO ME DEITAVA
DESCANÇANDO
AO SOL ALHEIO
PROSSIGO
COMIGO-MESMA
O DOLOROSO
CLARO CAMINHO
DA MINHA PAZ
SOLIDÃO
CANSADO SORRISO
SIM
RECONHEÇO...
SIM,
RECONHEÇO A CORAGEM
DE ATRAVESSAR
DESERTOS
OCEANOS
SEM TENDAS
SEM EQUIPAGEM
SEM NAVIOS
NÚS OS MEUS PÉS PEQUENINOS
IGNORANDO
O ROÇAGAR
DAS ESCAMAS
DAS COBRAS ENTRELAÇADAS
ESPINHEIROS
ERIÇADOS
GARRAS
TANTAS LANÇAS
APONTADAS
AO MEU PEITO NU
INERME
MINHA BOCA
NEGANDO A ÁGUA OFERECIDA
POR TANTOS RIOS SEM NOME
E EU SECA DE SEDE
SEGUIA
E EU MORTA DE FOME
NEGAVA
E EU MORTA DE FRIO
NÃO ME DEITAVA
DESCANÇANDO
AO SOL ALHEIO
PROSSIGO
COMIGO-MESMA
O DOLOROSO
CLARO CAMINHO
DA MINHA PAZ
SOLIDÃO
CANSADO SORRISO
SIM
RECONHEÇO...
THE SHOW MUST GO ON
CERVANTES:
EIS-ME
TEU OUTRO
D. QUIXOTE
MAS VOU NA LUTA
SOZINHA E NUA
NEHUM ROCINANTE ME AJUDA
NENHUM SANCHO ME ACOMPANHA
LEVO MINHA LANÇA ROMBA
NOINHOS DESABAM
NAS
GIGANTESCAS
VENTANIAS
FAÇO QUANTO POSSO
E VEJO
QUANTO NECESSITO
MAS NÃO MAIS
POSSO
QUE VER
E SOFRER
DESENCANTO
A FORÇA
À VONTADE SE NEGA
E BERRA O CONTRA REGRA:
FORA DE CENA QUEM NÃO É DE CENA!
THE SHOW MUST GO ON!
CERVANTES:
EIS-ME
TEU OUTRO
D. QUIXOTE
MAS VOU NA LUTA
SOZINHA E NUA
NEHUM ROCINANTE ME AJUDA
NENHUM SANCHO ME ACOMPANHA
LEVO MINHA LANÇA ROMBA
NOINHOS DESABAM
NAS
GIGANTESCAS
VENTANIAS
FAÇO QUANTO POSSO
E VEJO
QUANTO NECESSITO
MAS NÃO MAIS
POSSO
QUE VER
E SOFRER
DESENCANTO
A FORÇA
À VONTADE SE NEGA
E BERRA O CONTRA REGRA:
FORA DE CENA QUEM NÃO É DE CENA!
THE SHOW MUST GO ON!
DESERTOS
A MINHA VIDA
É FEITA
DE DESERTOS
LEVO A BOCA SECA
OS LÁBIOS GRETADOS
DE TANTOS GRITOS
OIÇO AO LONGE
UM RIO
VEJO AO LONGE
A LUZ
IRISADA
DAS GOTAS DE ÁGUA
QUE
SALTITAM E BRINCAM
ENTRE BRANCOS SEIXOS
PORQUE
HÁ TANTO CAMINHO
E NUNCA MAIS CHEGO?!
QUEM
ME IMPEDE
DE CHEGAR AO OÁSIS
QUE BRILHA
RESPONDE AO APELO
ME APELA?
NO SILÊNCIO
IMENSOS
NOS DESERTOS,
MEUS OLHOS
ABERTOS
A MINHA VIDA
É FEITA
DE DESERTOS
LEVO A BOCA SECA
OS LÁBIOS GRETADOS
DE TANTOS GRITOS
OIÇO AO LONGE
UM RIO
VEJO AO LONGE
A LUZ
IRISADA
DAS GOTAS DE ÁGUA
QUE
SALTITAM E BRINCAM
ENTRE BRANCOS SEIXOS
PORQUE
HÁ TANTO CAMINHO
E NUNCA MAIS CHEGO?!
QUEM
ME IMPEDE
DE CHEGAR AO OÁSIS
QUE BRILHA
RESPONDE AO APELO
ME APELA?
NO SILÊNCIO
IMENSOS
NOS DESERTOS,
MEUS OLHOS
ABERTOS
ah a facada
sempre espetada
gume ao alto
erguida
dos punhos de renda
os dentes
a remoer
golpes sem fim
na mesma
ferida
o chilique da senhora
na hora na certa
cai no sofá de pele
geme e rebola
o carrasco
treme
numa facada
de pena
uma e outra vez
lhe acerta
com tanta
pena
se levanta
a cabeça
logo lha afoga
que pena
Há que dar o
status
de família bem
posta
e lá vão
de rojo
saem da porta
do palácio
de barro
com carros reluzindo
da porta da oficina
que im-porta
que
importa
e vão de
amarelo
mas o sorriso
que se lhes veja
apontada as costelas
de tanto
medo,
a faca
presente
mas escondida
e viva a pobreza
ó culta
ó podre de velha
burguesia!
ai de quem veja!
ai do que pena
ai do que se deixa
ficar no sofoco de uns spunhos de renda
com uma faca calada
sob un punhos
de renda
roxa
sempre espetada
gume ao alto
erguida
dos punhos de renda
os dentes
a remoer
golpes sem fim
na mesma
ferida
o chilique da senhora
na hora na certa
cai no sofá de pele
geme e rebola
o carrasco
treme
numa facada
de pena
uma e outra vez
lhe acerta
com tanta
pena
se levanta
a cabeça
logo lha afoga
que pena
Há que dar o
status
de família bem
posta
e lá vão
de rojo
saem da porta
do palácio
de barro
com carros reluzindo
da porta da oficina
que im-porta
que
importa
e vão de
amarelo
mas o sorriso
que se lhes veja
apontada as costelas
de tanto
medo,
a faca
presente
mas escondida
e viva a pobreza
ó culta
ó podre de velha
burguesia!
ai de quem veja!
ai do que pena
ai do que se deixa
ficar no sofoco de uns spunhos de renda
com uma faca calada
sob un punhos
de renda
roxa
É O SONHO QUE NOS LEVA
Volatilizo-me
No éter etéreo
Pairo
Como orvalho
A partida
Aguardo!
Nem venham
Falar-me
De barreiras
Nem da inconveniência
De me encontrar
Dispersa
Suspensa
Em minúsculas
Gotículas
De brevidade!
Não conheço
Paredes
Fronteiras
Cadeados
Ou telhas
Pairo
Em nuvens
Que me semeiam
Indistintos
os
Pomares
Cerejeiras
Oliveiras
Laranjeiras
Não conheço
As cores
Mas os aromas
No ar vamos
Do ar somos
Tão longe
Da realidade
Crua
Tão perto
Da negra
terra!
Cessem
vãs ilusões
Aqueles
Que se acham
Correctos
Infalíveis
Seguros
Hoje
Ainda
e
Sempre
Deus queira
É
o sonho
Que nos leva!
Volatilizo-me
No éter etéreo
Pairo
Como orvalho
A partida
Aguardo!
Nem venham
Falar-me
De barreiras
Nem da inconveniência
De me encontrar
Dispersa
Suspensa
Em minúsculas
Gotículas
De brevidade!
Não conheço
Paredes
Fronteiras
Cadeados
Ou telhas
Pairo
Em nuvens
Que me semeiam
Indistintos
os
Pomares
Cerejeiras
Oliveiras
Laranjeiras
Não conheço
As cores
Mas os aromas
No ar vamos
Do ar somos
Tão longe
Da realidade
Crua
Tão perto
Da negra
terra!
Cessem
vãs ilusões
Aqueles
Que se acham
Correctos
Infalíveis
Seguros
Hoje
Ainda
e
Sempre
Deus queira
É
o sonho
Que nos leva!
noite de natal
SOB A ABÓBADA FRIA
DE UMA NOITE DE LUZ
FOI QUE, DA VIRGEM MARIA
NASCEU O MENINO, JESUS.
OS ANJOS CANTANDO LOUVORES
FORAM AVISAR OS PASTORES
DE QUE ALGURES EM Belém
JESUS NASCIA PRÓ NOSSO BEM
E UMA ESTRELA DIFERENTE
NASCIA NO ORIENTE
P'RA QUE OS MAGOS PELA SUA LUZ
CORRESSEM A ADORAR Jesus
É A ESSA NOITE LINDA
ESSA NOITE SEM IGUAL
QUE CHAMAMOS TERNAMENTE
A NOITE DE NATAL
SOB A ABÓBADA FRIA
DE UMA NOITE DE LUZ
FOI QUE, DA VIRGEM MARIA
NASCEU O MENINO, JESUS.
OS ANJOS CANTANDO LOUVORES
FORAM AVISAR OS PASTORES
DE QUE ALGURES EM Belém
JESUS NASCIA PRÓ NOSSO BEM
E UMA ESTRELA DIFERENTE
NASCIA NO ORIENTE
P'RA QUE OS MAGOS PELA SUA LUZ
CORRESSEM A ADORAR Jesus
É A ESSA NOITE LINDA
ESSA NOITE SEM IGUAL
QUE CHAMAMOS TERNAMENTE
A NOITE DE NATAL
Memórias
Mãe, de ti sei aquele dia
que andavas de robe e camisa
na entrada da cozinha
... p'ra onde dava a cozinha?...
e eu era pequenina
e andava bem vestida
a brincar no chão
com a única fotografia
em que a minha mãe se ria
e parecia
uma deusa, fada... linda!
fiz-lhe um rasgão
machuquei-a,
sentindo em pressentir
que era errado o que fazia
- mas a minha mãe deixava!
Não estava triste, nem ria
- tão raramente se ria!
olhei sob a sua saia
em inconsciente certeza
não entendia o que via
mas senti que não devia
- Mas minha mãe não ralhara!
Cirandava, andava ainda,
e era uma rapariga
Que idade teria?
Que idade teria?!
Estava como que alheia
... e eu chorei toda a vida
aquela fotografia
- minha mãe, não se ralara!
Mãe, de ti sei aquele dia
que andavas de robe e camisa
na entrada da cozinha
... p'ra onde dava a cozinha?...
e eu era pequenina
e andava bem vestida
a brincar no chão
com a única fotografia
em que a minha mãe se ria
e parecia
uma deusa, fada... linda!
fiz-lhe um rasgão
machuquei-a,
sentindo em pressentir
que era errado o que fazia
- mas a minha mãe deixava!
Não estava triste, nem ria
- tão raramente se ria!
olhei sob a sua saia
em inconsciente certeza
não entendia o que via
mas senti que não devia
- Mas minha mãe não ralhara!
Cirandava, andava ainda,
e era uma rapariga
Que idade teria?
Que idade teria?!
Estava como que alheia
... e eu chorei toda a vida
aquela fotografia
- minha mãe, não se ralara!
Pororoca
vou navegar, agora, no Tejo,
e, depois, me aventurar no mar.
ambas as águas eu agora vejo
nas lágrimas do Teu olhar.
não posso mais voltar atrás
na minha decisão em partir.
o Amor tem vazio seu carcás,
somente Lhe resta carpir.
azíago é o Fado dos Amantes
quando a inveja usurpa o cetro.
rubis não podem ser diamantes
nem é belo o que é tetro.
as águas se me enroscam em maçaroca
mas a Tua Voz me diz que é pororoca.
.........
Moacir et Selena 2002
brilhe a vossa LUZ!
PS: no sul do Brasil, Tejo diz-se Têjo.
.......
Bergantim
quero ir também
não serás tu, rio
aquele o que me detém!
preciso do outro lá longe
que vejo além
provei-o
e sabe às lagrimas
de minha mãe
quero fugir, querio ir daqui
num barco qualquer
talvez num bergantim
e se me ofogar
em olhos nenhuns vejo
saudade maior que estas
do Tejo
tenho muito frio
eu quero partir
dizem que do mar
ao fundo
existe um jardiam
com suaves relvas
e campo tamanho
onde aves e flores
se dão
todo o ano
eis que o Natal chega
que faço eu aqui
onde estou sozinha?
quero ir para aí!
vou navegar, agora, no Tejo,
e, depois, me aventurar no mar.
ambas as águas eu agora vejo
nas lágrimas do Teu olhar.
não posso mais voltar atrás
na minha decisão em partir.
o Amor tem vazio seu carcás,
somente Lhe resta carpir.
azíago é o Fado dos Amantes
quando a inveja usurpa o cetro.
rubis não podem ser diamantes
nem é belo o que é tetro.
as águas se me enroscam em maçaroca
mas a Tua Voz me diz que é pororoca.
.........
Moacir et Selena 2002
brilhe a vossa LUZ!
PS: no sul do Brasil, Tejo diz-se Têjo.
.......
Bergantim
quero ir também
não serás tu, rio
aquele o que me detém!
preciso do outro lá longe
que vejo além
provei-o
e sabe às lagrimas
de minha mãe
quero fugir, querio ir daqui
num barco qualquer
talvez num bergantim
e se me ofogar
em olhos nenhuns vejo
saudade maior que estas
do Tejo
tenho muito frio
eu quero partir
dizem que do mar
ao fundo
existe um jardiam
com suaves relvas
e campo tamanho
onde aves e flores
se dão
todo o ano
eis que o Natal chega
que faço eu aqui
onde estou sozinha?
quero ir para aí!
ROXOS LÍRIOS
Com que direito
enches meus olhos
de roxos lírios?
outono de meus dias
porque destróis
assim primaveras?
Porque suspendes
a minha alma
de tuas palavras?
Porque semeias
tantas papoilas
em minhas cearas?
Porque me cantas
e se me encantas
tão só me deixas?
Porque vieste
e me tomaste
se me não querias?
