quinta-feira, janeiro 29, 2004

A Poesia é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre

mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo
mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto
mesmo quando
eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato
cerrado à volta
mesmo quando
eu era o eco
dos encerrados
mortos vivos
nas prisões das borboletas
mesmo quando
foi abril
e eu desabrochei
com os cravos
mesmo no tempo
dos lírios nos meus olhos

soa dentro de mim a balada
soa dentro de mim búzio
esse som de mistério
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
que compulsivamente
escrevo.

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