Das Idades
A velhice é um rompimento
Do compromisso
Entre a alma e o corpo,
Divórcio adiado.
Às vezes adormeço quieta
Na juventude tão certa...
De noite algo de transcendente acontece:
Acordo nas garras de mil anos
Que me carregam os ossos.
Enquanto os olhos lentamente despertam,
Peço encarecida aos nervos
Que me reconheçam
Me ressuscitem
Me sustenham e reunam
Geralmente me sinto menina pequena,
Como pareço.
Passo assim as largas horas brincando.
Esquecida de quanto sou breve,
Procuro
Ir aprendendo à revelia dos mestres,
Das primaveras, das chuvas.
Reconheço que é raro
Medir-me e saber-me na idade que, dizem,
Tenho
Embora seja estranho;
porque de atingi-la e vivê-la,
Em coerência com a minha poesia,
É das poucas proezas de que me orgulho.
terça-feira, janeiro 27, 2004
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