VEM!
Vem!
Vem esconder-te
no escuro
dos meus olhos
Vem deitar-te
nas dunas
dos meus seios
Vem lamber
o sal
do meu ventre
Vem afogar-te
no aperto
dos meus braços
...Cerro os olhos
por um instante
E vejo aonde estás
Errante
a caminhar
para mim!
quinta-feira, janeiro 29, 2004
TE QUERO MAR
NÃO TE PEÇO A QUIETUDE
RIBEIRINHA
TRANQÜILA
MANSA
ESVERDEADA
DA DOCE ÁGUA PARADA
PEÇO-TE ONDAS
PEÇO-TE SAL
PEÇO-TE EXALTADAS
ÂNSIAS
QUE SALTEM
DE ENCONTRO ÀS MINHAS
NÃO QUERO SER MARGEM
BRANQUINHA
tranqüila
PASSIVA
QUERO-TE MAR MINHA MARGEM
DE ARRIBA.
PERDIDAMENTE PERDIDA
ENSEADA.
ESCARPA
POLVILHADA
DE FÚLVEAS
GRITANTES
GAIVOTAS.
MAS VEM DE MANSO,
MARÉ BAIXA,
DEIXA QUE A ROCHA
TÃO SECA
A TI SE ABRA,
FAMINTA
DA TUA
PROCURA.
DEIXA-ME ENCONTRAR
A TUA SEDE
NA MINHA,
DEIXA ACONTECER,
FLUIR MEU SER
ATÉ TEU QUERER ENCONTRAR.
NÃO TE PEÇO A QUIETUDE
RIBEIRINHA
TRANQÜILA
MANSA
ESVERDEADA
DA DOCE ÁGUA PARADA
PEÇO-TE ONDAS
PEÇO-TE SAL
PEÇO-TE EXALTADAS
ÂNSIAS
QUE SALTEM
DE ENCONTRO ÀS MINHAS
NÃO QUERO SER MARGEM
BRANQUINHA
tranqüila
PASSIVA
QUERO-TE MAR MINHA MARGEM
DE ARRIBA.
PERDIDAMENTE PERDIDA
ENSEADA.
ESCARPA
POLVILHADA
DE FÚLVEAS
GRITANTES
GAIVOTAS.
MAS VEM DE MANSO,
MARÉ BAIXA,
DEIXA QUE A ROCHA
TÃO SECA
A TI SE ABRA,
FAMINTA
DA TUA
PROCURA.
DEIXA-ME ENCONTRAR
A TUA SEDE
NA MINHA,
DEIXA ACONTECER,
FLUIR MEU SER
ATÉ TEU QUERER ENCONTRAR.
Eu bem canto o meu poema
de revolta e de alerta
mas os surdos não me ouvem
mas os mortos não reagem
e os obstáculos não deixam
que as ondas do eco passem!
eu bem grito o meu apelo
de justiça para todos
mas monstros devoram meus sons
e não há ninguém que venha!
e fico rouca, cansada
de cantar para tantos surdos
de lutar com tantos monstros
mas, contudo, tenho esperança
de que um dia o eco surta
e que os mortos ressuscitem!
por isso sigo, cantando
meu poema feito grito!
de revolta e de alerta
mas os surdos não me ouvem
mas os mortos não reagem
e os obstáculos não deixam
que as ondas do eco passem!
eu bem grito o meu apelo
de justiça para todos
mas monstros devoram meus sons
e não há ninguém que venha!
e fico rouca, cansada
de cantar para tantos surdos
de lutar com tantos monstros
mas, contudo, tenho esperança
de que um dia o eco surta
e que os mortos ressuscitem!
por isso sigo, cantando
meu poema feito grito!
Apelo ao Amor
Ai quantos desejos
De flores e de espuma
Apelam de mim matriz:
Vem desaguar em mim
Meu amor, tua foz!
Com teu braço de mar
Baila comigo, louco
No inefável balanço
Do amor se consumando,
Que ardo em desejo
O meu seio te chama
Batendo tão alto
Como voz que apela
Longe ao marinheiro:
Vem inteiro e hirto
À ria de teu cais
Meu amor! Aporta-me níveas
Flores de espuma e sal
Vem amar-me na areia,
Desfazendo a angústia
Onde derivo sozinha
Meu amor, sai da bruma
E tal sol que se desnuda
Em apaixonada alegria
Vem me tornar lua cheia
Silente no céu nua estrela
Escuta! Meu amor: Vem!
Ai quantos desejos
De flores e de espuma
Apelam de mim matriz:
Vem desaguar em mim
Meu amor, tua foz!
Com teu braço de mar
Baila comigo, louco
No inefável balanço
Do amor se consumando,
Que ardo em desejo
O meu seio te chama
Batendo tão alto
Como voz que apela
Longe ao marinheiro:
Vem inteiro e hirto
À ria de teu cais
Meu amor! Aporta-me níveas
Flores de espuma e sal
Vem amar-me na areia,
Desfazendo a angústia
Onde derivo sozinha
Meu amor, sai da bruma
E tal sol que se desnuda
Em apaixonada alegria
Vem me tornar lua cheia
Silente no céu nua estrela
Escuta! Meu amor: Vem!
Choro de Alerta... !
Rebrilham intensas chamas
Incêndios devoram florestas
ardem
casas e aldeias
desarvoram as pessoas
ateadas
as fogueiras são
lançadas
sobre as copas
semeaduras e matas
nas sedentas serras
reacendem
as chamas atabafadas
gentes animais e plantas
perecem incineradas
baldadas
lágrimas
suores
cansaços
tantas dores
escusadas
crepitam choros
aflitos
o fumo afoga os gritos
não chegam suor e prantos
para debelar
fogos postos
ardem as nossas florestas
consomem-se as nossas esperanças
com tanto amor semeadas
lutamos ao extremo
exaustos
enquanto de longe outros
se riem dos nossos esforços
e
refastelados
se esbaldam nas piscinas
Rebrilham intensas chamas
Incêndios devoram florestas
ardem
casas e aldeias
desarvoram as pessoas
ateadas
as fogueiras são
lançadas
sobre as copas
semeaduras e matas
nas sedentas serras
reacendem
as chamas atabafadas
gentes animais e plantas
perecem incineradas
baldadas
lágrimas
suores
cansaços
tantas dores
escusadas
crepitam choros
aflitos
o fumo afoga os gritos
não chegam suor e prantos
para debelar
fogos postos
ardem as nossas florestas
consomem-se as nossas esperanças
com tanto amor semeadas
lutamos ao extremo
exaustos
enquanto de longe outros
se riem dos nossos esforços
e
refastelados
se esbaldam nas piscinas
E a chuva canta!
Escuto a chuva
Neste exacto momento
Cai do céu
E eu em contento
Escrevo um poema
De Outono
Tão doce suave e terno
Canta a chuva
plof plof
À nossa terra acode
E o solo agradecido
Abre-se alegre bebendo
O líquido precioso
Que fará florir de novo
O esbraseado terreno!
Neste momento de alegria,
em que escuto enfim a chuva!
Escuto a chuva
Neste exacto momento
Cai do céu
E eu em contento
Escrevo um poema
De Outono
Tão doce suave e terno
Canta a chuva
plof plof
À nossa terra acode
E o solo agradecido
Abre-se alegre bebendo
O líquido precioso
Que fará florir de novo
O esbraseado terreno!
Neste momento de alegria,
em que escuto enfim a chuva!
Escrevendo
Maria petronilho
"Senhor, já que a dor é nossa
e a fraqueza que ela tem
dá-nos ao menos a força
de a não mostrar a ninguém"
Fernando Pessoa
escrevendo vivo
escrevendo sonho
escrevendo vivo meu sonho
escrevendo me sei vivendo
e escondo que vivo escrevendo
mas vê-se que vivo num sonho
mas vê-se que para além do mundo
vivo a minha verdade que é sonho
e o sonho de viver
escrevendo.