Onde o carinho
que só desejo
e prometias'
Com que direito
enches meus olhos
de roxos lírios?
outono de meus dias
porque destróis
assim primaveras?
Porque suspendes
a minha alma
de tuas palavras?
Porque semeias
tantas papoilas
em minhas cearas?
Porque me cantas
e se me encantas
tão só me deixas?
Porque vieste
e me tomaste
se me não querias?
Onde o carinho
que só desejo
e prometias'
Nús ao Vento
Agora
Passamos às vezes
pelas veredas fechadas
em busca de outros tempos.
Pegamos nossos sorrisos
e alongamos os braços
Para tentar que eles voem
por cima dos muros negros
para os campos
além das montanhas
vermelhas e azuis
onde a aurora nasce.
As nossas vozes sussurram
como se fossemos pássaros
pressentindo
o acordar das serpentes
Agora
Passamos às vezes
pelas veredas fechadas
em busca de outros tempos.
Pegamos nossos sorrisos
e alongamos os braços
Para tentar que eles voem
por cima dos muros negros
para os campos
além das montanhas
vermelhas e azuis
onde a aurora nasce.
As nossas vozes sussurram
como se fossemos pássaros
pressentindo
o acordar das serpentes
MEU SONHO SER
Haja o que houver
seguirei igual a mim-mesma:
Figura de proa ao vento e ao sol,
aguentarei no rosto o sal do mar
serei autêntica
única
livre como o vento
que me faz oscilar
e avançar mar dentro
que refresca minha alma
e a mantém límpida.
De outra forma
eu não seria.
Amo o brilho da manhã
o sol a bater na janela
o reflexo no espelho d'água
o ar leve, a mente leve, o riso...
Rir que nem uma criança ri!
Olhar o meu sorriso e vê-lo
doce, para além de toda a
amargura
da má-sorte, sei lá
e continuar a acreditar.
Meu sonho ser.
Haja o que houver
seguirei igual a mim-mesma:
Figura de proa ao vento e ao sol,
aguentarei no rosto o sal do mar
serei autêntica
única
livre como o vento
que me faz oscilar
e avançar mar dentro
que refresca minha alma
e a mantém límpida.
De outra forma
eu não seria.
Amo o brilho da manhã
o sol a bater na janela
o reflexo no espelho d'água
o ar leve, a mente leve, o riso...
Rir que nem uma criança ri!
Olhar o meu sorriso e vê-lo
doce, para além de toda a
amargura
da má-sorte, sei lá
e continuar a acreditar.
Meu sonho ser.
Dia-a-Dia
dentem-se em marasmo o barco
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
seara
em novas ondas
de espr'ança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
dentem-se em marasmo o barco
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
seara
em novas ondas
de espr'ança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
Lamento
Não esqueças a minha ternura
feita poeira
chita esgarçada
no fulgor de teus dias
se bem eu seja
uma figura apagada
etérea
que vive
atrás de uma incógnita janela,
não colecciones as minhas lágrimas
no bolso da tua camisa
nada farão crescer senão a angústia
no lugar da paixão
que
de nossos corações se eleva
se em comunhão
na ideia
no carinho
na palavra alada
distante
que nos dá a ilusão de acordarmos
com a mesma aurora
de olharmos o mesmo sol,
eu dentro de mim prisioneira
e tu vogando ao sabor do que te convier
te for
talvez possível.
Onde os poemas derramados
de doçura
que me cantaste
em que me cantavas
onde apaixonadamente me enlevavas
no som da tua procura?
Não me deixes afogada no silêncio
no humilde silêncio de ser
ocasião fortuita de prazer
a poeta triste
que sendo tua
não mais que tua fugaz atenção
necessita!
Não esqueças a minha ternura
feita poeira
chita esgarçada
no fulgor de teus dias
se bem eu seja
uma figura apagada
etérea
que vive
atrás de uma incógnita janela,
não colecciones as minhas lágrimas
no bolso da tua camisa
nada farão crescer senão a angústia
no lugar da paixão
que
de nossos corações se eleva
se em comunhão
na ideia
no carinho
na palavra alada
distante
que nos dá a ilusão de acordarmos
com a mesma aurora
de olharmos o mesmo sol,
eu dentro de mim prisioneira
e tu vogando ao sabor do que te convier
te for
talvez possível.
Onde os poemas derramados
de doçura
que me cantaste
em que me cantavas
onde apaixonadamente me enlevavas
no som da tua procura?
Não me deixes afogada no silêncio
no humilde silêncio de ser
ocasião fortuita de prazer
a poeta triste
que sendo tua
não mais que tua fugaz atenção
necessita!
Negro Mar
sobre o verde mar
que o roxo ocaso espelha
invisível à mágoa humana
a estrela vénus brilha
vénus não nota
a tristeza
desse negro mar vogando
tanta vida se perdendo
tanto óleo derramado
a lua encobriu ser rosto
chora com a terra o desgosto
inconsciência do mundo
também o meu coração
nesse mar vai à deriva
em sangue
tristeza viva
prdida sem remissão!
Ref: Maré negra após o naufrágio do Petroleiro Prestige - 5/12/2002
sobre o verde mar
que o roxo ocaso espelha
invisível à mágoa humana
a estrela vénus brilha
vénus não nota
a tristeza
desse negro mar vogando
tanta vida se perdendo
tanto óleo derramado
a lua encobriu ser rosto
chora com a terra o desgosto
inconsciência do mundo
também o meu coração
nesse mar vai à deriva
em sangue
tristeza viva
prdida sem remissão!
Ref: Maré negra após o naufrágio do Petroleiro Prestige - 5/12/2002
DESPERTAR
NO PAÍS MAIS JOVEM DO MUNDO
QUEM É QUE NÃO TEM MEMÓRIA
DA ÚLTIMA TRISTE COLÓNIA
DESTA NAÇÃO PORTUGUESA?
QUEM É QUE JÁ SE NÃO LEMBRA
DESSA NAÇÃO MASSACRADA,
ILHA NA OCEÂNIA CHAMADA
TIMOR LOROSAE?
QUEM SABE
MAS
NEM SE NÃO MEXE
NEM SENTE?
QUEM É QUE PERDEU
A MEMÓRIA
COLECTIVA
DE TANTA MORTE E TRISTEZA?
CHORA DE NOVO TREMENDO,
NAS TERRAS DO FIM DO MUNDO
AQUELE PEQUENO ESTADO
QUEM DEVIA DEFENDÊ-LO
ESTÁ LONGE,
E ESTÁ DORMINDO!
Destruição da cidade de Dili, capital de Timor Lorosae, perante a indiferença das Nações Unidas - 4/12/2002
NO PAÍS MAIS JOVEM DO MUNDO
QUEM É QUE NÃO TEM MEMÓRIA
DA ÚLTIMA TRISTE COLÓNIA
DESTA NAÇÃO PORTUGUESA?
QUEM É QUE JÁ SE NÃO LEMBRA
DESSA NAÇÃO MASSACRADA,
ILHA NA OCEÂNIA CHAMADA
TIMOR LOROSAE?
QUEM SABE
MAS
NEM SE NÃO MEXE
NEM SENTE?
QUEM É QUE PERDEU
A MEMÓRIA
COLECTIVA
DE TANTA MORTE E TRISTEZA?
CHORA DE NOVO TREMENDO,
NAS TERRAS DO FIM DO MUNDO
AQUELE PEQUENO ESTADO
QUEM DEVIA DEFENDÊ-LO
ESTÁ LONGE,
E ESTÁ DORMINDO!
Destruição da cidade de Dili, capital de Timor Lorosae, perante a indiferença das Nações Unidas - 4/12/2002
À PORTA DE ALÉM?
PARECE MENTIRA
QUE A VIDA
TÃO CALADA
SUAVEMENTE SE ESVAIA
DE MIM,
COMO UM PUNHADO DE AREIA
QUE NA AMPULHETA
ESCORRA
... NO FIM.
AINDA ONTEM, EU RIA
AINDA ONTEM SONHAVA
TINHA PROJECTOS E COMPROMISSOS,
TINHA...
E AGORA, DESTA MACA,
PROCURO AINDA
NESTE TECTO BRANCO E ALHEIO
UMA IMAGEM QUE SEJA
DA MINHA SOMBRA.
ESTOU CALMA, TÃO CALMA!
VAGUEIO, COMO SE SUSPENSA
MINH' ALMA ME SOBREVOA,
BORBOLETA BRANCA
... POMBA QUIETA
NESTE SILÊNCIO LUNAR QUE SOA
AO TIC TAC IRREGULAR
AO PING PING INCOLOR QUE VOA
À ARIDEZ DO LUGAR;
PARECE MENTIRA
QUE EU ESTEJA
TÃO LEVE,
QUE EU ESTEJA
TÃO PERTO DA PORTA
... DE ALÉM?
SEM PENA NEM PERDA
SEM DOR E SEM MÁGOA
PARECE MENTIRA
QUE A VIDA
TÃO CALADA
SUAVEMENTE SE ESVAIA
DE MIM,
COMO UM PUNHADO DE AREIA
QUE NA AMPULHETA
ESCORRA
... NO FIM.
AINDA ONTEM, EU RIA
AINDA ONTEM SONHAVA
TINHA PROJECTOS E COMPROMISSOS,
TINHA...
E AGORA, DESTA MACA,
PROCURO AINDA
NESTE TECTO BRANCO E ALHEIO
UMA IMAGEM QUE SEJA
DA MINHA SOMBRA.
ESTOU CALMA, TÃO CALMA!
VAGUEIO, COMO SE SUSPENSA
MINH' ALMA ME SOBREVOA,
BORBOLETA BRANCA
... POMBA QUIETA
NESTE SILÊNCIO LUNAR QUE SOA
AO TIC TAC IRREGULAR
AO PING PING INCOLOR QUE VOA
À ARIDEZ DO LUGAR;
PARECE MENTIRA
QUE EU ESTEJA
TÃO LEVE,
QUE EU ESTEJA
TÃO PERTO DA PORTA
... DE ALÉM?
SEM PENA NEM PERDA
SEM DOR E SEM MÁGOA
METAMORFOSES
ENTROU VOANDO PELA JANELA
É COMO UM LENÇO COLORIDO
BI-FORCADO
NEGRO E LARANJA E BRANCO
RELUZINDO
NA LUZ DO QUARTO
E PENSAR QUE FOSTE
LAGARTA
QUE TANTO TE REPELIRAM
E AMEAÇARAM!
VIRGEM COLORIDA SUAVE
MAL O AMOR TE TOQUE
NÃO MAIS SERÁS
MAGIA VOLANTE
PASSASTE
POR TANTA METAMORFOSE
FOSTE TUDO O QUE PUDESTE
COMPLETASTE
O TEU DESTINO!
ENTROU VOANDO PELA JANELA
É COMO UM LENÇO COLORIDO
BI-FORCADO
NEGRO E LARANJA E BRANCO
RELUZINDO
NA LUZ DO QUARTO
E PENSAR QUE FOSTE
LAGARTA
QUE TANTO TE REPELIRAM
E AMEAÇARAM!
VIRGEM COLORIDA SUAVE
MAL O AMOR TE TOQUE
NÃO MAIS SERÁS
MAGIA VOLANTE
PASSASTE
POR TANTA METAMORFOSE
FOSTE TUDO O QUE PUDESTE
COMPLETASTE
O TEU DESTINO!
BENDITOS OS SIMPLES
HÁ MUITO SE ACENDEU
A LUA NO CÉU
LATEJA O MEU CORAÇÃO
CONTO OS ESPAÇOS
DO TEMPO.
MAS NÃO EXISTEM
NÚMEROS
QUE CHEGUEM!
INCOMODA-ME
O RUÍDO DAS ESTRELAS
EXPLODINDO
NO UNIVERSO
QUE NÃO CONHEÇO.
SE BEM TODOS OS ANJOS
ME RONDEM
PAREÇO TER-ME PERDIDO
SEI QUANTO SONHO!
O RESTO
É ESTE AMOR PURO,IMENSO
A NATUREZA
AS CRIANÇAS E AS FLORES E OS BICHOS
AH, BENDITOS OS SIMPLES, BENDITOS!
QUE SOMENTE
VIVEM E CRESCEM
IGNORANDO
LICENÇA OU DOCUMENTO
HÁ MUITO SE ACENDEU
A LUA NO CÉU
LATEJA O MEU CORAÇÃO
CONTO OS ESPAÇOS
DO TEMPO.
MAS NÃO EXISTEM
NÚMEROS
QUE CHEGUEM!
INCOMODA-ME
O RUÍDO DAS ESTRELAS
EXPLODINDO
NO UNIVERSO
QUE NÃO CONHEÇO.
SE BEM TODOS OS ANJOS
ME RONDEM
PAREÇO TER-ME PERDIDO
SEI QUANTO SONHO!
O RESTO
É ESTE AMOR PURO,IMENSO
A NATUREZA
AS CRIANÇAS E AS FLORES E OS BICHOS
AH, BENDITOS OS SIMPLES, BENDITOS!
QUE SOMENTE
VIVEM E CRESCEM
IGNORANDO
LICENÇA OU DOCUMENTO
AINDA ESPERO O AMOR
NUM RELÂMPAGO DE TEMPO
AINDA ME PERMITO O SONHO
DO AMOR!
DA DÁDIVA HONESTA E PURA,
DE ALGUÉM SE ME DAR
COMO EU ME DOU.
AINDA ME É PERMITIDO
SONHAR
ENQUANTO ESTE RELÂMPAGO ILUMINAR
A SECRETA E AZUL SEDA DO CÉU
E EU FLUTUAR NO VAZIO
AINDA ESPERO
O AMOR
COMO QUANDO MENINA,
COM ESTE SORRISO SECRETO
E O OLHAR EMBEBIDO DE LUZ!
NUM RELÂMPAGO DE TEMPO
AINDA ME PERMITO O SONHO
DO AMOR!
DA DÁDIVA HONESTA E PURA,
DE ALGUÉM SE ME DAR
COMO EU ME DOU.