Maria petronilho
"Senhor, já que a dor é nossa
e a fraqueza que ela tem
dá-nos ao menos a força
de a não mostrar a ninguém"
Fernando Pessoa
escrevendo vivo
escrevendo sonho
escrevendo vivo meu sonho
escrevendo me sei vivendo
e escondo que vivo escrevendo
mas vê-se que vivo num sonho
mas vê-se que para além do mundo
vivo a minha verdade que é sonho
e o sonho de viver
escrevendo.
BESO DE AMOR
Maria Petronilho/ VRSÃO DE ALBERTO PEYRANO
Podría envolver tu rostro
con la concavidad de mis manos...
Y aproximarte mis labios,
a tus ojos relumbrosos.
Besarlos, semicerrados,
Ir recorriendo tu cara...
Y demorarme en tu boca,
celosa, felina, hambrienta.
Sentir que pincha tu barba
con deliciosas agujas,
erectas, suaves, en mi piel,
y clamar uno por el otro,
pidiendo aproximación...
Quedarnos ciegamente envueltos
arrebatados, traviesos...
Hasta que el supremo grito
Viniese, al fin,a darnos
la libertad!
Maria Petronilho/ VRSÃO DE ALBERTO PEYRANO
Podría envolver tu rostro
con la concavidad de mis manos...
Y aproximarte mis labios,
a tus ojos relumbrosos.
Besarlos, semicerrados,
Ir recorriendo tu cara...
Y demorarme en tu boca,
celosa, felina, hambrienta.
Sentir que pincha tu barba
con deliciosas agujas,
erectas, suaves, en mi piel,
y clamar uno por el otro,
pidiendo aproximación...
Quedarnos ciegamente envueltos
arrebatados, traviesos...
Hasta que el supremo grito
Viniese, al fin,a darnos
la libertad!
A Poesia é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo
mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto
mesmo quando
eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato
cerrado à volta
mesmo quando
eu era o eco
dos encerrados
mortos vivos
nas prisões das borboletas
mesmo quando
foi abril
e eu desabrochei
com os cravos
mesmo no tempo
dos lírios nos meus olhos
soa dentro de mim a balada
soa dentro de mim búzio
esse som de mistério
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
que compulsivamente
escrevo.
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo
mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto
mesmo quando
eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato
cerrado à volta
mesmo quando
eu era o eco
dos encerrados
mortos vivos
nas prisões das borboletas
mesmo quando
foi abril
e eu desabrochei
com os cravos
mesmo no tempo
dos lírios nos meus olhos
soa dentro de mim a balada
soa dentro de mim búzio
esse som de mistério
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
que compulsivamente
escrevo.
Singular Silhueta
Na angústia
espero desesperada
tua voz que me falava
de tanta coisa e de nada
tua voz em que voava
te sentia me sentia
enlevada e embalada
companheira
solitária
ainda assim
amparava
meu esforço de ser
cada dia
sonhava
teu rosto através da palavra
ia no teu sorriso
que nos meus lábios se via
Agora
sinto-me pena
sem que a mais pequena brisa
páre um segundo que seja
para erguer minha alma
para salvar minha vida!
Na angústia
espero desesperada
tua voz que me falava
de tanta coisa e de nada
tua voz em que voava
te sentia me sentia
enlevada e embalada
companheira
solitária
ainda assim
amparava
meu esforço de ser
cada dia
sonhava
teu rosto através da palavra
ia no teu sorriso
que nos meus lábios se via
Agora
sinto-me pena
sem que a mais pequena brisa
páre um segundo que seja
para erguer minha alma
para salvar minha vida!
O MEU PAÍS
O meu país é o mar,
Tão cheio de lonjura!
De sol, de águas, de ondas
Saltando de além-ternura!
De aves brancas, brancas, brancas,
De ouro polido a luzir
E risadas a explodir
Na voz pura das crianças!
Meu coração, ele o fez:
Fado,
Má sina, talvez!
Mas no olhar,
Um riso de asa,
Ou não fora
Português!
O meu país é o mar,
Tão cheio de lonjura!
De sol, de águas, de ondas
Saltando de além-ternura!
De aves brancas, brancas, brancas,
De ouro polido a luzir
E risadas a explodir
Na voz pura das crianças!
Meu coração, ele o fez:
Fado,
Má sina, talvez!
Mas no olhar,
Um riso de asa,
Ou não fora
Português!
Ó SAUDADE MINHA!
Sede, amor, carinho
Levo no meu peito
Um barco de fogo
Uma nuvem rosa
Na tarde que tomba
Uma onda verde
No mar sem guarida
Andorinha mansa
Na tua janela
Uma leve brisa
Pequenina estrela
Flor abrindo ao sol
Da tua ternura
Vôo manso de ave
Coração de vela
Seguindo à deriva
Branca ao largo e solta
Ó saudade minha!
Sede, amor, carinho
Levo no meu peito
Um barco de fogo
Uma nuvem rosa
Na tarde que tomba
Uma onda verde
No mar sem guarida
Andorinha mansa
Na tua janela
Uma leve brisa
Pequenina estrela
Flor abrindo ao sol
Da tua ternura
Vôo manso de ave
Coração de vela
Seguindo à deriva
Branca ao largo e solta
Ó saudade minha!
ESPELHO
E tudo é este olhar molhado e mudo
atrás do brilho do espelho
onde se quebra o olhar do mundo
há um universo
de almas ardentes
Incenso
flores e música, mar fundo
há o verdadeiro sorriso
há a mão que se estende
Amigo
há o nada qu'rer, por se ter tudo
e tudo é este olhar molhado e mudo
este sangue a pulssar intenso
este amar as utopias
Genuíno
este olhar de ver e entender tudo
esta raíz funda a florir outono
esta dádiva do interior tão claro e fluido
este ressoar indefenido
Solo de violino
que te encontra e se te dá
Se dispersando,
volátil, a Poesia nos envolvendo.
E tudo é este olhar molhado e mudo
atrás do brilho do espelho
onde se quebra o olhar do mundo
há um universo
de almas ardentes
Incenso
flores e música, mar fundo
há o verdadeiro sorriso
há a mão que se estende
Amigo
há o nada qu'rer, por se ter tudo
e tudo é este olhar molhado e mudo
este sangue a pulssar intenso
este amar as utopias
Genuíno
este olhar de ver e entender tudo
esta raíz funda a florir outono
esta dádiva do interior tão claro e fluido
este ressoar indefenido
Solo de violino
que te encontra e se te dá
Se dispersando,
volátil, a Poesia nos envolvendo.
É O SONHO QUE ME LEVA!
JÁ ME VOLATILIZEI
NO ÉTER ETÉREO.
PAIRO COMO ORVALHO
PELAS ROSA CRAVOS E ERVAS
ME DISPERSO.
QUE NÃO ME FALEM
DE BARREIRAS
NEM DA INCONVENIÊNCIA
DE ME ACHAR DISPERSA
EM SUSPENSAS GOTÍCULAS
DE BREVIDADE.
NÃO CONHEÇO PAREDES
NEM TELHADOS.
PAIRO INDISTINTA
ONDE A NUVEM ME SEMEIA
LARANJEIRA, CEREJEIRA
NÃO CONHEÇO AS CORES
MAS OS AROMAS ESPALHADOS
QUE A VIDA ESPELHA.
NO AR VAMOS
DO AR SOMOS
ESTAMOS TÃO LONGE
DA REALIDADE CRUA
E AINDA TÃO PERTO
DA TERRA NEGRA!
HOJE E SEMPRE
É O SONHO QUE ME LEVA!
JÁ ME VOLATILIZEI
NO ÉTER ETÉREO.
PAIRO COMO ORVALHO
PELAS ROSA CRAVOS E ERVAS
ME DISPERSO.
QUE NÃO ME FALEM
DE BARREIRAS
NEM DA INCONVENIÊNCIA
DE ME ACHAR DISPERSA
EM SUSPENSAS GOTÍCULAS
DE BREVIDADE.
NÃO CONHEÇO PAREDES
NEM TELHADOS.
PAIRO INDISTINTA
ONDE A NUVEM ME SEMEIA
LARANJEIRA, CEREJEIRA
NÃO CONHEÇO AS CORES
MAS OS AROMAS ESPALHADOS
QUE A VIDA ESPELHA.