AINDA ME É PERMITIDO
SONHAR
ENQUANTO ESTE RELÂMPAGO ILUMINAR
A SECRETA E AZUL SEDA DO CÉU
E EU FLUTUAR NO VAZIO
AINDA ESPERO
O AMOR
COMO QUANDO MENINA,
COM ESTE SORRISO SECRETO
E O OLHAR EMBEBIDO DE LUZ!
ROSA VIVA
(IN MEMORIAM)
AI, ESMAGASTE A ROSA QUE EU FUI
COM A TUA PATA IMUNDA!
AI, SUFOCASTE-ME UM DIA
QUANDO INDA MAL DESCOBRIA
COMO HAVIA DE EXISTIR!
IMPEDISTE-ME DE SER
A MENINA E A MULHER
AI TANTO ME REPRIMISTE!
PARA QUÊ? O QUE LUCRASTE?
SOMENTE A CICATRIZ VIVA
QUE PULSA EM MINHA AGONIA
QUISESTE MEU FIM, NÃO VENCESTE!
(IN MEMORIAM)
AI, ESMAGASTE A ROSA QUE EU FUI
COM A TUA PATA IMUNDA!
AI, SUFOCASTE-ME UM DIA
QUANDO INDA MAL DESCOBRIA
COMO HAVIA DE EXISTIR!
IMPEDISTE-ME DE SER
A MENINA E A MULHER
AI TANTO ME REPRIMISTE!
PARA QUÊ? O QUE LUCRASTE?
SOMENTE A CICATRIZ VIVA
QUE PULSA EM MINHA AGONIA
QUISESTE MEU FIM, NÃO VENCESTE!
MAS SÓ VOU
ARAME FARPADO
E DO OUTRO LADO,
O SOL
ENTREABRINDO UM SORRISO!
OLHO ALÉM
COM PREJUÍZO
PORQUANTO TEMO MAS QUERO!
MEDITO
E ESCREVO E LEIO
CALO O CHORO
SECO O PRANTO
SE SOFRO!
MAS NÃO DESISTO
BRILHA O SOL
DO OUTRO LADO!
MAS HÁ TANTO ACERADO
NO MURO DO MEU RECANTO!
FICO INQUIETA
PENSANDO
QUAL SERÁ O MEU DESTINO
ONDE SERÁ O CAMINHO
O MEU CAMINHO SECRETO
PORQUE SERÁ QUE ME ENLEIO
MAS NÃO VOU,
PORQUE NÃO QUERO!
SEREI TRINCHEIRA NO FOGO
VIVO COM MEU PENSAMENTO
SE CAIO, MAIS ME LEVANTO
MAS SÓ VOU POR ONDE EU QUERO!
ARAME FARPADO
E DO OUTRO LADO,
O SOL
ENTREABRINDO UM SORRISO!
OLHO ALÉM
COM PREJUÍZO
PORQUANTO TEMO MAS QUERO!
MEDITO
E ESCREVO E LEIO
CALO O CHORO
SECO O PRANTO
SE SOFRO!
MAS NÃO DESISTO
BRILHA O SOL
DO OUTRO LADO!
MAS HÁ TANTO ACERADO
NO MURO DO MEU RECANTO!
FICO INQUIETA
PENSANDO
QUAL SERÁ O MEU DESTINO
ONDE SERÁ O CAMINHO
O MEU CAMINHO SECRETO
PORQUE SERÁ QUE ME ENLEIO
MAS NÃO VOU,
PORQUE NÃO QUERO!
SEREI TRINCHEIRA NO FOGO
VIVO COM MEU PENSAMENTO
SE CAIO, MAIS ME LEVANTO
MAS SÓ VOU POR ONDE EU QUERO!
MAS EU SEMPRE DISSE: NÃO!
BATERAM-ME
QUANTO PUDERAM
C'O AS UNHAS ARRANQUEI
MEU PÃO
O SUOR LAMBEU-ME A TESTA,
MAS EU SEMPRE DISSE :NÃO!
DISSERAM-ME: TU NÃO ÉS
DESPREZARAM-ME E ENTÃO
CHOREI LÁGRIMAS DE SANGUE
MAS EU SEMPRE DISSE : NÃO!
CUSPIRAM-ME. RENEGARAM
O AMOR DO MEU CORAÇÃO
COM ÓDIO ME CONSOLARAM,
MAS EU DISSE SEMPRE: NÃO!
QUISERAM
CERCEAR MEU SONHO
BANIRAM-ME SEM PERDÃO
MAS QUEBRAR-ME, NÃO PUDERAM
PORQUE EU SEMPRE DISSE: NÃO!
BATERAM-ME
QUANTO PUDERAM
C'O AS UNHAS ARRANQUEI
MEU PÃO
O SUOR LAMBEU-ME A TESTA,
MAS EU SEMPRE DISSE :NÃO!
DISSERAM-ME: TU NÃO ÉS
DESPREZARAM-ME E ENTÃO
CHOREI LÁGRIMAS DE SANGUE
MAS EU SEMPRE DISSE : NÃO!
CUSPIRAM-ME. RENEGARAM
O AMOR DO MEU CORAÇÃO
COM ÓDIO ME CONSOLARAM,
MAS EU DISSE SEMPRE: NÃO!
QUISERAM
CERCEAR MEU SONHO
BANIRAM-ME SEM PERDÃO
MAS QUEBRAR-ME, NÃO PUDERAM
PORQUE EU SEMPRE DISSE: NÃO!
VIVER É AGORA
TENHO OLHOS
PARA VER
TENHO MENTE
P'RA PENSAR
TENHO PERNAS
PARA ANDAR
TENHO PÉS
PARA CORRER
TENHO BRAÇOS
P'RÁ ABRAÇAR
TENHO MÃOS
PARA PEGAR
TENHO BOCA
P'RA FALAR
TENHO BOCA
P'RA BEIJAR
NÃO T'A VOU DEIXAR
CALAR
NÃO TE VOU
OBEDECER
NÃO VOU
OS OLHOS FECHAR
NÃO VOU
MEUS SONHOS CORTAR
NÃO VOU
PARAR DE ANDAR
NÃO VOU
PARAR DE CORRER
TENHO OLHOS
PARA VER
TENHO BOCA
P'RA FALAR
NADA ME FARÁ PARAR
HÁ UM MUNDO
P'RA MUDAR
VOU
CORRER
QUERER
OLHAR
NÃO VOU
A BOCA CALAR
NÃO
T'A VOU DEIXAR MORDER
HÁ UMA SORTE
A MUDAR
HÁ UMA VIDA
A VIVER
HÁ UMA VIDA
A PASSAR
E A VIDA
PASSA A CORRER!
TENHO OLHOS
PARA VER
TENHO MENTE
P'RA PENSAR
TENHO PERNAS
PARA ANDAR
TENHO PÉS
PARA CORRER
TENHO BRAÇOS
P'RÁ ABRAÇAR
TENHO MÃOS
PARA PEGAR
TENHO BOCA
P'RA FALAR
TENHO BOCA
P'RA BEIJAR
NÃO T'A VOU DEIXAR
CALAR
NÃO TE VOU
OBEDECER
NÃO VOU
OS OLHOS FECHAR
NÃO VOU
MEUS SONHOS CORTAR
NÃO VOU
PARAR DE ANDAR
NÃO VOU
PARAR DE CORRER
TENHO OLHOS
PARA VER
TENHO BOCA
P'RA FALAR
NADA ME FARÁ PARAR
HÁ UM MUNDO
P'RA MUDAR
VOU
CORRER
QUERER
OLHAR
NÃO VOU
A BOCA CALAR
NÃO
T'A VOU DEIXAR MORDER
HÁ UMA SORTE
A MUDAR
HÁ UMA VIDA
A VIVER
HÁ UMA VIDA
A PASSAR
E A VIDA
PASSA A CORRER!
DO DAR, DO SER, DO AMOR
E AQUI ESTOU
A PENSAR
EM QUANTO CUSTOU
CHEGAR
AONDE ESTOU
E FICAR
E VENCER
A TEMPO
DE SABOREAR
EU ACABEI DE OLHAR
A VIDA
NO SEU LUGAR
EU VIVO
A VIDA
A SONHAR
AGORA
QUERO FICAR
.
VIVI A VIDA
A CORRER
AGORA
QUERO PARAR
EM CADA ESQUINA
ONDE HOUVER
ALGO NOVO
A APRENDER
ESTOU A AMADURAR
AMADURAR
É CRESCER
NÃO QUERO
AGORA MORRER
QUERO É
VIVER!
VIVER!
A TEMPO
DE VOS MOSTRAR
NALGUNS VERSOS
SE CALHAR
O BONITO
QUE É CHEGAR
E APRENDER
A SE GOSTAR
E A VIVER
OLHO EM FRENTE
DEVAGAR
VEJO O FUTURO
A CHEGAR
O AGORA
ACONTECER
QUIS IR
E NÃO FUI
AGORA
QUERO
FICAR
QUERO LÁ SABER
DE IDADE
OS ANOS
SÓ SÃO
ENGANOS
MERAS CONTAS
DE SOMAR
E O MEU DESTINO
É SONHAR!
A AMAR
NÃO SE ENVELHECE
QUANDO O SONHO
PERMANECE
EM NÓS
E EM FLOR!
E AQUI ESTOU
A PENSAR
EM QUANTO CUSTOU
CHEGAR
AONDE ESTOU
E FICAR
E VENCER
A TEMPO
DE SABOREAR
EU ACABEI DE OLHAR
A VIDA
NO SEU LUGAR
EU VIVO
A VIDA
A SONHAR
AGORA
QUERO FICAR
.
VIVI A VIDA
A CORRER
AGORA
QUERO PARAR
EM CADA ESQUINA
ONDE HOUVER
ALGO NOVO
A APRENDER
ESTOU A AMADURAR
AMADURAR
É CRESCER
NÃO QUERO
AGORA MORRER
QUERO É
VIVER!
VIVER!
A TEMPO
DE VOS MOSTRAR
NALGUNS VERSOS
SE CALHAR
O BONITO
QUE É CHEGAR
E APRENDER
A SE GOSTAR
E A VIVER
OLHO EM FRENTE
DEVAGAR
VEJO O FUTURO
A CHEGAR
O AGORA
ACONTECER
QUIS IR
E NÃO FUI
AGORA
QUERO
FICAR
QUERO LÁ SABER
DE IDADE
OS ANOS
SÓ SÃO
ENGANOS
MERAS CONTAS
DE SOMAR
E O MEU DESTINO
É SONHAR!
A AMAR
NÃO SE ENVELHECE
QUANDO O SONHO
PERMANECE
EM NÓS
E EM FLOR!
TINHA UNS VERSOS...
TINHA UNS VERSOS
AGUDOS
A BRILHAR
NOS OLHOS
A BRINCAR
NOS LÁBIOS
A DANÇAR
NOS DENTES
NÃO OS DISSE
PORÉM
QUEDEI-ME
FINGINDO A
INDIFERENÇA
DO QUE
OLHA
MAS NÃO VÊ
DO QUE
PÁRA
MAS NÃO PENSA
TINHA UNS VERSOS
EM PUNHO
NA MINHA
CABEÇA
CALEI-OS
CEIFEI-OS
COMO ÀS PAPOILAS
RUBRAS
A VOSSA
INDIFERENÇA
OLHAR POR OLHAR
QUE INTERESSA?!
USAIS UNS OLHOS
DE OPALA
E EU
SÓ SOU
TRANSPARÊNCIA!
TINHA UNS VERSOS
AGUDOS
A BRILHAR
NOS OLHOS
A BRINCAR
NOS LÁBIOS
A DANÇAR
NOS DENTES
NÃO OS DISSE
PORÉM
QUEDEI-ME
FINGINDO A
INDIFERENÇA
DO QUE
OLHA
MAS NÃO VÊ
DO QUE
PÁRA
MAS NÃO PENSA
TINHA UNS VERSOS
EM PUNHO
NA MINHA
CABEÇA
CALEI-OS
CEIFEI-OS
COMO ÀS PAPOILAS
RUBRAS
A VOSSA
INDIFERENÇA
OLHAR POR OLHAR
QUE INTERESSA?!
USAIS UNS OLHOS
DE OPALA
E EU
SÓ SOU
TRANSPARÊNCIA!
firme sentir
ESTOU
NO MEIO
DAS ONDAS
CHEIRA
A MORANGO
VERMELHO
SÓ VEJO
AR
AZUL E ROSA
TUDO GIRA
À MINHA
VOLTA
ERGO-ME
FIRMO
OS JOELHOS
FECHO
COM FORÇA
OS OLHOS
LEVANTO-ME
ESTENDO
OS
BRAÇOS
PARA CIMA
PARA O AR
PARA O CÉU
FIRMO-ME
ENTERRO OS PÉS
NO SOLO
E SOLTO
A ALMA
NO VENTO
TRANSFORMA-SE
EM RISO
O CHORO
MINHAS
AS CORES
DO MUNDO
E
QUEM MANDA EM MIM
SOU EU!
ESTOU
NO MEIO
DAS ONDAS
CHEIRA
A MORANGO
VERMELHO
SÓ VEJO
AR
AZUL E ROSA
TUDO GIRA
À MINHA
VOLTA
ERGO-ME
FIRMO
OS JOELHOS
FECHO
COM FORÇA
OS OLHOS
LEVANTO-ME
ESTENDO
OS
BRAÇOS
PARA CIMA
PARA O AR
PARA O CÉU
FIRMO-ME
ENTERRO OS PÉS
NO SOLO
E SOLTO
A ALMA
NO VENTO
TRANSFORMA-SE
EM RISO
O CHORO
MINHAS
AS CORES
DO MUNDO
E
QUEM MANDA EM MIM
SOU EU!
PELOS MARES DE GALIZA, PELOS MARES DE TODOS NÓS!
... SOA NO AR O MEU CHORO
PELOS IRMÃOS DE GALIZA
QUE NÃO PODEM IR AO MAR!