NO AR VAMOS
DO AR SOMOS
ESTAMOS TÃO LONGE
DA REALIDADE CRUA
E AINDA TÃO PERTO
DA TERRA NEGRA!
HOJE E SEMPRE
É O SONHO QUE ME LEVA!
E prosseguir sem tempo medir - Viver!
Não sou de partir
Em medidas
As fatias do tempo.
O tempo é um todo
Há que vivê-lo
Inteiro
Intenso
Apaixonadamente,
Que cada segundo
É único!
Sorte boa
Sorte má
Por nossa mão
Se fará.
De nós impede
O choro e o riso
E o estado intermédio
Feito de coisas miúdas
Que nos preenchem
E renovam
Se estivermos
De antenas alertas
Às brisas que
Cantam eternas
E Ternas
De tem-te
A escutá-las....
Perpassam leves e brandas
Como espumas cristalinas
Como raios fendem brumas
Mudam de estado, de sítio,
Transmutam-se
Transportando-nos
À perpétua eternidade.
Que este ano novo seja doce!
Deliciemo-nos comungando cada migalha,
com todos os nossos sentidos,
degustando-o, carinhosa, ciosamente!
Não sou de partir
Em medidas
As fatias do tempo.
O tempo é um todo
Há que vivê-lo
Inteiro
Intenso
Apaixonadamente,
Que cada segundo
É único!
Sorte boa
Sorte má
Por nossa mão
Se fará.
De nós impede
O choro e o riso
E o estado intermédio
Feito de coisas miúdas
Que nos preenchem
E renovam
Se estivermos
De antenas alertas
Às brisas que
Cantam eternas
E Ternas
De tem-te
A escutá-las....
Perpassam leves e brandas
Como espumas cristalinas
Como raios fendem brumas
Mudam de estado, de sítio,
Transmutam-se
Transportando-nos
À perpétua eternidade.
Que este ano novo seja doce!
Deliciemo-nos comungando cada migalha,
com todos os nossos sentidos,
degustando-o, carinhosa, ciosamente!
E NÃO VENHAS PEDIR-ME
QUE NÃO TE FALE DE AMOR
Não te quero triste
Nem me quero triste
A voz do amor solta se ergue
O meu sonho te procura e segue
Certo no tempo incerto
Incessantemente ao teu encontro.
Volta vazio de teu olhar
Saudoso do teu sorriso
Do teu cheiro no meu cabelo solto
Derramado no teu peito
Ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
Como todos os caminhos da ternura
Vão do meu para o teu coração!
Meus ouvidos enlevados
Repetem a tua voz sem conta
Mas todos os meus poros
Anseiam pelos teus dedos
E a minha boca perdeu o dom de sorrir
Pela tua inquieta....
- e não venhas pedir-me que não te fale de amor!
QUE NÃO TE FALE DE AMOR
Não te quero triste
Nem me quero triste
A voz do amor solta se ergue
O meu sonho te procura e segue
Certo no tempo incerto
Incessantemente ao teu encontro.
Volta vazio de teu olhar
Saudoso do teu sorriso
Do teu cheiro no meu cabelo solto
Derramado no teu peito
Ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
Como todos os caminhos da ternura
Vão do meu para o teu coração!
Meus ouvidos enlevados
Repetem a tua voz sem conta
Mas todos os meus poros
Anseiam pelos teus dedos
E a minha boca perdeu o dom de sorrir
Pela tua inquieta....
- e não venhas pedir-me que não te fale de amor!
Cantiga de Embalar o Menino Jesus
Ó meu Jesus pequenino,
Minha estrela, enleio, encanto,
Voz da Paz e da doçura
Embalo-te no meio peito
De mãe, Maria, calando
No peito, tanta amargura!
É Natal, mas fria a rua
Onde o desamparo reina
Embala-nos Tu, na esperança
De que haja amor nesta festa!
Dorme, dorme, meu menino,
Meu Jesus tão pequenino
Que está chegando a hora
De nos valeres, porquanto
A terra explode em guerra!
Dorme, Jesus, entretanto
Em meu colo te acalento
Que sou mãe e sou Maria!
Nana, meu Menino em espera!
Ó meu Jesus pequenino,
Minha estrela, enleio, encanto,
Voz da Paz e da doçura
Embalo-te no meio peito
De mãe, Maria, calando
No peito, tanta amargura!
É Natal, mas fria a rua
Onde o desamparo reina
Embala-nos Tu, na esperança
De que haja amor nesta festa!
Dorme, dorme, meu menino,
Meu Jesus tão pequenino
Que está chegando a hora
De nos valeres, porquanto
A terra explode em guerra!
Dorme, Jesus, entretanto
Em meu colo te acalento
Que sou mãe e sou Maria!
Nana, meu Menino em espera!
ANÚNCIO DE UM PEDÓFILO
Compra-se uma criança
Que seja bonita e pura.
O sexo, não interessa,
Se bem que a mesma sirva
Para ser usada na cama.
Compensarei bem os pais!
Sou abastado, doutor,
Sou padre e professor.
Será muito adestrada
Na arte de sofrer calada.
E a vós, que morreis de cansaço
Vos livro de um embaraço.
Que a mim me reconforte
A volúpia de vampiro:
Quero a vida de teu filho!
Compra-se uma criança
Que seja bonita e pura.
O sexo, não interessa,
Se bem que a mesma sirva
Para ser usada na cama.
Compensarei bem os pais!
Sou abastado, doutor,
Sou padre e professor.
Será muito adestrada
Na arte de sofrer calada.
E a vós, que morreis de cansaço
Vos livro de um embaraço.
Que a mim me reconforte
A volúpia de vampiro:
Quero a vida de teu filho!
O Poeta Palhaço
Poeta, conto-te um caso
Que conheço bem de perto:
Era uma vez um palhaço
Pobre e roto, caricato
De narizinho redondo
De um carmesim esfolado.
Entrava em cena quando
Nos bastidores do circo
Se maquilhava um outro
Que usava fato bordado
Riso pintado no rosto
Chapéu como o de Tartufo
Cantava em voz de contralto...
O palhaço de que falo
Voava em cada salto
Como se o levasse um sonho
Não se ria no entanto
E ficava sempre mudo.
Quando se achava no escuro,
Ficava vazio o circo,
Encolhia-se num canto
Abria a voz de seu pranto
E sozinho, libertado,
Tirava um papel do bolso
E, com o dedo lambuzado,
No suor do próprio rosto,
Ia escrevendo, escrevendo
Em poemas, seu calvário
De pobre palhaço risonho,
Enfim assumindo o vulto
Dessoutro sério, tristonho.
Encolhido no seu canto
Descobria enfim o choro
Do ai profundo, seu Fado
Ser poeta alistado
De peito dilacerado...
Esquecendo então ser mudo
Soava o alto carpido
Estremecido, enfim solto.
Mau grado tendo o pano
Da tenda para abafá-lo
Soava tão dolorido
Que alarmava todo o povo
Perturbando-lhe o sono
Mal o amanhecia o dia
Punha-se a varrer a areia
E ao papel que escrevera,
Usando a tinta da cara,
Em confetes o rasgava
Ia enfim lavar a cara
E de novo, pintalgava
um semblante de alegria.
Tomava assento a plateia
Entrava o palhaço em cena
... No brilho da noite, ria!
Poeta, conto-te um caso
Que conheço bem de perto:
Era uma vez um palhaço
Pobre e roto, caricato
De narizinho redondo
De um carmesim esfolado.
Entrava em cena quando
Nos bastidores do circo
Se maquilhava um outro
Que usava fato bordado
Riso pintado no rosto
Chapéu como o de Tartufo
Cantava em voz de contralto...
O palhaço de que falo
Voava em cada salto
Como se o levasse um sonho
Não se ria no entanto
E ficava sempre mudo.
Quando se achava no escuro,
Ficava vazio o circo,
Encolhia-se num canto
Abria a voz de seu pranto
E sozinho, libertado,
Tirava um papel do bolso
E, com o dedo lambuzado,
No suor do próprio rosto,
Ia escrevendo, escrevendo
Em poemas, seu calvário
De pobre palhaço risonho,
Enfim assumindo o vulto
Dessoutro sério, tristonho.
Encolhido no seu canto
Descobria enfim o choro
Do ai profundo, seu Fado
Ser poeta alistado
De peito dilacerado...
Esquecendo então ser mudo
Soava o alto carpido
Estremecido, enfim solto.
Mau grado tendo o pano
Da tenda para abafá-lo
Soava tão dolorido
Que alarmava todo o povo
Perturbando-lhe o sono
Mal o amanhecia o dia
Punha-se a varrer a areia
E ao papel que escrevera,
Usando a tinta da cara,
Em confetes o rasgava
Ia enfim lavar a cara
E de novo, pintalgava
um semblante de alegria.
Tomava assento a plateia
Entrava o palhaço em cena
... No brilho da noite, ria!
A Felicidade das Pequenas Coisas
Que felicidade
Acordar e ver a cor do céu!
Tomar um banho com sabão
Beber um café fumegando
Abrir o trinco da porta
E sair em passeio
Levando um caderno e um livro.
Sentar na esplanada da praça
A ver as crianças brincando.
Dar migalhas aos pombos na palma da mão
E ficar em sustida alegria sorrindo
Quando um pardal se afoita em sentar-se à mesa.
Que felicidade
Olhar o céu e desenhar com os olhos
Paisagens de nuvens coloridas!
Ver os barcos que levam saudades vagarosas
No azul do rio que se lança no abraço do oceano
Que bom o aroma
Dos ramos das floristas mergulhados nos baldes de zinco
Florindo as esquinas de arco-íris!
Convidando quem passa em solidário aroma,
Que bom o pão fresco na padaria
Onde se derrete a manteiga!
Que delicia inigualável a do leite das manhãs!
Entrar em casa, pisar o tapete,
E ao rodar da chave, a saudação
Dos pipilos dos pássaros contentes!
Escutar uma canção enquanto se inventa o almoço
Escutar as notícias e saber de toda a gente
Por vezes com lágrimas, por vezes com sorrisos....
E abrir uma janela de magia
Aonde o mundo se reúne em diálogo
Num ponto de encontro chamado Amizade!
Que felicidade
Acordar e ver a cor do céu!
Tomar um banho com sabão
Beber um café fumegando
Abrir o trinco da porta
E sair em passeio
Levando um caderno e um livro.
Sentar na esplanada da praça
A ver as crianças brincando.
Dar migalhas aos pombos na palma da mão
E ficar em sustida alegria sorrindo
Quando um pardal se afoita em sentar-se à mesa.
Que felicidade
Olhar o céu e desenhar com os olhos
Paisagens de nuvens coloridas!
Ver os barcos que levam saudades vagarosas
No azul do rio que se lança no abraço do oceano
Que bom o aroma
Dos ramos das floristas mergulhados nos baldes de zinco
Florindo as esquinas de arco-íris!
Convidando quem passa em solidário aroma,
Que bom o pão fresco na padaria
Onde se derrete a manteiga!
Que delicia inigualável a do leite das manhãs!
Entrar em casa, pisar o tapete,
E ao rodar da chave, a saudação
Dos pipilos dos pássaros contentes!
Escutar uma canção enquanto se inventa o almoço
Escutar as notícias e saber de toda a gente
Por vezes com lágrimas, por vezes com sorrisos....
E abrir uma janela de magia
Aonde o mundo se reúne em diálogo
Num ponto de encontro chamado Amizade!
Olho o circo, do círculo
Tento o equilíbrio do equilibrista
Fascinam-me as luzes que perpassam
As mentes luminosas que me cercam, me envolvem e rodeiam
Fascina-me a Arte.
Tento desajeitadamente acompanhar o gracioso ballet
Em que bailam as palavras que passam
Espanto-me com tanto talento escondido
E tanta incompetência gritando lá fora.
Dói-me a injustiça dos mass media
Dói-me haver tantas crianças sem escola
Dói-me o descompasso em que seguimos
Tentando não desabar num mar
De lágrimas
Com todas as forças, agarro-me às cordas minha guitarra
E tento contrariar a tristeza.
Tento o equilíbrio do equilibrista
Fascinam-me as luzes que perpassam
As mentes luminosas que me cercam, me envolvem e rodeiam
Fascina-me a Arte.
Tento desajeitadamente acompanhar o gracioso ballet
Em que bailam as palavras que passam
Espanto-me com tanto talento escondido
E tanta incompetência gritando lá fora.
Dói-me a injustiça dos mass media
Dói-me haver tantas crianças sem escola
Dói-me o descompasso em que seguimos
Tentando não desabar num mar
De lágrimas
Com todas as forças, agarro-me às cordas minha guitarra
E tento contrariar a tristeza.
Se bem que reluzas e eu estremeça
Húmida vela ansiosa à tua beira
Na beira te observo
Fazendo negaças com outras
Tremendo e fingindo que nem te vejo
Ris de luz para que eu veja quanto brincas
Embora aspires que te mostre o meu desejo
Afim de me levares nu imensurável mergulho
De tua volúpia que dança
Com a minha às escondidas
Dizes tanto que me queres
E lês no meu silêncio como num livro aberto
Mas eu sufoco o suspiro dentro do peito
E agarro o coração em fuga
Que deseja o ninho de teu peito aberto
Preciso que entendas que não basta
Lançar-me contigo
Num voo delicioso
E ficar depois esquecida no fundo
Coberta de algas de esquecimento.
Bem podes brincar e rir com as ninfas,
Fazendo-me negaças, provocando-me ciúme!
Ficarei a enterrar-me caladamente na areia
Aonde te espraias e exaltas
Enterrarei comigo o constante sofrimento
Até que percebas que tomar-me é beber-te
Dissolver-me contigo num só
Como dois braços num mesmo rio
Indelevelmente; como se águas na foz.
Conhece-me e entende-me.
Fita-me e abraça-me inteiramente
De corpo e alma, indissoluvelmente.
Que enfim nosso beijo se prolongue sem tempo.
Que cada poro da nossa pele esqueça a quem pertence.
Abrigar-te-ei em mim, profundamente
Sem reservas. Aberta, livre e ansiosa
Trocando carícia por carícia, inteiramente tua
Nossas águas serão enfim só uma
No âmago de minha ria, meu delta na tua deriva.
Então faz-te tempestade em altas ondas
E arrebata-me como um barco que naufraga
Sem remissão, sem saudade do azul do céu de outrora.
Do sol que lhe escapa para sempre
Pois mergulha feliz no abismo que apetece.
Não abafes meus gritos, que não sou de silêncios.
Sou como as gaivotas que gritam enquanto sobrevoam as águas
E não temem fazer ninhos que flutuam.
Explode dentro de mim bem fundo
Deixa que o rubor de meus mamilos erectos
Se desvaneça de encontro ao teu peito
No ritmo de nossos corações descompassados.
Escuta-me então ao dizer quanto te amo
Como louca que se repete, porque fala minha alma
Do fundo de sua nudez quase inconsciente.
Fiquemos unidos num longo abraço
Numa comunhão que pacifique os nossos sentidos exaltados
Até que um sono profundo nos tome e nos refaça
Para acordarmos felizes na ventura da entrega
Na retoma da batalha inefável, mútua conquista
Em que ambos somos conquistadores conquistados
Bem podes, entretanto, dizer que me queres, com olhares de soslaio
Enquanto brincas em negaças com as outras!
Ficarei tremendo ansiosa à tua beira
Até que entendas que entregar-me significa
Dissolver-me contigo numa fusão de infinito!
Húmida vela ansiosa à tua beira
Na beira te observo
Fazendo negaças com outras
Tremendo e fingindo que nem te vejo
Ris de luz para que eu veja quanto brincas
Embora aspires que te mostre o meu desejo
Afim de me levares nu imensurável mergulho
De tua volúpia que dança
Com a minha às escondidas
Dizes tanto que me queres
E lês no meu silêncio como num livro aberto
Mas eu sufoco o suspiro dentro do peito
E agarro o coração em fuga
Que deseja o ninho de teu peito aberto
Preciso que entendas que não basta
Lançar-me contigo
Num voo delicioso
E ficar depois esquecida no fundo
Coberta de algas de esquecimento.