POR ESSA MÃO CRIMINOSA
QUE INSISTE EM AFOGAR
NOSSOS MARES SAL E PRANTO
NA INFAME E VÃ COBIÇA
DE GANHAR
GANHAR
GANHAR!
...PARA A TODOS NOS PERDER
PARA NOS CRUCIFICAR
COMO A JESUS NAZARENO
QUE NOS OLHA A CHORAR!
QUEM ME EMPRESTA NOVA VOZ
PARA OS CRAVOS RENOVAR?!
30/11/2002
Naufrágio do Petroleiro Prestige e consequente castástrofe ecológica.
... SOA NO AR O MEU CHORO
PELOS IRMÃOS DE GALIZA
QUE NÃO PODEM IR AO MAR!
POR ESSA MÃO CRIMINOSA
QUE INSISTE EM AFOGAR
NOSSOS MARES SAL E PRANTO
NA INFAME E VÃ COBIÇA
DE GANHAR
GANHAR
GANHAR!
...PARA A TODOS NOS PERDER
PARA NOS CRUCIFICAR
COMO A JESUS NAZARENO
QUE NOS OLHA A CHORAR!
QUEM ME EMPRESTA NOVA VOZ
PARA OS CRAVOS RENOVAR?!
30/11/2002
Naufrágio do Petroleiro Prestige e consequente castástrofe ecológica.
AMIZADE * AMISTAD
María Del Mar,
No canto e no pranto
my hermana,
O meu sentimento
em tua voz ecoa!
Deixa que lance no vento
e ao mundo
minha voz com a tua,
essa voz que soa
além da ventania
que nos arrasta
No
surdo olvido
dolorido
da terra!
vá longe o teu canto
de sereia verdadeira
no mar alto
da vida
vibrante onda
de
verde-esperança
maré viva
em chama
e alto cante a alma
Desta'outra
Maria
de Portugal, trovadora.
com a poeta María
Estrella
voz
da
Argentina!
María Del Mar,
No canto e no pranto
my hermana,
O meu sentimento
em tua voz ecoa!
Deixa que lance no vento
e ao mundo
minha voz com a tua,
essa voz que soa
além da ventania
que nos arrasta
No
surdo olvido
dolorido
da terra!
vá longe o teu canto
de sereia verdadeira
no mar alto
da vida
vibrante onda
de
verde-esperança
maré viva
em chama
e alto cante a alma
Desta'outra
Maria
de Portugal, trovadora.
com a poeta María
Estrella
voz
da
Argentina!
Direito e avesso
Quem é esta sereia
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua?
Quem é esta sereia
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua?
NA ALMA QUE CANTA
A voz do poeta é um rio
que brota fino
e cristalino
Os olhos do poeta
trazem
outras águas
colorindo as margens,
sem nome. Adorno.
Só se veêm se se encontram
os rios que correm
pelas praias reviradas
das ideias
cantando como
onda que rola e se transporta
se transforma
cai limpa e clara
na alma que canta.
A voz do poeta é um rio
que brota fino
e cristalino
Os olhos do poeta
trazem
outras águas
colorindo as margens,
sem nome. Adorno.
Só se veêm se se encontram
os rios que correm
pelas praias reviradas
das ideias
cantando como
onda que rola e se transporta
se transforma
cai limpa e clara
na alma que canta.
AS PALAVRAS DOS POETAS
como nascem
já rimadas,
ritmadas,
alinhadas,
as palavras dos poetas?
Com olhos de deuses veêm?
Como nascem já contadas,
encantadas,
embaladas,
as palavras dos poetas?
Com alma de humanos sentem?
Como olham pra tão longe
olhar doce tão doído
tão atento
tão sofrido
As palavras dos poetas!
como nascem
já rimadas,
ritmadas,
alinhadas,
as palavras dos poetas?
Com olhos de deuses veêm?
Como nascem já contadas,
encantadas,
embaladas,
as palavras dos poetas?
Com alma de humanos sentem?
Como olham pra tão longe
olhar doce tão doído
tão atento
tão sofrido
As palavras dos poetas!
SÓLO en SUEÑOS
PÉTALO A PÉTALO
LA REDONDA ROSA
DURANTE EL DÍA SE CIERRA
ENTRE EL SUEÑO Y LAS ANSIAS
EL QUERER Y LAS DUDAS
PRIMAVERA INSANA
QUE EN LAS ONDAS ME ELEVA
DESMAINADA DORMÍA
Y ACORDE AL COLORIDO
POR LA VOZ DEL POETA
MÁS ,NO SOY QUIEN ERA!
DESPIERTO ANSIOSA
EL VIENTO ALETEA LA LLAMA
SUSURRA
SUSPIRA
INQUIETA
LA POESÍA
PÉTALO A PÉTALO
LA REDONDA ROSA
DURANTE EL DÍA SE CIERRA
ENTRE EL SUEÑO Y LAS ANSIAS
EL QUERER Y LAS DUDAS
PRIMAVERA INSANA
QUE EN LAS ONDAS ME ELEVA
DESMAINADA DORMÍA
Y ACORDE AL COLORIDO
POR LA VOZ DEL POETA
MÁS ,NO SOY QUIEN ERA!
DESPIERTO ANSIOSA
EL VIENTO ALETEA LA LLAMA
SUSURRA
SUSPIRA
INQUIETA
LA POESÍA
CANTAR CHORANDO
POR MAIS QUE O SOL ME AMARGURE
JAMAIS SEREI ESPADA.
POR MAIS QUE A NUVEM ME MOLHE
SEREI PARA SEMPRE POMBA.
POR MAIS ESCURO QUE O MAR ESTEJA
SEREI SEMPRE UMA ASA BRANCA
UMA CONCHINHA NA AREIA.
AINDA QUE MORRA A LUA
EU TEIMAREI EM SONHAR
QUE BRILHA NO CÉU LUA CHEIA
NA AUSÊNCIA DO LUAR
PODE A CIDADE SUBIR
PODE CADA UM QUERER
POR CIMA DO IRMÃO PASSAR!
CONTINUAREI MINHA SAGA
DE CRESCER JUNTINHO À ERVA.
TEIMANDO CUMPRIR
AI, QUANTAS VEZES EM DOR,
A OBRIGAÇÃO DE VIVER!
MAS VIVO SORRINDO SE APRENDO
MAS VIVO CANTANDO SE POSSO
DEGUSTAR O SAL E O MEL
E OLHAR...
OLHAR LONGE...
DO CANTINHO DONDE OBSERVO
UMA JANELINHA SEM NOME
DONDE VEJO COM ENCANTO
A BELEZA AO CÉU ERGUIDA
E AQUELA QUE VAI ESCONDIDA
COM VERGONHA DE APARECER.
VIVO CANTANDO SE ESCUTO
VIVO CANTANDO SE LEIO
SEM NUNCA DEIXAR DE SER
MEU CORAÇÃO O PULSAR
MEU CORAÇÃO O OLHAR
MEU CORAÇÃO O QUERER
DE MEU AMOR
VIVO E CANTO
ESTE CHORAR CONVULSIVO
EM QUE DOLORIDA CREIO
E SIGO
... MESMO SE CANTO NO PRANTO
DE TANTO MAL SE FAZER
E SEM LHE PODER VALER!
TANTA FOME E DESAMOR
AO INVERSO DE LAMENTO
REVERTO EM CANTO O MEU CHORO
INSISTO EM SEGUIR CANTANDO.
POR MAIS QUE O SOL ME AMARGURE
JAMAIS SEREI ESPADA.
POR MAIS QUE A NUVEM ME MOLHE
SEREI PARA SEMPRE POMBA.
POR MAIS ESCURO QUE O MAR ESTEJA
SEREI SEMPRE UMA ASA BRANCA
UMA CONCHINHA NA AREIA.
AINDA QUE MORRA A LUA
EU TEIMAREI EM SONHAR
QUE BRILHA NO CÉU LUA CHEIA
NA AUSÊNCIA DO LUAR
PODE A CIDADE SUBIR
PODE CADA UM QUERER
POR CIMA DO IRMÃO PASSAR!
CONTINUAREI MINHA SAGA
DE CRESCER JUNTINHO À ERVA.
TEIMANDO CUMPRIR
AI, QUANTAS VEZES EM DOR,
A OBRIGAÇÃO DE VIVER!
MAS VIVO SORRINDO SE APRENDO
MAS VIVO CANTANDO SE POSSO
DEGUSTAR O SAL E O MEL
E OLHAR...
OLHAR LONGE...
DO CANTINHO DONDE OBSERVO
UMA JANELINHA SEM NOME
DONDE VEJO COM ENCANTO
A BELEZA AO CÉU ERGUIDA
E AQUELA QUE VAI ESCONDIDA
COM VERGONHA DE APARECER.
VIVO CANTANDO SE ESCUTO
VIVO CANTANDO SE LEIO
SEM NUNCA DEIXAR DE SER
MEU CORAÇÃO O PULSAR
MEU CORAÇÃO O OLHAR
MEU CORAÇÃO O QUERER
DE MEU AMOR
VIVO E CANTO
ESTE CHORAR CONVULSIVO
EM QUE DOLORIDA CREIO
E SIGO
... MESMO SE CANTO NO PRANTO
DE TANTO MAL SE FAZER
E SEM LHE PODER VALER!
TANTA FOME E DESAMOR
AO INVERSO DE LAMENTO
REVERTO EM CANTO O MEU CHORO
INSISTO EM SEGUIR CANTANDO.
jardim de mim
há um jardim, de grades entreabertas
que espera do jardineiro, seu cultor
que em serenas e mansas descobertas
vá descobrindo uma a uma todas
as pétalas e verdes ausencias
de brilho em cada flor
que o mel do amor lhes dê e vá bebendo
levando sua força em as tragando
juntando delas em si o vigor ao vigor
e todas as gotas e essências
para bem do sorriso, terno amor
jardineiro que chegue de mansinho,
acariciando uma a uma todas as pétalas
e fazendo-as vibrar em ondas,
de um céu feliz , etéreo ardor
nsses vívidos momentos sonhados
deixe seus canteiros cuidados
a vicejar alegria e paz e cor!
polém seu semeie nesses rios
reentrâncias tão só suas e sedentas
fertilize com ternura todas as carências
e vendo sua obra tranquila sinta amor
se o jardineiro tocar de mansinho
os caules tenros e fechadas folhas
que se mantêm tão quietas umas e outras intocadas
esperando seus carinhos
com ansiada dor,
nada viola do jardim que se oferece
em retribuída troca busca em procura
por frescura e sombra, o sol...
folhinhas ressecando abindo-se à chuva
buscando a vida que enquanto salva
alento novo dão a esse cultor!
há um jardim, de grades entreabertas
que espera do jardineiro, seu cultor
que em serenas e mansas descobertas
vá descobrindo uma a uma todas
as pétalas e verdes ausencias
de brilho em cada flor
que o mel do amor lhes dê e vá bebendo
levando sua força em as tragando
juntando delas em si o vigor ao vigor
e todas as gotas e essências
para bem do sorriso, terno amor
jardineiro que chegue de mansinho,
acariciando uma a uma todas as pétalas
e fazendo-as vibrar em ondas,
de um céu feliz , etéreo ardor
nsses vívidos momentos sonhados
deixe seus canteiros cuidados
a vicejar alegria e paz e cor!
polém seu semeie nesses rios
reentrâncias tão só suas e sedentas
fertilize com ternura todas as carências
e vendo sua obra tranquila sinta amor
se o jardineiro tocar de mansinho
os caules tenros e fechadas folhas
que se mantêm tão quietas umas e outras intocadas
esperando seus carinhos
com ansiada dor,
nada viola do jardim que se oferece
em retribuída troca busca em procura
por frescura e sombra, o sol...
folhinhas ressecando abindo-se à chuva
buscando a vida que enquanto salva
alento novo dão a esse cultor!
O pássaro em meu peito
Quem terá soltado
o pásaro de meu peito
que canta
que canta por estar alegre
que canta
quando está triste
abre as asas e insiste
em ir no sonho
sorrindo?
e se eleva
cantando
Se exalta
e abala
Faz de seu nada
floresta
da solidão
primavera
e comunica
e
canta!
Tanto canta
que já não tem canto
onde guarde a partitura
que se partiu
por encanto!
pássaro vadio
que se evadiu
de meu peito!
e se cala diligente
se o notam
diferente!
Quem terá soltado
o pásaro de meu peito
que canta
que canta por estar alegre
que canta
quando está triste
abre as asas e insiste
em ir no sonho
sorrindo?
e se eleva
cantando
Se exalta
e abala
Faz de seu nada
floresta
da solidão
primavera
e comunica
e
canta!
Tanto canta
que já não tem canto
onde guarde a partitura
que se partiu
por encanto!
pássaro vadio
que se evadiu
de meu peito!
e se cala diligente
se o notam
diferente!
Breve
Invejo
aquele que morre
de um só tiro
no peito.
caiu,
qual sonho
desfeito
era
e mais não é
teve sorte!
seja breve
o sofrimento,
quem dera
morrer assim,
quem me ajudaria
a mim
sendo chegado
o momento?!
Não tenho medo
da morte
não tenho nada
a perder
parar de tanto
sofrer
breve fim
de
meu tormento.
Invejo
aquele que morre
de um só tiro
no peito.
caiu,
qual sonho
desfeito
era
e mais não é
teve sorte!
seja breve
o sofrimento,
quem dera
morrer assim,
quem me ajudaria
a mim
sendo chegado
o momento?!
Não tenho medo
da morte
não tenho nada
a perder
parar de tanto
sofrer
breve fim
de
meu tormento.
Pena de Asa
Não há rumo
para o vento
horizonte
para o sol
sorriso
que me sorria
que apague a
dor daninha
clara chama
minha vida
Nem há chuva
que a lave
Nem lava
que a devore
Carrego-a
qual formiga
mas canto
sendo cigarra
que se perde
que vagueia
no deserto
na esperança
de que se mova
a areia
Ah, a dor
funda
que se não cala
triste fado
dura sina
minha vida
pena de asa
caída
de mansa pomba!