Bem podes brincar e rir com as ninfas,
Fazendo-me negaças, provocando-me ciúme!
Ficarei a enterrar-me caladamente na areia
Aonde te espraias e exaltas
Enterrarei comigo o constante sofrimento
Até que percebas que tomar-me é beber-te
Dissolver-me contigo num só
Como dois braços num mesmo rio
Indelevelmente; como se águas na foz.
Conhece-me e entende-me.
Fita-me e abraça-me inteiramente
De corpo e alma, indissoluvelmente.
Que enfim nosso beijo se prolongue sem tempo.
Que cada poro da nossa pele esqueça a quem pertence.
Abrigar-te-ei em mim, profundamente
Sem reservas. Aberta, livre e ansiosa
Trocando carícia por carícia, inteiramente tua
Nossas águas serão enfim só uma
No âmago de minha ria, meu delta na tua deriva.
Então faz-te tempestade em altas ondas
E arrebata-me como um barco que naufraga
Sem remissão, sem saudade do azul do céu de outrora.
Do sol que lhe escapa para sempre
Pois mergulha feliz no abismo que apetece.
Não abafes meus gritos, que não sou de silêncios.
Sou como as gaivotas que gritam enquanto sobrevoam as águas
E não temem fazer ninhos que flutuam.
Explode dentro de mim bem fundo
Deixa que o rubor de meus mamilos erectos
Se desvaneça de encontro ao teu peito
No ritmo de nossos corações descompassados.
Escuta-me então ao dizer quanto te amo
Como louca que se repete, porque fala minha alma
Do fundo de sua nudez quase inconsciente.
Fiquemos unidos num longo abraço
Numa comunhão que pacifique os nossos sentidos exaltados
Até que um sono profundo nos tome e nos refaça
Para acordarmos felizes na ventura da entrega
Na retoma da batalha inefável, mútua conquista
Em que ambos somos conquistadores conquistados
Bem podes, entretanto, dizer que me queres, com olhares de soslaio
Enquanto brincas em negaças com as outras!
Ficarei tremendo ansiosa à tua beira
Até que entendas que entregar-me significa
Dissolver-me contigo numa fusão de infinito!
SEM MAIS
SEM MAIS UM SÚBITO CLARÃO ME DEIXOU CEGA!
SEM MAIS, DESPERTARAM TODAS
AS AVES DOS CÉUS
TODAS AS CORES E ONDAS E TODAS AS ÁGUAS
E BORBOLETAS
E SOARAM AS MAIS BELAS MÚSICAS,
E MEU CORAÇÃO EMBARCOU EMBARCOU LOUCAMENTE FELIZ!
SEM MAIS O ECLIPSE FEZ-SE.
EU CEGA,
PROCURO NO OCASO QUE DEIXEI
O SILÊNCIO. AQUELE SILÊNCIO ONDE ME OUVIA
EM QUE MUDA SEGUIA
NA CAUDA
AZUL DE UMA PEQUENA ESTRELA.
SEM MAIS UM SÚBITO CLARÃO ME DEIXOU CEGA!
SEM MAIS, DESPERTARAM TODAS
AS AVES DOS CÉUS
TODAS AS CORES E ONDAS E TODAS AS ÁGUAS
E BORBOLETAS
E SOARAM AS MAIS BELAS MÚSICAS,
E MEU CORAÇÃO EMBARCOU EMBARCOU LOUCAMENTE FELIZ!
SEM MAIS O ECLIPSE FEZ-SE.
EU CEGA,
PROCURO NO OCASO QUE DEIXEI
O SILÊNCIO. AQUELE SILÊNCIO ONDE ME OUVIA
EM QUE MUDA SEGUIA
NA CAUDA
AZUL DE UMA PEQUENA ESTRELA.
Clara insônia
Cerrar as pálpebras,
senti-las cair pesadas
como no outono
as pétalas às rosas...
Mas não!
Toma conta de mim
tal inquietação
tal delírio de prosas
tal aurora de poesias
soltas brisas,
que me quedo insone
voadora peregrina
na asa
da minha própria sombra
frágil
tão frágil e tão pequena
desassossegada
clamo ao que me cerca
e me assombra
de dor humana
Ser ínfima poeira
acordada
ver tanta injustiça e cegueira
e não poder fazer nada!
Cerrar as pálpebras,
senti-las cair pesadas
como no outono
as pétalas às rosas...
Mas não!
Toma conta de mim
tal inquietação
tal delírio de prosas
tal aurora de poesias
soltas brisas,
que me quedo insone
voadora peregrina
na asa
da minha própria sombra
frágil
tão frágil e tão pequena
desassossegada
clamo ao que me cerca
e me assombra
de dor humana
Ser ínfima poeira
acordada
ver tanta injustiça e cegueira
e não poder fazer nada!
quarta-feira, janeiro 28, 2004
ANDAVA O GAFANHOTO
NA SUA VIDINHA
EIS SENÃO QUANDO
AI!
CAI-LHE O CÉU EM CIMA.
O CÉU?!
QUAL!
A LÍNGUA
DE UMA LAGARTIXA
QUE HÁ MUITO O ESPREITAVA
COITADINHA
A APANHAR SOL
DESDE MANHÃZINHA.
JÁ ESTAVA A SENTIR
UM CERTO
VAGO VAZIO
LÁ NA BARRIGUINHA...
VEIO-LHE MESMO A CALHAR
O ALMOÇO
AI, SE VINHA!
... E O GAFANHOTO....
OUVIRA CONTAR, NO OVO,
QUE É ASSIM A VIDA:
O MAIOR
AO MAIS PEQUENO
ACABA COM A ALEGRIA
DEIXA-SE PAPAR CONFORMADO
COM O SEU PAPEL DE PAPADO
NA LONGA CADEIA DA VIDA
AINDA LUTA E ESTREBUCHA,
COM A SUA PATA EM SERRILHA
MAS QUÊ!
JÁ MARCHA
FRESCO E ESTALADIÇO
DELICIOSO ALMOÇO
DA SORTUD LAGARTIXA
NA SUA VIDINHA
EIS SENÃO QUANDO
AI!
CAI-LHE O CÉU EM CIMA.
O CÉU?!
QUAL!
A LÍNGUA
DE UMA LAGARTIXA
QUE HÁ MUITO O ESPREITAVA
COITADINHA
A APANHAR SOL
DESDE MANHÃZINHA.
JÁ ESTAVA A SENTIR
UM CERTO
VAGO VAZIO
LÁ NA BARRIGUINHA...
VEIO-LHE MESMO A CALHAR
O ALMOÇO
AI, SE VINHA!
... E O GAFANHOTO....
OUVIRA CONTAR, NO OVO,
QUE É ASSIM A VIDA:
O MAIOR
AO MAIS PEQUENO
ACABA COM A ALEGRIA
DEIXA-SE PAPAR CONFORMADO
COM O SEU PAPEL DE PAPADO
NA LONGA CADEIA DA VIDA
AINDA LUTA E ESTREBUCHA,
COM A SUA PATA EM SERRILHA
MAS QUÊ!
JÁ MARCHA
FRESCO E ESTALADIÇO
DELICIOSO ALMOÇO
DA SORTUD LAGARTIXA
Tocasse-te e...
Uma doce melodia
Desse toque surgiria
Nossas almas uniriam
Uma canção soaria
Enlaçada ficaria
Pairando
No espaço imenso
Nesse íntimo tão nosso
Seria um alegre canto
Seria um ridente brilho
Nossos corações tinindo
Um ao outro se entregando
Tocasse-te e nasceria
Uma nova melodia
De nossos corpos e almas
Em amor se completando....
Uma doce melodia
Desse toque surgiria
Nossas almas uniriam
Uma canção soaria
Enlaçada ficaria
Pairando
No espaço imenso
Nesse íntimo tão nosso
Seria um alegre canto
Seria um ridente brilho
Nossos corações tinindo
Um ao outro se entregando
Tocasse-te e nasceria
Uma nova melodia
De nossos corpos e almas
Em amor se completando....
LAVORES
Habituei-me a tricotar
No tempo
Camisolas de aconchego
Onde acalanto
A ternura
Mesmo quando
O frio da indiferença
Parece bater à porta.
Tenho bordado
Tanto lenço
De dizer adeus amigo!
Que nunca mais vejo
Mas guardo
Na saudade do meu peito.
Tecendo amizades
Remendo
Pequenas feridas abertas
Antes que fiquem em nesgas
Os hábitos em que estendemos
No estendal
Das nossas vidas.
....Têm picos as roseiras,
As rosas, são coloridas
São macias e vistosas,
Requerem lavores, cautelas
As flores
Para manter-se belas!
Habituei-me a tricotar
No tempo
Camisolas de aconchego
Onde acalanto
A ternura
Mesmo quando
O frio da indiferença
Parece bater à porta.
Tenho bordado
Tanto lenço
De dizer adeus amigo!
Que nunca mais vejo
Mas guardo
Na saudade do meu peito.
Tecendo amizades
Remendo
Pequenas feridas abertas
Antes que fiquem em nesgas
Os hábitos em que estendemos
No estendal
Das nossas vidas.
....Têm picos as roseiras,
As rosas, são coloridas
São macias e vistosas,
Requerem lavores, cautelas
As flores
Para manter-se belas!
ENCONTREI-TE, SAUDADE!
Adejam as tuas asas
Sobre as pétalas caídas
De minha rosa corola
Que aos poucos estiola.
Caíram quando tu eras
Uma águia que se avista
Qual ameaça que paira
Mas tão longe...mas tão vaga...
Agora, sinto na alma
O golpe da tua garra
E sobre mim, abatida,
Adejam as tuas asas
Translúcidas e impassíveis,
Vão-me inumando em cinzas!
Adejam as tuas asas
Sobre as pétalas caídas
De minha rosa corola
Que aos poucos estiola.
Caíram quando tu eras
Uma águia que se avista
Qual ameaça que paira
Mas tão longe...mas tão vaga...
Agora, sinto na alma
O golpe da tua garra
E sobre mim, abatida,
Adejam as tuas asas
Translúcidas e impassíveis,
Vão-me inumando em cinzas!
dentem-se em marasmo o barco
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
ceara
em novas ondas
de espr'ança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
ceara
em novas ondas
de espr'ança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
Porque se alivia a alma
quando se chora,
Se no momento que passa
o pranto é a dor que fica?
O pranto é um mar sem fundo,
deserto sem fim à fim à vista.
É um anjo de asas negras
que paira por toda a vida.
Ri-se do vento e do tempo
nenhuma mordaça o cala!
No fundo da nossa alma
ergue-se em espinhos e grita.
Fogo posto que consome
em rubras dores a esperança!
quando se chora,
Se no momento que passa
o pranto é a dor que fica?
O pranto é um mar sem fundo,
deserto sem fim à fim à vista.
É um anjo de asas negras
que paira por toda a vida.
Ri-se do vento e do tempo
nenhuma mordaça o cala!
No fundo da nossa alma
ergue-se em espinhos e grita.
Fogo posto que consome
em rubras dores a esperança!
Não há horizonte que baste
para o belo que procuro
essa luz atrás do escuro
a que me leva adiante
nenhum vento me detenha
que a força que me leva
esta asa branca que voa
adentro da minha alma
e que almeja só pureza,
viverá enquanto eu viva.
Sei que sou nada, sou terra,
pequena erva daninha,
meu olhar ao sol se eleva,
alta ânsia é a minha
urgente constante procura
pela paz que se adivinha
além de aonde se chega
se quer ir além ainda
Chamem-lhe Alma, Deus, Loucura!
Chamem-me doida varrida
Nada do É me interessa,
quero algo de além vida.
Não há tempo que me chegue
para o querer que procuro.
Para um luzir tão puro
no meu íntimo universo...
Quero subir, crescer, voar
além da própria beleza,
além de alguma certeza
... palavra por inventar.
para o belo que procuro
essa luz atrás do escuro
a que me leva adiante
nenhum vento me detenha
que a força que me leva
esta asa branca que voa
adentro da minha alma
e que almeja só pureza,
viverá enquanto eu viva.
Sei que sou nada, sou terra,
pequena erva daninha,
meu olhar ao sol se eleva,
alta ânsia é a minha
urgente constante procura
pela paz que se adivinha
além de aonde se chega
se quer ir além ainda
Chamem-lhe Alma, Deus, Loucura!
Chamem-me doida varrida
Nada do É me interessa,
quero algo de além vida.
Não há tempo que me chegue
para o querer que procuro.
Para um luzir tão puro
no meu íntimo universo...
Quero subir, crescer, voar
além da própria beleza,
além de alguma certeza
... palavra por inventar.
Poesia Viva
a poesia
é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre!
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo.
Mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto.
Mesmo quando eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato cerrado
à volta!
Mesmo quando
eu era eco
dos encerrados vivos mortos
nas prisões das borboletas.
Mesmo quando
foi Abril
e eu desabrochei com os cravos!
Mesmo no tempo
dos liláses nos meus olhos.
Soa dentro de mim,
balada.
Soa dentro de mim,
búzio,som de mistério,
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
compulsiva
que sonho
que escrevo.
a poesia
é um fio
onde está suspenso
o meu sorriso
desde sempre
e para sempre!
mesmo quando
eu era areia
e o mar se afogava
no meu colo.
Mesmo quando
eu era rola
de olhos de espanto.
Mesmo quando eu era láparo
a correr de toca em toca
e só via mato cerrado
à volta!
Mesmo quando
eu era eco
dos encerrados vivos mortos
nas prisões das borboletas.
Mesmo quando
foi Abril
e eu desabrochei com os cravos!
Mesmo no tempo
dos liláses nos meus olhos.
Soa dentro de mim,
balada.
Soa dentro de mim,
búzio,som de mistério,
esse som de magia
que permanece
que fica
a pairar na música viva
compulsiva
que sonho
que escrevo.
Com um sorrizinho nos olhos
fico.
Se tu me sorris,
com um sorrizinho
respondo
merci!
Com um sorriso me rio
Se de mim te ris,
que por última fico
logo, a rir continuo!
Bem basta o amuo
do que amanhece
já demais sisudo
e vai para o trabalho
automático
no contrabalanço
do autocarro
superlotado.
Eu cá, sorrio!
Corro por gosto!
fico.
Se tu me sorris,
com um sorrizinho
respondo
merci!
Com um sorriso me rio
Se de mim te ris,
que por última fico
logo, a rir continuo!
Bem basta o amuo
do que amanhece
já demais sisudo
e vai para o trabalho
automático
no contrabalanço
do autocarro
superlotado.
Eu cá, sorrio!
Corro por gosto!
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
só perto do meu olhar!
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A Lira e Cravo
Se deram as mãos
Fico nas nuvens
A vê-los passar
Vão a sorrir
Passeando na tarde
E eu tão sozinha
A olhar
De longe vejo
Um beijo escondido
De flor musical.
Tilinta
O riso
De felicidade
Que é verde o riso
De todo o que ama
Vermelho o sol
E as estrelas brincam
Vogando no azul
A Lira e Cravo
Se deram as mãos
Fico nas nuvens
A vê-los passar
Vão a sorrir
Passeando na tarde
E eu tão sozinha
A olhar
De longe vejo
Um beijo escondido
De flor musical.
Tilinta
O riso
De felicidade
Que é verde o riso
De todo o que ama
Vermelho o sol
E as estrelas brincam
Vogando no azul
o oito é um número
mistério
número gémeo
dois circulos
unidos
ao
centro
Deitado, é o infinito
No meio dos outros
tem um desenho
perfeito
regular
simétrico
Figuração de mulher.
Apresenta-se de pé
altivo
maiúsculo
O que tem o oito?
quatro pares de dois,
é mágico
Vê-se logo,
basta olhá-lo
Redondo sobre redondo
olhando do alto,
é um oito
aberto,
a barra do Tejo!
mistério
número gémeo
dois circulos
unidos
ao
centro
Deitado, é o infinito
No meio dos outros
tem um desenho
perfeito
regular
simétrico
Figuração de mulher.