Não há rumo
para o vento
horizonte
para o sol
sorriso
que me sorria
que apague a
dor daninha
clara chama
minha vida
Nem há chuva
que a lave
Nem lava
que a devore
Carrego-a
qual formiga
mas canto
sendo cigarra
que se perde
que vagueia
no deserto
na esperança
de que se mova
a areia
Ah, a dor
funda
que se não cala
triste fado
dura sina
minha vida
pena de asa
caída
de mansa pomba!
Horas Amargas
na hora
em que
te abates
sobre o teu próprio
silêncio
em que
te sobra tanto
tempo
e espaço
em que
te sobra
tanto quanto
precisas
entendimento
na hora
em que
contas
pela ausência
de uma mão
sobre a tua
quantos
amigos te restam
de quantos
te prometiam
consolo
no tempo do sorriso
na hora
em que
te debruças
sobre o teu próprio
abismo
de amargura
nessa hora
saberás
a fundura
da tua
pequena grandeza!
na hora
em que
te abates
sobre o teu próprio
silêncio
em que
te sobra tanto
tempo
e espaço
em que
te sobra
tanto quanto
precisas
entendimento
na hora
em que
contas
pela ausência
de uma mão
sobre a tua
quantos
amigos te restam
de quantos
te prometiam
consolo
no tempo do sorriso
na hora
em que
te debruças
sobre o teu próprio
abismo
de amargura
nessa hora
saberás
a fundura
da tua
pequena grandeza!
Goa
O
sonho
distante
levou
Gama
do
Infante
a
ambição
e
o
desejo
Bojador
enfim
dobrado,
realizada
a
quimera,
ficou-nos
daquela
terra
o
tempero
como
um
beijo
que
muito
apetecera.
Nosso
povo
a
amou
selo
Luso
lá
deixou
conquistando-a
sem
guerra.
Na
hora
da
separação
o
Ditador
disse
não.
Mas
Goa,
jóia
indiana,
não
pertence
à
Lusitânia!
Só
o
sonho
de
ir
à
India!
O
sonho
distante
levou
Gama
do
Infante
a
ambição
e
o
desejo
Bojador
enfim
dobrado,
realizada
a
quimera,
ficou-nos
daquela
terra
o
tempero
como
um
beijo
que
muito
apetecera.
Nosso
povo
a
amou
selo
Luso
lá
deixou
conquistando-a
sem
guerra.
Na
hora
da
separação
o
Ditador
disse
não.
Mas
Goa,
jóia
indiana,
não
pertence
à
Lusitânia!
Só
o
sonho
de
ir
à
India!
Poesia Viva
A Poesia é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo
mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto
mesmo quando
eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato
cerrado à volta
mesmo quando
eu era o eco
dos encerrados
mortos vivos
nas prisões das borboletas
mesmo quando
foi abril
e eu desabrochei
com os cravos
mesmo no tempo
dos lírios nos meus olhos
soa dentro de mim a balada
soa dentro de mim búzio
esse som de mistério
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
que compulsivamente
escrevo.
A Poesia é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo
mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto
mesmo quando
eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato
cerrado à volta
mesmo quando
eu era o eco
dos encerrados
mortos vivos
nas prisões das borboletas
mesmo quando
foi abril
e eu desabrochei
com os cravos
mesmo no tempo
dos lírios nos meus olhos
soa dentro de mim a balada
soa dentro de mim búzio
esse som de mistério
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
que compulsivamente
escrevo.
Onde acaba o horizonte?
Acredita que podes voar!
Pega na asa dos teus sonhos
e segue a luz dos teus olhos
quando os perdes no mar.
Acredita que podes voar!
És pássaro vadio, borboleta, abelha, bruxa...
Lança-te no vazio
e faz da imensidão tua estrada.
Acredita que podes voar!
Como as pétalas da flor
que seguem leves no vento,
amor, perdição, pensamento....
longe, longe, longe, longe...
Onde acaba o horizonte?
Acredita que podes voar!
Pega na asa dos teus sonhos
e segue a luz dos teus olhos
quando os perdes no mar.
Acredita que podes voar!
És pássaro vadio, borboleta, abelha, bruxa...
Lança-te no vazio
e faz da imensidão tua estrada.
Acredita que podes voar!
Como as pétalas da flor
que seguem leves no vento,
amor, perdição, pensamento....
longe, longe, longe, longe...
Onde acaba o horizonte?
CINCO CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DO MEU PAÍS
Além-Mar
I
Vi um jovem
de olhos tristes
partir de espingarda ao ombro
a bordo
de um grande navio
para as terras de além mar
vi um vulto rastejando
nos arredores da senzala
e ouvi estouros
e ouvi gritos
e ouvi tiros
vi um caixão regressar
a bordo
de um grande navio
vi uma mãe a chorar
uma noiva a soluçar
e ouvi um sino a dobrar!
LUTO
II
As armas ferem e matam
Da ferida o sangue escorre e pinga
e afoga as pombas brancas
que eram o escudo da gente
contra as lanças e os fuzis
E o sangue
que era da cor do amor
fica negra
crosta
de luto
ROSA NEGRA
III
A gente tropeça nas pedras
que nos mancham o caminho
Nossos olhos brilham febres
nossos joelhos rasgados
estão a narrar nossas quedas
nossos lábios secos pedem
nossas mãos gretadas doem
nossos corpos alquebrados
cantam nosso desespero
mas os nossos olhos brilham
a febre doida da esperança
No escuro erguemos a fronte
porque cremos que lá longe
brilha uma estrela nossa!
CAPA NEGRA
IV
No silêncio negro da noite
eles lutam
Passam calados, em fila, sofrendo
No silêncio negro da noite
eles escrevem
e as paredes brancas
ficam reflectindo as ânsias
dos corações subjugados
No silêncio negro da noite
marchamos
a caminho do degredo
Passamos calados
lutando na noite!
25 DE ABRIL DE 1974
V
Hoje o dia de todas as venturas
das nossas esperanças
desabrochadas
saímos de nossas casas
tão carregados de ânsias!
E percorremos as ruas
sorrindo aos soldados nas esquinas
Nos corações vivas chamas!
juntou-se o povo nas ruas!
De Portugal as bandeiras
verdes rubras ah, tão altas
de rubros cravos armados
calámos a voz das armas!
Além-Mar
I
Vi um jovem
de olhos tristes
partir de espingarda ao ombro
a bordo
de um grande navio
para as terras de além mar
vi um vulto rastejando
nos arredores da senzala
e ouvi estouros
e ouvi gritos
e ouvi tiros
vi um caixão regressar
a bordo
de um grande navio
vi uma mãe a chorar
uma noiva a soluçar
e ouvi um sino a dobrar!
LUTO
II
As armas ferem e matam
Da ferida o sangue escorre e pinga
e afoga as pombas brancas
que eram o escudo da gente
contra as lanças e os fuzis
E o sangue
que era da cor do amor
fica negra
crosta
de luto
ROSA NEGRA
III
A gente tropeça nas pedras
que nos mancham o caminho
Nossos olhos brilham febres
nossos joelhos rasgados
estão a narrar nossas quedas
nossos lábios secos pedem
nossas mãos gretadas doem
nossos corpos alquebrados
cantam nosso desespero
mas os nossos olhos brilham
a febre doida da esperança
No escuro erguemos a fronte
porque cremos que lá longe
brilha uma estrela nossa!
CAPA NEGRA
IV
No silêncio negro da noite
eles lutam
Passam calados, em fila, sofrendo
No silêncio negro da noite
eles escrevem
e as paredes brancas
ficam reflectindo as ânsias
dos corações subjugados
No silêncio negro da noite
marchamos
a caminho do degredo
Passamos calados
lutando na noite!
25 DE ABRIL DE 1974
V
Hoje o dia de todas as venturas
das nossas esperanças
desabrochadas
saímos de nossas casas
tão carregados de ânsias!
E percorremos as ruas
sorrindo aos soldados nas esquinas
Nos corações vivas chamas!
juntou-se o povo nas ruas!
De Portugal as bandeiras
verdes rubras ah, tão altas
de rubros cravos armados
calámos a voz das armas!
A Amália Rodrigues (aquando da sua morte)
Esta noite,
enquanto a noite dormia,
Amália deixou a vida.
Fechou pela última vez
aqueles olhos tão seus,
tão meus,
tão nossos, tão negros!
Na sua garganta
Calou-se a voz imensa,
mas não se calou Amália!
Mulher de vida sofrida
chorava quanto cantava!
Mulher de intensa vivia
e tanto amava a vida
Parou
Docemente, num instante
Deixou de ser
Cansada talvez de ser tanto
deixou-nos em denso pranto
correndo do peito aberto
sofro
não choro a morte de Amália
que Amália não morreu
amália sofreu a sina
seu fado no próprio nome
cantou
cantou
desde o nascimento à morte
Amália, do verbo Amar!
6/10/1999
"não sei que paixão, candente como um ferro sobre a birgorna ou que tristeza mansa como cândida onda que um menino colhesse entre as mãos, erguia o seu jorro naquela garganta"
Escrevi à margem, na hora da triste notícia, este trecho do poema Pranto da Filha de Jefté, de Pablo Garcia Baena
Esta noite,
enquanto a noite dormia,
Amália deixou a vida.
Fechou pela última vez
aqueles olhos tão seus,
tão meus,
tão nossos, tão negros!
Na sua garganta
Calou-se a voz imensa,
mas não se calou Amália!
Mulher de vida sofrida
chorava quanto cantava!
Mulher de intensa vivia
e tanto amava a vida
Parou
Docemente, num instante
Deixou de ser
Cansada talvez de ser tanto
deixou-nos em denso pranto
correndo do peito aberto
sofro
não choro a morte de Amália
que Amália não morreu
amália sofreu a sina
seu fado no próprio nome
cantou
cantou
desde o nascimento à morte
Amália, do verbo Amar!
6/10/1999
"não sei que paixão, candente como um ferro sobre a birgorna ou que tristeza mansa como cândida onda que um menino colhesse entre as mãos, erguia o seu jorro naquela garganta"
Escrevi à margem, na hora da triste notícia, este trecho do poema Pranto da Filha de Jefté, de Pablo Garcia Baena
BUSCA DE MIM
Como cadeia sem fim me conheço
Dentro de mim me interrogo
O escuro Eu de mim
Pergunta ao meu claro Eu
De onde vim e o que sou?
O que me fez e criou?
Aonde estou e que sou?
Só sou.
Os largos caminhos estreitos
Procuro de olhos acesos
Em busca de mim
Por amor de mim
Inquieta
Pela clara certeza
Como cadeia sem fim me conheço
Dentro de mim me interrogo
O escuro Eu de mim
Pergunta ao meu claro Eu
De onde vim e o que sou?
O que me fez e criou?
Aonde estou e que sou?
Só sou.
Os largos caminhos estreitos
Procuro de olhos acesos
Em busca de mim
Por amor de mim
Inquieta
Pela clara certeza
O meu país
O meu país é o mar
tão feito de lonjura
de sal, de águas, de ondas
saltando de além ternura
De aves brancas, brancas, brancas
de ouro polido a luzir
e risadas a explodir
na voz pura das crianças
Meu coração, ele o fez:
Fado, má sina talvez
Mas no olhar um riso de asa,
Ou não fora português!
O meu país é o mar
tão feito de lonjura
de sal, de águas, de ondas
saltando de além ternura
De aves brancas, brancas, brancas
de ouro polido a luzir
e risadas a explodir
na voz pura das crianças
Meu coração, ele o fez:
Fado, má sina talvez
Mas no olhar um riso de asa,
Ou não fora português!
Mais um ai
eu era vida
mais amor
eu era alguém
tanto sofro nestra trilha
sem destino que caminha
p'ró nada que eu vejo além
por fome na abundância
por sozinha entre a gente
por vulgar mas diferente
mais amor e eu era alguém
sou a poeta que morre
de saudades de viver
um breve olhar p'ra me ver
no caminho torto sigo
outra sou, una comigo
... mais olhar e eu era quem!
eu era vida
mais amor
eu era alguém
tanto sofro nestra trilha
sem destino que caminha
p'ró nada que eu vejo além
por fome na abundância
por sozinha entre a gente
por vulgar mas diferente
mais amor e eu era alguém
sou a poeta que morre
de saudades de viver
um breve olhar p'ra me ver
no caminho torto sigo
outra sou, una comigo
... mais olhar e eu era quem!
Sorriso
Aprender a sorrir
com o temor e a confiança
com que se dão
os primeiros passos
sorrisinho tremente, incipiente
como o de quem quer
mas receia
abrir os braços.
Sorriso.
Apenas sorriso,
confiança,
credo: Eu creio!
Sorriso aberto e lindo:
Como eu amo o mundo!
Caminho certo.
Borboleta revoando
até se tornar num ponto,
até ser do infinito!
... e o sorriso abre-se em riso,
salvação
saudação
abraço!
Aprender a sorrir
com o temor e a confiança
com que se dão
os primeiros passos
sorrisinho tremente, incipiente
como o de quem quer
mas receia
abrir os braços.
Sorriso.
Apenas sorriso,
confiança,
credo: Eu creio!
Sorriso aberto e lindo:
Como eu amo o mundo!
Caminho certo.
Borboleta revoando
até se tornar num ponto,
até ser do infinito!
... e o sorriso abre-se em riso,
salvação
saudação
abraço!
Mulher
Princípio.
Começo eu fui
Eu sei, eu sou!
Em mim se abre
O mistério.
A mim o rio,
E eu fonte me abro.
Eu sou nascente e foz
E me dou
Sendo.
De mim a vida flui.
De mim emana o ser
Que sou
E o que não sou.
Por minhas mãos se parte o pão.
E em silêncio me desdobro,
E em amor me consumo.