Apresenta-se de pé
altivo
maiúsculo
O que tem o oito?
quatro pares de dois,
é mágico
Vê-se logo,
basta olhá-lo
Redondo sobre redondo
olhando do alto,
é um oito
aberto,
a barra do Tejo!
terça-feira, janeiro 27, 2004
sobrevivi vendo
resistindo com mansidão
a questão não está na violência
mas na permanente
observação
e na subtileza
costumo imaginar-me
como uma gazela na savana
espertas orelhas alertas
faro e olhos despertos
se a perseguem
da meia dúzia
de valentes saltos
para que o perseguidor
desista
a seguir deita-se
na grama
camuflada
sem folego nem,
para mais um salto...
É Março.
Por esta altura
Todo o chão é de erva tenra
Ora verde ora amarela
Tantas as flores surgindo
Do sono invernal que finda
Vestem-se árvores de noiva
Cruzam-se linhas de sombra
Sob os raminhos floridos
De encontro ao céu azul
Ai abrir-me nele qual asa!
Penetrá-lo e perder-me
Dentro da paz infinita
Como se o ar me tragasse
Me sugasse, me embebesse
Desaparecendo fosse
A sorrir, sempre mais alto
Donde pudesse ver tudo
Fundindo-se, meu irmão!
Sem outra diferença que não
Conter vosso coração
Batendo-me dentro do peito
E olhar melhor se estando
Já meio fora do mundo
É Março
Tudo renasce mas
Neste meio tempo treme
Em suspense, a paz do mundo
Por esta altura
Todo o chão é de erva tenra
Ora verde ora amarela
Tantas as flores surgindo
Do sono invernal que finda
Vestem-se árvores de noiva
Cruzam-se linhas de sombra
Sob os raminhos floridos
De encontro ao céu azul
Ai abrir-me nele qual asa!
Penetrá-lo e perder-me
Dentro da paz infinita
Como se o ar me tragasse
Me sugasse, me embebesse
Desaparecendo fosse
A sorrir, sempre mais alto
Donde pudesse ver tudo
Fundindo-se, meu irmão!
Sem outra diferença que não
Conter vosso coração
Batendo-me dentro do peito
E olhar melhor se estando
Já meio fora do mundo
É Março
Tudo renasce mas
Neste meio tempo treme
Em suspense, a paz do mundo
Quem é esta sereia
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua?
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua?
Mar berço meu
Que eras verde
No tempo
Em que eu velava,
Amparava e sorria...
Hoje és vagante cinza
E eu meiga
Guardando amarras
Na memória
Dos compassos
Em que os braços
Nus, heróicos,
Rumavam sendas aos lemes
E puxavam os velames
Se nos teus ocasos roxos
Te desvendavas em ouros.
Grita esfaimada a gaivota
Sobre a muda calmaria
Que só areia vislumbra....
Minha vela fulge ainda
Mas sozinha, desabrida.
Sopra o vento de nortada
As estrelas jazem na bruma
Nenhum farol luz na barra
Mas hei-de virar o Cabo
E hei-de marcar este dia
De Bojador desvendado!
Passei de além amargura
Nada de pior me resta,
Só posso esperar
... Ventura!
Que eras verde
No tempo
Em que eu velava,
Amparava e sorria...
Hoje és vagante cinza
E eu meiga
Guardando amarras
Na memória
Dos compassos
Em que os braços
Nus, heróicos,
Rumavam sendas aos lemes
E puxavam os velames
Se nos teus ocasos roxos
Te desvendavas em ouros.
Grita esfaimada a gaivota
Sobre a muda calmaria
Que só areia vislumbra....
Minha vela fulge ainda
Mas sozinha, desabrida.
Sopra o vento de nortada
As estrelas jazem na bruma
Nenhum farol luz na barra
Mas hei-de virar o Cabo
E hei-de marcar este dia
De Bojador desvendado!
Passei de além amargura
Nada de pior me resta,
Só posso esperar
... Ventura!
NASCI ONTEM
QUE ESPERAVAS?
QUE ROMPESSE
COM GARRAS
O VENTRE
DE MINHA MÃE?
QUE UIVASSE
INJÚRIAS
MAL OS OLHOS
ABRISSE?
VEJO A LUZ CLARA
VIVA
NÃO TRAGO DEFESAS
NÃO SEI DA MENTIRA
SORRIO E CHORO,
EIS TUDO.
AH SE ME EMBALAM
SE ME EMBALAM
SE ME CANTAM
SE DURMO
NASCI ONTEM
SEM MALDADE
ENTENDO OS BRAÇOS
APELO
E
VOU
DE COLO EM COLO
SEM CONHECER
NADA
NENHUM
NA INOCÊNCIA
MOLESTAM-ME
BATEM-ME
FALTAM-ME
QUE QUEIXAS
TERÃO DE MIM
QUE AINDA AGORA
NASCI
E DAQUI A POUCO
PARTO
DE NOVO?!
QUE ESPERAVAS?
QUE ROMPESSE
COM GARRAS
O VENTRE
DE MINHA MÃE?
QUE UIVASSE
INJÚRIAS
MAL OS OLHOS
ABRISSE?
VEJO A LUZ CLARA
VIVA
NÃO TRAGO DEFESAS
NÃO SEI DA MENTIRA
SORRIO E CHORO,
EIS TUDO.
AH SE ME EMBALAM
SE ME EMBALAM
SE ME CANTAM
SE DURMO
NASCI ONTEM
SEM MALDADE
ENTENDO OS BRAÇOS
APELO
E
VOU
DE COLO EM COLO
SEM CONHECER
NADA
NENHUM
NA INOCÊNCIA
MOLESTAM-ME
BATEM-ME
FALTAM-ME
QUE QUEIXAS
TERÃO DE MIM
QUE AINDA AGORA
NASCI
E DAQUI A POUCO
PARTO
DE NOVO?!
No longe, entrevejo a Ilha:
Tem no porto ancorada
Uma bela nau, que brilha
De vela desarvorada!
Mas, Cabo da Boa Esperança
Adamastor anda à solta
E é tão funda esta água!
Aceno do Cabo da Roca,
Aquele onde a terra acaba....
Hasteio um lenço bordado,
Que trago sempre comigo
Para acobertar meu choro
Debruço-me no abismo
Mas é tão longo e tão escuro
O horizonte perdido!
O sol que roda no céu
Traz-me na luz teu apelo
E a lua leva a resposta
Mas o Cruzeiro do Sul
Não se move no céu nunca!
Tem no porto ancorada
Uma bela nau, que brilha
De vela desarvorada!
Mas, Cabo da Boa Esperança
Adamastor anda à solta
E é tão funda esta água!
Aceno do Cabo da Roca,
Aquele onde a terra acaba....
Hasteio um lenço bordado,
Que trago sempre comigo
Para acobertar meu choro
Debruço-me no abismo
Mas é tão longo e tão escuro
O horizonte perdido!
O sol que roda no céu
Traz-me na luz teu apelo
E a lua leva a resposta
Mas o Cruzeiro do Sul
Não se move no céu nunca!
Abismo
Onde me debruço
E te nego
Ai lançar-me
No ardor
Em que ardo!
Paz perdida
De mim
Que em ti se
Encontraria
Passo incerto
Que me leva
Mas recua
Deliciosa angústia
Liana estendida
Que diviso
Mas me cega
Ah lançar-me nua
Ausente de tudo
Levando comigo
Apenas e só
A coragem de
Ter-te e pertencer-te
Desvairadamente!
Onde me debruço
E te nego
Ai lançar-me
No ardor
Em que ardo!
Paz perdida
De mim
Que em ti se
Encontraria
Passo incerto
Que me leva
Mas recua
Deliciosa angústia
Liana estendida
Que diviso
Mas me cega
Ah lançar-me nua
Ausente de tudo
Levando comigo
Apenas e só
A coragem de
Ter-te e pertencer-te
Desvairadamente!
Arco-íris, sonharia?
Seguia eu, sonhadora
Na falda seca da duna.
Sequiosa anelava
O mar que fantasiava
De ondas, marés, espuma....
Caminhava alheada
Na rotina costumeira
Tocando a areia nua.
Ele surgiu-me do nada,
Como súbita neblina.
Abraçou a minha alma
E foi sede renascida.