Em meu ser
A flor
O fruto
O ramo e raíz.
O céu.
O mundo.
Princípio.
Começo eu fui
Eu sei, eu sou!
Em mim se abre
O mistério.
A mim o rio,
E eu fonte me abro.
Eu sou nascente e foz
E me dou
Sendo.
De mim a vida flui.
De mim emana o ser
Que sou
E o que não sou.
Por minhas mãos se parte o pão.
E em silêncio me desdobro,
E em amor me consumo.
Em meu ser
A flor
O fruto
O ramo e raíz.
O céu.
O mundo.
Uma tarde de sol
uma tarde
de sol
de doce sol de inverno
tão boa para passear
para namorar
divagar
à beira
na branca areia
deste mar
onde sou sua sereia
que se perdeu por amor
ai tirem-me o sol
que já me queimei naquele
doce fogo
que arde sem se ver!
que bom seria se a chuva viesse
refrescar a face
deste meu amor!
uma tarde
de sol
de doce sol de inverno
tão boa para passear
para namorar
divagar
à beira
na branca areia
deste mar
onde sou sua sereia
que se perdeu por amor
ai tirem-me o sol
que já me queimei naquele
doce fogo
que arde sem se ver!
que bom seria se a chuva viesse
refrescar a face
deste meu amor!
QUE O AMOR SEJA
Que o amor
seja
centelha viva
presença
tua
ainda
que
na ausência
recolher
o teu olhar
o teu saber
o teu sabor
dentro de todas as coisas
reflexo de ti ser
iluminando
o teu sorriso
o teu caminho
oásis
meu corpo
por ti regado
com tua viva essência
viva
ansia
total querer
meu ser
por ti
existir
feliz
se se
dar
Que o amor
seja
centelha viva
presença
tua
ainda
que
na ausência
recolher
o teu olhar
o teu saber
o teu sabor
dentro de todas as coisas
reflexo de ti ser
iluminando
o teu sorriso
o teu caminho
oásis
meu corpo
por ti regado
com tua viva essência
viva
ansia
total querer
meu ser
por ti
existir
feliz
se se
dar
O oito
o oito é um número
mistério
número gémeo
dois circulos
unidos
ao
centro
Deitado, é o infinito
No meio dos outros
tem um desenho
perfeito
regular
simétrico
Figuração de mulher.
Apresenta-se de pé
altivo
maiúsculo
O que tem o oito?
quatro pares de dois,
é mágico
Vê-se logo,
basta olhá-lo
Redondo sobre redondo
olhando do alto,
é um oito
aberto,
a barra do Tejo!
o oito é um número
mistério
número gémeo
dois circulos
unidos
ao
centro
Deitado, é o infinito
No meio dos outros
tem um desenho
perfeito
regular
simétrico
Figuração de mulher.
Apresenta-se de pé
altivo
maiúsculo
O que tem o oito?
quatro pares de dois,
é mágico
Vê-se logo,
basta olhá-lo
Redondo sobre redondo
olhando do alto,
é um oito
aberto,
a barra do Tejo!
A Lira e o Cravo
A Lira e Cravo
Se deram as mãos
Fico nas nuvens
A vê-los passar
Vão a sorrir
Passeando na tarde
E eu tão sozinha
A olhar
De longe vejo
Um beijo escondido
De flor musical.
Tilinta
O riso
De felicidade
Que é verde o riso
De todo o que ama
Vermelho o sol
E as estrelas brincam
Vogando no azul
A Lira e Cravo
Se deram as mãos
Fico nas nuvens
A vê-los passar
Vão a sorrir
Passeando na tarde
E eu tão sozinha
A olhar
De longe vejo
Um beijo escondido
De flor musical.
Tilinta
O riso
De felicidade
Que é verde o riso
De todo o que ama
Vermelho o sol
E as estrelas brincam
Vogando no azul
Muda as Lâmpadas ás Ideias
Todo o que vive de enganos
Acaba na desilusão
Dizem ser real o mundo
Porém eu acho que não
De que serve a gente ir
No que já foi
Vendo quanto
passou
sendo
velho
e
vão
porque não inventar
nova música
novos passos
nova luz
e
novos ângulos
imaginar
novos quadros
traçar nossas próprias estradas
seguir as nossas ideias
lutar por nossas quimeras
e viver por essas lutas
estender as mãos abertas
às mãos que
de tão cerradas
seguem aos outros alheias
Todo o que vive de enganos
Acaba na desilusão
Dizem ser real o mundo
Porém eu acho que não
De que serve a gente ir
No que já foi
Vendo quanto
passou
sendo
velho
e
vão
porque não inventar
nova música
novos passos
nova luz
e
novos ângulos
imaginar
novos quadros
traçar nossas próprias estradas
seguir as nossas ideias
lutar por nossas quimeras
e viver por essas lutas
estender as mãos abertas
às mãos que
de tão cerradas
seguem aos outros alheias
O Momento da Espera
O momento da espera
É aquele em bordo
No meu crivo
Quantos pontos de amor
Espero tecer
Contigo
É o momento em que te tenho
Ainda mais perto
Porque nem tu sabes quanto
De ti está em mim
É o momento em que ensaio
O sorriso com que te acolho
Antes que a lágrima
Comovida
Desça dos olhos e morra
Na comissura de nossos lábios
enfim unidos
É o momento ...
Concha de mistério em mim fehada
Esperando a tua vinda libertadora
O momento da espera
É aquele em bordo
No meu crivo
Quantos pontos de amor
Espero tecer
Contigo
É o momento em que te tenho
Ainda mais perto
Porque nem tu sabes quanto
De ti está em mim
É o momento em que ensaio
O sorriso com que te acolho
Antes que a lágrima
Comovida
Desça dos olhos e morra
Na comissura de nossos lábios
enfim unidos
É o momento ...
Concha de mistério em mim fehada
Esperando a tua vinda libertadora
SOBRE VIVER
sobrevivi vendo
resistindo com mansidão
a questão não está na violência
mas na permanente
observação
e na sutileza
costumo imaginar-me
como uma gazela na savana
espertas orelhas alertas
faro e olhos despertos
se a perseguem
da meia dúzia
de valentes saltos
para que o perseguidor
desista
a seguir deita-se
na grama
camuflada
sem folego nem,
para mais um salto...
sobrevivi vendo
resistindo com mansidão
a questão não está na violência
mas na permanente
observação
e na sutileza
costumo imaginar-me
como uma gazela na savana
espertas orelhas alertas
faro e olhos despertos
se a perseguem
da meia dúzia
de valentes saltos
para que o perseguidor
desista
a seguir deita-se
na grama
camuflada
sem folego nem,
para mais um salto...
REPENTE
AI
DIZ-ME SE AÍ ESTÁS
DIZ-ME QUE AÍ ESTÁS
DIZ-ME QUE ME TENS!
QUE IMPORTA
QUEM ESTEJA
QUEM VEJA
QUEM VENHA
QUE ROLE
O MUNDO
DIZ-ME QUE SOU TUA
SÓ TUA E TU MEU
AMOR
URGÊNCIA
TANG~ENCIA
MAR
SER
LUZ
BRILHANTE
MEU
A´GUA DA MINHA SEDE
FRUTO MEU DE MORDER
DE ENGOLIR
DE-TER
DE-TER
DE-MO-RA-DA-MEN-TE
NAMORANDO
AI DIZ-ME
SOLTO SOLTA-ME
VOA COMIGO
NAUFRAGUEMOS
AMBOS IMERSOS
NESTE MAR DE AMOR!
AI
DIZ-ME SE AÍ ESTÁS
DIZ-ME QUE AÍ ESTÁS
DIZ-ME QUE ME TENS!
QUE IMPORTA
QUEM ESTEJA
QUEM VEJA
QUEM VENHA
QUE ROLE
O MUNDO
DIZ-ME QUE SOU TUA
SÓ TUA E TU MEU
AMOR
URGÊNCIA
TANG~ENCIA
MAR
SER
LUZ
BRILHANTE
MEU
A´GUA DA MINHA SEDE
FRUTO MEU DE MORDER
DE ENGOLIR
DE-TER
DE-TER
DE-MO-RA-DA-MEN-TE
NAMORANDO
AI DIZ-ME
SOLTO SOLTA-ME
VOA COMIGO
NAUFRAGUEMOS
AMBOS IMERSOS
NESTE MAR DE AMOR!
DIZ-ME, ALADO EMBAIXADOR!
DE PLENAS ASAS ABERTAS,
TENTO DESVENDAR O FIO
DO LABIRINTO DA VIDA
QUE CORRO E PROCURO AINDA
LABIRINTO TORTUOSO,
DE VOLUTAS DE BÚZIO
ONDE NÃO SOA O MAR,
MAS O CHORO E O RISO.
O GRITO DE ANGÚSTIA NO PEITO.
A ESPERANÇA DESESPERADA
DE VER E DE IR MAIS ALÉM...
PORQUÊ? PARA QUÊ?
- NÃO SEI!
É UMA ÂNSIA QUE TRANBORDA
DE MIM, ULTRA CONSCIÊNCIA.
ETERNA VONTADE DE SABER.
ETERNO PERGUNTAR-ME.
QUERER DESCOBRIR.
SEDE IMENSA.
ONDE ACABARÁ A ESPIRAL
DO MEU PENAR, CONSTANTE DOR
QUE SORRI NOS MEUS LÁBIOS
E CHORA NOS MEUS OLHOS?
- DIZ-ME, ALADO EMBAIXADOR,
QUE SOBRE O LABIRINTO
DA MINHA VIDA
PLANAS?
DE PLENAS ASAS ABERTAS,
TENTO DESVENDAR O FIO
DO LABIRINTO DA VIDA
QUE CORRO E PROCURO AINDA
LABIRINTO TORTUOSO,
DE VOLUTAS DE BÚZIO
ONDE NÃO SOA O MAR,
MAS O CHORO E O RISO.
O GRITO DE ANGÚSTIA NO PEITO.
A ESPERANÇA DESESPERADA
DE VER E DE IR MAIS ALÉM...
PORQUÊ? PARA QUÊ?
- NÃO SEI!
É UMA ÂNSIA QUE TRANBORDA
DE MIM, ULTRA CONSCIÊNCIA.
ETERNA VONTADE DE SABER.
ETERNO PERGUNTAR-ME.
QUERER DESCOBRIR.
SEDE IMENSA.
ONDE ACABARÁ A ESPIRAL
DO MEU PENAR, CONSTANTE DOR
QUE SORRI NOS MEUS LÁBIOS
E CHORA NOS MEUS OLHOS?
- DIZ-ME, ALADO EMBAIXADOR,
QUE SOBRE O LABIRINTO
DA MINHA VIDA
PLANAS?
"Querido amigo Silveira"
Aprender, que maravilha!
No teu olhar escondida
Sem "passagem proibida"
Ver acontecer a vida
A permanente aventura
Que percorrem de mãos dadas
A Natureza e a Ciência....
Correr mundo, peregrina:
No teu olhar e palavra
Ir onde jamais iria
Clandestina passageira
Pena na beira da asa
De ti, ave migradora!
Portanto, muito obrigada!
(INTRODUÇÃO AO LIVRO "cONTOS iNCONTIDOS" DE RAYMUNDO SILVEIRA
Aprender, que maravilha!
No teu olhar escondida
Sem "passagem proibida"
Ver acontecer a vida
A permanente aventura
Que percorrem de mãos dadas
A Natureza e a Ciência....
Correr mundo, peregrina:
No teu olhar e palavra
Ir onde jamais iria
Clandestina passageira
Pena na beira da asa
De ti, ave migradora!
Portanto, muito obrigada!
(INTRODUÇÃO AO LIVRO "cONTOS iNCONTIDOS" DE RAYMUNDO SILVEIRA
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
"Maria"
De alma perfumada
Cercada de anjos invisíveis
O toque suave de
sua presença
Sopra no meu coração.
Sua palavras são
sopro Divino
É colo de Deus.
Seus olhos são
estrelas sorrindo
Em meio a escuridão
São estrelas que
acendes aqui na Terra
Mostrando que o amor
é possível.
Seus olhos...
Ah!! Seus olhos
trazem paz.
Seu sorriso tímido
é como flor a
desabrochar.
É água cristalina
É o azul do céu
Mostrando que a
bondade vem de dentro
e que o carinho
que nos une
é de puro sentimento
Suas poesias nos
transporta para
um tempo além
onde a vida fica
com a cara que ela tem,
mas que desaprendemos
de ver.
Maria, Maria querida
no instante
em que rimas
Deus está juntinho
de você
Você tem alma
de riacho de águas claras,
rolando noite e dia.
Para você com carinho
Nelim Monti
De alma perfumada
Cercada de anjos invisíveis
O toque suave de
sua presença
Sopra no meu coração.
Sua palavras são
sopro Divino
É colo de Deus.
Seus olhos são
estrelas sorrindo
Em meio a escuridão
São estrelas que
acendes aqui na Terra
Mostrando que o amor
é possível.
Seus olhos...
Ah!! Seus olhos
trazem paz.
Seu sorriso tímido
é como flor a
desabrochar.
É água cristalina
É o azul do céu
Mostrando que a
bondade vem de dentro
e que o carinho
que nos une
é de puro sentimento
Suas poesias nos
transporta para
um tempo além
onde a vida fica
com a cara que ela tem,
mas que desaprendemos
de ver.
Maria, Maria querida
no instante
em que rimas
Deus está juntinho
de você
Você tem alma
de riacho de águas claras,
rolando noite e dia.
Para você com carinho
Nelim Monti
Dói-me a alma
No limbo
em que navego
porque te escolho
minha sina?
murmura
me ensina
o caminho
da ausência
de ti em mim!
(alma branca
que divaga,
que vai no sonho
inquieta)
confiada
sofrendo
porque sim!
E choro e rio
... que é de mim?!
Ó alma
imensa
que me tocas,
asa de borboleta
ansiosa
por tua flor,
minha dádiva
murmura
me ensina
o caminha
da tua ausência!
Pássaro
que vieste manso
trazendo e levando
primavera!
No limbo
em que navego
porque te escolho
minha sina?
murmura
me ensina
o caminho
da ausência
de ti em mim!
(alma branca
que divaga,
que vai no sonho
inquieta)
confiada
sofrendo
porque sim!
E choro e rio
... que é de mim?!
Ó alma
imensa
que me tocas,
asa de borboleta
ansiosa
por tua flor,
minha dádiva
murmura
me ensina
o caminha
da tua ausência!
Pássaro
que vieste manso
trazendo e levando
primavera!
SORRIR... É VIVER.?
Com um sorrizinho nos olhos
fico.
Se tu me sorris,
com um sorrizinho
respondo
merci!
Com um sorriso me rio
Se de mim te ris,
que por última fico
logo, a rir continuo!
Bem basta o amuo
do que amanhece
já demais sisudo
e vai para o trabalho
automático
no contrabalanço
do autocarro
superlotado.
Eu cá, sorrio!
... e se me julgam parva,
paciência!
Corro o risco,
por gosto!
Com um sorrizinho nos olhos
fico.
Se tu me sorris,
com um sorrizinho
respondo
merci!
Com um sorriso me rio
Se de mim te ris,
que por última fico
logo, a rir continuo!
Bem basta o amuo
do que amanhece
já demais sisudo
e vai para o trabalho
automático
no contrabalanço
do autocarro
superlotado.
Eu cá, sorrio!
... e se me julgam parva,
paciência!
Corro o risco,
por gosto!
DE SENSAÇÕES
NO MEIO DAS ONDAS
(CHEIRA A MORANGO VERMELHO)
SÓ VEJO AR
AZUL E ROSA
TUDO GIRA Á MINHA VOLTA.
ERGO-ME.
FIRMO OS JOELHOS
E FECHO COM FORÇA OS OLHOS.
LEVANTO-ME
ESTENDO OS BRAÇOS
PARA CIMA
PARA LÁ
PARA O CÉU.
FIRMO-ME.
ENTERRO OS PÉS NO SOLO
TRANSFORMA-SE O CHORO EM RISO:
MINHAS AS CORES DO MUNDO,
E QUEM MANDA EM MIM
SOU EU!
NO MEIO DAS ONDAS
(CHEIRA A MORANGO VERMELHO)
SÓ VEJO AR
AZUL E ROSA
TUDO GIRA Á MINHA VOLTA.
ERGO-ME.
FIRMO OS JOELHOS
E FECHO COM FORÇA OS OLHOS.
LEVANTO-ME
ESTENDO OS BRAÇOS
PARA CIMA
PARA LÁ
PARA O CÉU.
FIRMO-ME.
ENTERRO OS PÉS NO SOLO
TRANSFORMA-SE O CHORO EM RISO:
MINHAS AS CORES DO MUNDO,
E QUEM MANDA EM MIM
SOU EU!
Flores no vento
O mundo
é um novo já velho
a morte,
o nosso destino
a nossa única certeza
no fim do nosso caminho
De que servirá o medo?
Tememos o nascimento?
Nercer é começar segindo
da morte
o passo primeiro.
O sofrimento dói muito
e é humano temê-lo
a vida, cada momento
não traz em si sofrimento?
Cubram-nos na morte
o rosto
deêm-nos o esquecimento
vivamos
com dignidade
com carinho
sem tormento
somos hoje e seremos
flores
a tremer no vento!
O mundo
é um novo já velho
a morte,
o nosso destino
a nossa única certeza
no fim do nosso caminho
De que servirá o medo?
Tememos o nascimento?
Nercer é começar segindo
da morte
o passo primeiro.
O sofrimento dói muito
e é humano temê-lo
a vida, cada momento
não traz em si sofrimento?
Cubram-nos na morte
o rosto
deêm-nos o esquecimento
vivamos
com dignidade
com carinho
sem tormento
somos hoje e seremos
flores
a tremer no vento!
amadurar é crescer
estou aqui a pensar
quanto me custou chegar
aonde estou
e vencer.
a tempo de saborear
eu acabei de olhar
a vida
no seu lugar
vivi a vida a sonhar
agora quero ficar.
vivi a vida a correr
agora quero parar
em cada esquina onde houver
algo novo a aprender.
estou a amadurar
amadurar é crescer.
agora não quero correr
agora não quero morrer
quero é viver
viver!
ter tempo de vos mostrar
em versos, como calhar,
como é bonito chegar
se gostamos de viver.
olho em frente devagar
vejo o futuro chegar
o agora acontecer
agora quero é viver
quero lá saber dos anos!
anos são meros enganos,
meras contas de somar
e o meu destino é sonhar!
amando não se envelhece
quando o sonho permanece
permanece em nós a flor
do dar, do ser, do amor!
estou aqui a pensar
quanto me custou chegar
aonde estou
e vencer.
a tempo de saborear
eu acabei de olhar
a vida
no seu lugar
vivi a vida a sonhar
agora quero ficar.
vivi a vida a correr
agora quero parar
em cada esquina onde houver
algo novo a aprender.
estou a amadurar
amadurar é crescer.
agora não quero correr
agora não quero morrer
quero é viver
viver!
ter tempo de vos mostrar
em versos, como calhar,
como é bonito chegar
se gostamos de viver.
olho em frente devagar
vejo o futuro chegar
o agora acontecer
agora quero é viver
quero lá saber dos anos!
anos são meros enganos,
meras contas de somar
e o meu destino é sonhar!
amando não se envelhece
quando o sonho permanece
permanece em nós a flor
do dar, do ser, do amor!
Salvo Meu Sonho
Arame farpado
e do outro lado
o sol,
aberto num sorriso!
Com prejuízo
porque o temo
e ao mesmo tempo
o quero.
Medito
e leio e escrevo
e calo o choro
sofro,
mas não desisto
o sol brilha
do outro lado
dos picos
do arame farpado
que fere
por fora e por dentro.
Quieta,
sigo pisando
o meu próprio
caminho
e não
pelo trilho imposto
cerco
de arame farpado
que me enreda
o destino.
Desvio-me
do fogo solto
como se fora
um soldado
aqui caio
lá me levanto,
mas sigo
na rota do vento.
A salvo,
meu sonho!
Ao alto!
Arame farpado
e do outro lado
o sol,
aberto num sorriso!
Com prejuízo
porque o temo
e ao mesmo tempo
o quero.
Medito
e leio e escrevo
e calo o choro
sofro,
mas não desisto
o sol brilha
do outro lado
dos picos
do arame farpado
que fere
por fora e por dentro.
Quieta,
sigo pisando
o meu próprio
caminho
e não
pelo trilho imposto
cerco
de arame farpado
que me enreda
o destino.
Desvio-me
do fogo solto
como se fora
um soldado
aqui caio
lá me levanto,
mas sigo
na rota do vento.
A salvo,
meu sonho!
Ao alto!
Este poema de dor
é a paga do amor
que te dei
e agradeceste
como se a alma doesse
e cada um a chorar
do outro se condoesse
por amor nada dissesse
ficasse em si
a chorar
se te dei
tudo o que sou
que garra te magoou
no lar quente
do meu peito
onde o pobre coração
coloquei na tua mão
e nela se viu desfeito?
quem é que te enganou
onde a mentira que sou
que vês tu que não conheço
onde veneno encontraste
nesta boca que beijaste
e tudo por ti deixou
a rosa que desejaste
no momento que a colheste
e por ti se coloriu
das rubras cores da paixão
que vive no coração
que por ti
quase morreu?
é a paga do amor
que te dei
e agradeceste
como se a alma doesse
e cada um a chorar
do outro se condoesse
por amor nada dissesse
ficasse em si
a chorar
se te dei
tudo o que sou
que garra te magoou
no lar quente
do meu peito
onde o pobre coração
coloquei na tua mão
e nela se viu desfeito?
quem é que te enganou
onde a mentira que sou
que vês tu que não conheço
onde veneno encontraste
nesta boca que beijaste
e tudo por ti deixou
a rosa que desejaste
no momento que a colheste
e por ti se coloriu
das rubras cores da paixão
que vive no coração
que por ti
quase morreu?
A menina a sua mãe
Mãe porque é que partiste
nessa manhã-noite-negra?
E porque é que me deixaste?
Era leve e pequenina
porque é que não que não me agarraste
e me levaste contigo?
E lembras-te, ao outro dia
das tantas flores que levaste?
Eram lírios, eram rosas
e açucenas, grinaldas
tão lindas! Mas tu dormias!
Como o Barrocal estava triste!
Até o chão percebeu
que tu nunca mais voltavas
Nesse tempo em que eu era
a tua menina pequena
te guardava e me guardavas
Mãe porque é que partiste
nessa manhã-noite-negra?
E porque é que me deixaste?
Era leve e pequenina
porque é que não que não me agarraste
e me levaste contigo?
E lembras-te, ao outro dia
das tantas flores que levaste?
Eram lírios, eram rosas
e açucenas, grinaldas
tão lindas! Mas tu dormias!
Como o Barrocal estava triste!
Até o chão percebeu
que tu nunca mais voltavas
Nesse tempo em que eu era
a tua menina pequena
te guardava e me guardavas
Nús ao Vento
Agora
Passamos às vezes
pelas veredas fechadas
em busca de outros tempos.
Pegamos nossos sorrisos
e alongamos os braços
Para tentar que eles voem
por cima dos muros negros
para os campos
além das montanhas
vermelhas e azuis
onde a aurora nasce.
As nossas vozes sussurram
como se fossemos pássaros
pressentindo
o acordar das serpentes
Agora
Passamos às vezes
pelas veredas fechadas
em busca de outros tempos.
Pegamos nossos sorrisos
e alongamos os braços
Para tentar que eles voem
por cima dos muros negros
para os campos
além das montanhas
vermelhas e azuis
onde a aurora nasce.
As nossas vozes sussurram
como se fossemos pássaros
pressentindo
o acordar das serpentes
Lá longe uma estrela
A gente tropeça nas pedras
Que nos mancham o caminho.
Nossos olhos brilham febres...
Nossos joelhos rasgados
Estão a narrar nossas quedas.
Nossos lábios secos pedem,
Nossas mãos gretadas doem.
Nossos corpos alquebrados
Cantam nosso desespero
Mas os nossos olhos brilham
A febre doida da Esperança.
No escuro erguemos a fronte
Porque cremos que lá longe
Brilha uma estrela nossa.
A gente tropeça nas pedras
Que nos mancham o caminho.
Nossos olhos brilham febres...
Nossos joelhos rasgados
Estão a narrar nossas quedas.
Nossos lábios secos pedem,
Nossas mãos gretadas doem.
Nossos corpos alquebrados
Cantam nosso desespero
Mas os nossos olhos brilham
A febre doida da Esperança.
No escuro erguemos a fronte
Porque cremos que lá longe
Brilha uma estrela nossa.
Cachopa da Beira-Rio
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
A Amália Rodrigues
Esta noite,
enquanto a noite dormia,
Amália deixou a vida.
Fechou pela última vez
aqueles olhos tão seus,
tão meus,
tão nossos, tão negros!
Na sua garganta
Calou-se a voz imensa,
mas não se calou Amália!
Mulher de vida sofrida
chorava quanto cantava!
Mulher de intensa vivia
e tanto amava a vida
Parou
Docemente, num instante
Deixou de ser
Cansada talvez de ser tanto
deixou-nos em denso pranto
correndo do peito aberto
sofro
não choro a morte de Amália
que Amália não morreu
amália sofreu a sina
seu fado no próprio nome
cantou
cantou
desde o nascimento à morte
Amália, do verbo Amar!
6/10/1999
"não sei que paixão, candente como um ferro sobre a birgorna ou que tristeza mansa como cândida onda que um menino colhesse entre as mãos, erguia o seu jorro naquela garganta"
Escrevi à margem, na hora da triste notícia, este trecho do poema Pranto da Filha de Jefté, de Pablo Garcia Baena
Com todo o meu amor,
Lisboa - Portugal
Esta noite,
enquanto a noite dormia,
Amália deixou a vida.
Fechou pela última vez
aqueles olhos tão seus,
tão meus,
tão nossos, tão negros!
Na sua garganta
Calou-se a voz imensa,
mas não se calou Amália!
Mulher de vida sofrida
chorava quanto cantava!
Mulher de intensa vivia
e tanto amava a vida
Parou
Docemente, num instante
Deixou de ser
Cansada talvez de ser tanto
deixou-nos em denso pranto
correndo do peito aberto
sofro
não choro a morte de Amália
que Amália não morreu
amália sofreu a sina
seu fado no próprio nome
cantou
cantou
desde o nascimento à morte
Amália, do verbo Amar!
6/10/1999
"não sei que paixão, candente como um ferro sobre a birgorna ou que tristeza mansa como cândida onda que um menino colhesse entre as mãos, erguia o seu jorro naquela garganta"
Escrevi à margem, na hora da triste notícia, este trecho do poema Pranto da Filha de Jefté, de Pablo Garcia Baena
Com todo o meu amor,
Lisboa - Portugal
LÁGRIMA
lágrima
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
lágrima
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
CONSCIÊNCIA DE MIM
Os objectos,
todos os objectos,
são meros brinquedos
para me distrair
da alma,
para me abster de senti-la
a toda a hora
esforçada
a doer.
Porque dói tanto a alma?
E brinco com as coisas
que os outros acham sérias
tolas
meras coisas efémeras
praserezinhos
guloseimas emocionais.
Para mitigar a dor que mais que mais dói,
eu brinco de administrar a casa
de cuidar da roupa
de enfeitar paredes
de jardinar os móveis
de dispersar jóias
e que se lixem as coisas!
Eu quero é matar a dor
da alma. A alma lhe chamo
porque não sei
que nome tenho!
Olham e acham que não penso
que não meço
que disperdiço...
Lérias!
Quadros, roupas, casas, fazendas,
são coisas.
E as coisas são objectos.
E os objectos brinquedos.
Não consigo envelhecer
e nunca no vida tive
brinquedos a sério,
como os outros.
Mas muitos, muitíssimos
brinquedos inventados.
Há os seres, claro,
mas esses...
são dos meus olhos os lagos
espelhos
onde espalho
meus brancos diamantes
do incntível amor.
Rebentaria de mim
se não pudesse acarinhar algo que
me reconhece
e me afirma diáriamente
que estou viva.
A única brincadeira
que brinco a sério
é escrever
para me libertar de mim.
Mas se o não calo mais,
como calei,
vejo no olhar dos outros
que é feio
falar-se disso
mostrar-se isso
como dantes
não se falava de sexo
nem de como nascemos
e nos era obstinadamente exposto
como morremos!
Os objectos,
todos os objectos,
são meros brinquedos
para me distrair
da alma,
para me abster de senti-la
a toda a hora
esforçada
a doer.
Porque dói tanto a alma?
E brinco com as coisas
que os outros acham sérias
tolas
meras coisas efémeras
praserezinhos
guloseimas emocionais.
Para mitigar a dor que mais que mais dói,
eu brinco de administrar a casa
de cuidar da roupa
de enfeitar paredes
de jardinar os móveis
de dispersar jóias
e que se lixem as coisas!
Eu quero é matar a dor
da alma. A alma lhe chamo
porque não sei
que nome tenho!
Olham e acham que não penso
que não meço
que disperdiço...
Lérias!
Quadros, roupas, casas, fazendas,
são coisas.
E as coisas são objectos.
E os objectos brinquedos.
Não consigo envelhecer
e nunca no vida tive
brinquedos a sério,
como os outros.
Mas muitos, muitíssimos
brinquedos inventados.
Há os seres, claro,
mas esses...
são dos meus olhos os lagos
espelhos
onde espalho
meus brancos diamantes
do incntível amor.
Rebentaria de mim
se não pudesse acarinhar algo que
me reconhece
e me afirma diáriamente
que estou viva.
A única brincadeira
que brinco a sério
é escrever
para me libertar de mim.
Mas se o não calo mais,
como calei,
vejo no olhar dos outros
que é feio
falar-se disso
mostrar-se isso
como dantes
não se falava de sexo
nem de como nascemos
e nos era obstinadamente exposto
como morremos!
era uma dúvida
que bailava no espaço em branco
como bola de sabão no vento
como bola de sabão não tinha peso,
não tinha dimensão,
nem espaço
... nem devia durar tanto
mas há corações
tão desequilibrados
que até uma bola de sabão
os faz tremer, duvidar, coitados!
há corações tão solitários
(solidários)
e tão ignorantes
na sua solidão!
que viajaram aos trancos
por tantos caminhos adversos
parece que rolam em vão,
crentes
caem na vida
vão continuar
solitários
a rolar
vão continuar
carregados de dúvida
de amor, de apelo
se bem saibam de antemão
que todo o apelo é vago, vazio, doloroso
porque quando apelam
lhes respondem, os outros, os que se amam
não!
coração em sangue-vivo
sempre à disposição!
que bailava no espaço em branco
como bola de sabão no vento
como bola de sabão não tinha peso,
não tinha dimensão,
nem espaço
... nem devia durar tanto
mas há corações
tão desequilibrados
que até uma bola de sabão
os faz tremer, duvidar, coitados!
há corações tão solitários
(solidários)
e tão ignorantes
na sua solidão!
que viajaram aos trancos
por tantos caminhos adversos
parece que rolam em vão,
crentes
caem na vida
vão continuar
solitários
a rolar
vão continuar
carregados de dúvida
de amor, de apelo
se bem saibam de antemão
que todo o apelo é vago, vazio, doloroso
porque quando apelam
lhes respondem, os outros, os que se amam
não!
coração em sangue-vivo
sempre à disposição!
filhos do universo
o luar
é uma sombra
que não pousa
é uma poalha luminosa
que paira
que encanta
e passa
as estrelas
são os olhos do céu
anjos da gurda
gurdando
o vasio
brilham
rebrilham
sonhando
a nós
pertece-nos a terra
não para esventrá-la
violentar sua beleza
mas para amá-la
reparti-la
mantê-la
além de nós
tenho um coração que ama
tenho um cérebro que pensa
assim como eu
sois vós
porque é que
todo o mundo
vê a desvairada
injustiça da vida
e se cala
porque é que
tanto se reclama
mas não se faz nada
porque é que
se continua o caminho
por esta precária
desastrada estrada?!
Maria Petronilho
2/11/2002
o luar
é uma sombra
que não pousa
é uma poalha luminosa
que paira
que encanta
e passa
as estrelas
são os olhos do céu
anjos da gurda
gurdando
o vasio
brilham
rebrilham
sonhando
a nós
pertece-nos a terra
não para esventrá-la
violentar sua beleza
mas para amá-la
reparti-la
mantê-la
além de nós
tenho um coração que ama
tenho um cérebro que pensa
assim como eu
sois vós
porque é que
todo o mundo
vê a desvairada
injustiça da vida
e se cala
porque é que
tanto se reclama
mas não se faz nada
porque é que
se continua o caminho
por esta precária
desastrada estrada?!
Maria Petronilho
2/11/2002
vida que me sobra
Cumpri demais do que pude
acendi
apaguei fogos
lutei
queimando os braços
ganhei p'lo que fiz e faço
a paga do desamparo
suportei todas as dores
e ignorei os prazeres
...
os loucos e os pobres
deixam-se ficar
especados á porta
na esperança desesperada
de uma esmola
...
enfim,
o nada me valha!
não mais necessária,
poeira ignorada
na estrada que se pisa,
basto-me a mim mesma
em fome,
ignorância
do nada retiro a força
para caminhar ainda
que me resta?!
a loucura da escrita
inqualificada?
ser mulher ser
me supera,
paixão ignorada!
perdem-se os olhares
alheios ao que
no a dia a dia passa
que faço na terra
com o resto da vida
que me sobra?
não acredito
na ditosa vida
de martirizada
masoquista
já que sofri toda a vida
que lute e que morra
por uma causa
justa!
Cumpri demais do que pude
acendi
apaguei fogos
lutei
queimando os braços
ganhei p'lo que fiz e faço
a paga do desamparo
suportei todas as dores
e ignorei os prazeres
...
os loucos e os pobres
deixam-se ficar
especados á porta
na esperança desesperada
de uma esmola
...
enfim,
o nada me valha!
não mais necessária,
poeira ignorada
na estrada que se pisa,
basto-me a mim mesma
em fome,
ignorância
do nada retiro a força
para caminhar ainda
que me resta?!
a loucura da escrita
inqualificada?
ser mulher ser
me supera,
paixão ignorada!
perdem-se os olhares
alheios ao que
no a dia a dia passa
que faço na terra
com o resto da vida
que me sobra?
não acredito
na ditosa vida
de martirizada
masoquista
já que sofri toda a vida
que lute e que morra
por uma causa
justa!
canto baixinho
NA GRUTA DA SOLIDÃO
EU CANTO BAIXINHO.
ESTALACTITES DE SAL
ME CAEM DOS OLHOS
MAS EU ESTOU CANTANDO
BAIXINHO
ECOA O SILÊNCIO
NO IMENSO NADA
QUE ME CIRCUNDA.
BATAM-ME OS DENTES DE FRIO.
MAS ESTOU CANTANDO BAIXINHO
TEMO QUE ACORDEM
AQUELES QUE NÃO CANTAM
E VENHAM ZURRANDO
FAZER-ME COMPANHIA!
NA GRUTA DA SOLIDÃO
EU CANTO BAIXINHO.
ESTALACTITES DE SAL
ME CAEM DOS OLHOS
MAS EU ESTOU CANTANDO
BAIXINHO
ECOA O SILÊNCIO
NO IMENSO NADA
QUE ME CIRCUNDA.
BATAM-ME OS DENTES DE FRIO.
MAS ESTOU CANTANDO BAIXINHO
TEMO QUE ACORDEM
AQUELES QUE NÃO CANTAM
E VENHAM ZURRANDO
FAZER-ME COMPANHIA!
tinha tantos sonhos
no cais de meus dias
implorando ao vento
por asas e velas!
Tinha tantas e belas
incontidas esperanças
ao vento lançadas!
tinha tantas rosas
coloridas, tantas,
mas tão espinhosas!
cantava diários
colares de lágimas
e eram tão sentidas!
tinha portas fechadas
e as chaves perdidas...
no cais de meus dias
implorando ao vento
por asas e velas!
Tinha tantas e belas
incontidas esperanças
ao vento lançadas!
tinha tantas rosas
coloridas, tantas,
mas tão espinhosas!
cantava diários
colares de lágimas
e eram tão sentidas!
tinha portas fechadas
e as chaves perdidas...
terça-feira, fevereiro 03, 2004
sem outra ventura
Entender
ouvir o não dito
perceber e aceitar
o oculto
humilhar-se e engrandecer
se dar e se confiar
abrir todo o coração
aos que só mostram janelas
chaves de segredo
que ora abrem ora não
corações de labirintos
a dizer-nos que o não são.
ver mais altos os contos
que as contas.
esconder o altruísmo
carecer e dizer não
fechar os olhos
deixar-se ver
e parecer cego.
Ser rosa
que no vento se desfolha
semente
perdida na terra
dura de pedra
a florir ternura
sem outra ventura que esta
ser tida por louca
a poeta!
Entender
ouvir o não dito
perceber e aceitar
o oculto
humilhar-se e engrandecer
se dar e se confiar
abrir todo o coração
aos que só mostram janelas
chaves de segredo
que ora abrem ora não
corações de labirintos
a dizer-nos que o não são.
ver mais altos os contos
que as contas.
esconder o altruísmo
carecer e dizer não
fechar os olhos
deixar-se ver
e parecer cego.
Ser rosa
que no vento se desfolha
semente
perdida na terra
dura de pedra
a florir ternura
sem outra ventura que esta
ser tida por louca
a poeta!
Hei-de Cantar!
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
O ECO
O RESSOAR DISTANTE
ME CHEGA DE LONGE.
O NÃO-ESTAR
ESTANDO
O NÃO-SER
SENDO
EM VÃO GRITO
EM VÃO MORRO
EM VÃO FICO
NUM MUNDO TÃO ERMO
QUE EU-SÓ HABITO.
DIZEM SIM
NEGANDO
DIZEM O DITO
POR NÃO DITO
NÃO JOGO!
NÃO ACREDITO
NO AMAR-FEITO.
TENHO AS MÃOS
ATADAS
CONTRA O PEITO
DE OLHOS RASOS
VERMELHAS BRASAS
A LUZIR NO ROSTO.
O CARRASCO CHEGA
E EU À ESPERA:
DE PÉ!
NO MEU POSTO!
O RESSOAR DISTANTE
ME CHEGA DE LONGE.
O NÃO-ESTAR
ESTANDO
O NÃO-SER
SENDO
EM VÃO GRITO
EM VÃO MORRO
EM VÃO FICO
NUM MUNDO TÃO ERMO
QUE EU-SÓ HABITO.
DIZEM SIM
NEGANDO
DIZEM O DITO
POR NÃO DITO
NÃO JOGO!
NÃO ACREDITO
NO AMAR-FEITO.
TENHO AS MÃOS
ATADAS
CONTRA O PEITO
DE OLHOS RASOS
VERMELHAS BRASAS
A LUZIR NO ROSTO.
O CARRASCO CHEGA
E EU À ESPERA:
DE PÉ!
NO MEU POSTO!
MÃOS-DADAS
A
TEU OLHAR
QUE VAI
MERGULHADO
NESSA LUZ
AR SOL
RISO
E
CHORO
O
CULTO
NO ETÉREO
BRILHO
VAGO SILÊNCIO
O SILÊNCIO
HABITO
NADA SOA
SÓ MEU
CALADO
GRITO
O AZUL
NOS OLHOS LEVO
TÃO LONGE
LÁ
ONDE
SÓ
O INFINITO!
LANÇO MINH' ALMA
NUM ESFORÇO
DE
IMENSO TUDO
EXPONHO
ME
NA
LONGA
ESTRADA
POR ONDE
DESAGUA
A
VAGA SINUOSA
O POSSÍVEL
TUDO
SEM ROSTO
O SER
NINGUÉM
O
DETENHA
CORRE CORRE
VEIA
NA VIDA
AUTOMÁTICA
QUEM VERÁ
A MÃO ESTENDIDA
CARECIDA
DE TERNURA
MAS TÃO SÓ
QUE
NADA LEVA
TÃO SÓ
ALMA
ABERTA
SEDE
DESAFIADA
EM
ROSÁRIOS
MOINHOS
DESEJOS
DE
TERNURA?
A
TEU OLHAR
QUE VAI
MERGULHADO
NESSA LUZ
AR SOL
RISO
E
CHORO
O
CULTO
NO ETÉREO
BRILHO
VAGO SILÊNCIO
O SILÊNCIO
HABITO
NADA SOA
SÓ MEU
CALADO
GRITO
O AZUL
NOS OLHOS LEVO
TÃO LONGE
LÁ
ONDE
SÓ
O INFINITO!
LANÇO MINH' ALMA
NUM ESFORÇO
DE
IMENSO TUDO
EXPONHO
ME
NA
LONGA
ESTRADA
POR ONDE
DESAGUA
A
VAGA SINUOSA
O POSSÍVEL
TUDO
SEM ROSTO
O SER
NINGUÉM
O
DETENHA
CORRE CORRE
VEIA
NA VIDA
AUTOMÁTICA
QUEM VERÁ
A MÃO ESTENDIDA
CARECIDA
DE TERNURA
MAS TÃO SÓ
QUE
NADA LEVA
TÃO SÓ
ALMA
ABERTA
SEDE
DESAFIADA
EM
ROSÁRIOS
MOINHOS
DESEJOS
DE
TERNURA?
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