Cada dia mais cerrada
A nuvem humedecia
Meus sonhos, que atraía
Remota fonte de bruma....
Sem mais, senti-me cingida
E minha aridez aspergida
Deu consigo trespassada
Pela nuvem que a roçava
... Arco-íris, sonharia?!
Seguia eu, sonhadora
Na falda seca da duna.
Sequiosa anelava
O mar que fantasiava
De ondas, marés, espuma....
Caminhava alheada
Na rotina costumeira
Tocando a areia nua.
Ele surgiu-me do nada,
Como súbita neblina.
Abraçou a minha alma
E foi sede renascida.
Cada dia mais cerrada
A nuvem humedecia
Meus sonhos, que atraía
Remota fonte de bruma....
Sem mais, senti-me cingida
E minha aridez aspergida
Deu consigo trespassada
Pela nuvem que a roçava
... Arco-íris, sonharia?!
ENCANTO MEU
NÃO ME CANTES
PORQUE
SE EU TAMBÉM
TE CANTO
PODE QUEBRAR-SE
O ENCANTO
ONDE ME ESCUTAS
TE OIÇO
UM OUTRO CANTOU
EM TEMPO
TANTO POEMA
DE ENCANTO
EM MEU OLHAR
MEU SENTIDO
ME TROUXE TANTO
EN-CANTO
ME FEZ PERDER
O JUÍZO
E HOJE
TÃO SÓ COMIGO
PERGUNTO
ONDE ESTÁS
QUE NÃO TE VEJO,
ONDE ME ENCONTRO
QUE VOU TÃO SOLTA
SE PRESA
TÃO PRESA
NA SAUDADE
DESSE ABRAÇO
QUE QUERO MAS
ANDO ÀS CLARAS
NO ESCURO
E NÃO ME POSSO
PERDER
QUE NÃO TENHO
A MIM MESMA
NEM SEQUER
ESSE A QUEM
TE CONFESSO
AINDA E TANTO
QUERER!
NÃO ME CANTES
PORQUE
SE EU TAMBÉM
TE CANTO
PODE QUEBRAR-SE
O ENCANTO
ONDE ME ESCUTAS
TE OIÇO
UM OUTRO CANTOU
EM TEMPO
TANTO POEMA
DE ENCANTO
EM MEU OLHAR
MEU SENTIDO
ME TROUXE TANTO
EN-CANTO
ME FEZ PERDER
O JUÍZO
E HOJE
TÃO SÓ COMIGO
PERGUNTO
ONDE ESTÁS
QUE NÃO TE VEJO,
ONDE ME ENCONTRO
QUE VOU TÃO SOLTA
SE PRESA
TÃO PRESA
NA SAUDADE
DESSE ABRAÇO
QUE QUERO MAS
ANDO ÀS CLARAS
NO ESCURO
E NÃO ME POSSO
PERDER
QUE NÃO TENHO
A MIM MESMA
NEM SEQUER
ESSE A QUEM
TE CONFESSO
AINDA E TANTO
QUERER!
A voz do amor solta se ergue
o meu sonho te procura e segue
certo no tempo incerto
incessantemente ao teu encontro
volta vazio de teu olhar
saudoso do teu sorriso
do teu cheiro no meu cabelo solto
derramado no teu peito
ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
como todos os caminhos da ternura
vão do meu para o teu coração!
meus ouvidos enlevados escutam a tua voz
mas todos os meus poros anseiam pelos teus dedos
e a minha boca perdeu o dom de sorrir
pela tua ansiosa...
o meu sonho te procura e segue
certo no tempo incerto
incessantemente ao teu encontro
volta vazio de teu olhar
saudoso do teu sorriso
do teu cheiro no meu cabelo solto
derramado no teu peito
ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
como todos os caminhos da ternura
vão do meu para o teu coração!
meus ouvidos enlevados escutam a tua voz
mas todos os meus poros anseiam pelos teus dedos
e a minha boca perdeu o dom de sorrir
pela tua ansiosa...
Ouso sonegar do sol
A mim, a folha dourada
Que o teu traçado inflama
E me deixa insana a escrita
Lira minha, toca branda
Que é quase chegada a hora
De te calares, vespertina
Mas meu sangue desatina
Rubra rosa que estremece
Chão longe de secar ainda
Sonha o orvalho e treme
Mas ai, tão só a geada
Me espera além da janela
Onde o olhar se embaraça
E a face se ruboriza.....
A mim, a folha dourada
Que o teu traçado inflama
E me deixa insana a escrita
Lira minha, toca branda
Que é quase chegada a hora
De te calares, vespertina
Mas meu sangue desatina
Rubra rosa que estremece
Chão longe de secar ainda
Sonha o orvalho e treme
Mas ai, tão só a geada
Me espera além da janela
Onde o olhar se embaraça
E a face se ruboriza.....
Para te amar qual flor
Que cresce na fenda da rocha
Feliz na sua penumbra
Resguardada da inclemência
Acesa ao sol do meio-dia
Ternamente entreaberta,
Num rochedo de lonjura
Informada da procura
Ao perpassar tua asa
No ar extenso que me cerca
Ao longe ver tua vela
Que se ilumina de alvura
E eu flor na rocha presa
Conformada em ser cativa
Oculta na doce sombra!
Vendo-te, porém tão longe!
Na aba esquerda da ilha
Na saudade inusitada
De jamais ser encontrada
Mas sabendo-me perdida!
Que cresce na fenda da rocha
Feliz na sua penumbra
Resguardada da inclemência
Acesa ao sol do meio-dia
Ternamente entreaberta,
Num rochedo de lonjura
Informada da procura
Ao perpassar tua asa
No ar extenso que me cerca
Ao longe ver tua vela
Que se ilumina de alvura
E eu flor na rocha presa
Conformada em ser cativa
Oculta na doce sombra!
Vendo-te, porém tão longe!
Na aba esquerda da ilha
Na saudade inusitada
De jamais ser encontrada
Mas sabendo-me perdida!
Olha-me: não me escondo!
Por amor de ti palpito
Por amor de ti sustenho
A vida que vou sofrendo.
Guarda-me, amor, no teu peito
Aninha-me no teu colo
Protege o meu desamparo.
Preciso de ti, ai quanto!
Em troca, a ti me entrego
Sem reservas, num encanto.
Sou feita de doce pranto
Sou suave como um beijo,
Sou pomba branca pousada
No peitoril da janela
Esperando... esperando...
Por amor de ti palpito
Por amor de ti sustenho
A vida que vou sofrendo.
Guarda-me, amor, no teu peito
Aninha-me no teu colo
Protege o meu desamparo.
Preciso de ti, ai quanto!
Em troca, a ti me entrego
Sem reservas, num encanto.
Sou feita de doce pranto
Sou suave como um beijo,
Sou pomba branca pousada
No peitoril da janela
Esperando... esperando...
Sou moçárabe mourisca
Olhos de escuro carvão
Afogo no claro brilho
De meus véus, teu coração
Em almofadas de seda
Me sento, pernas traçadas
Insidiosas que escondem
Os segredos que lá estão
Mil-e-uma fantasias
Que ao dançar denuncio
Ao emir de minha alma
Que escolhi para o serão
Minhas mãos vão ondeando
Quais fontes de meu jardim
No mudo apelo à sede
Da fonte dentro de mim!
Olhos de escuro carvão
Afogo no claro brilho
De meus véus, teu coração
Em almofadas de seda
Me sento, pernas traçadas
Insidiosas que escondem
Os segredos que lá estão
Mil-e-uma fantasias
Que ao dançar denuncio
Ao emir de minha alma
Que escolhi para o serão
Minhas mãos vão ondeando
Quais fontes de meu jardim
No mudo apelo à sede
Da fonte dentro de mim!
SEDE DE TI
De beber nos meus o brilho de teus olhos
De beber nos meus o sabor de teus beijos
De me aninhar na doçura de teus braços
Das conversas intermináveis
Que nos transportavam em meandros de sonhos
Sede de ti!
De me aconchegar no teu colo
Da certeza de ser tão tua e tu tão meu
De morrer de amor e ressuscitar no céu
Aonde eu e tu indivisos passeávamos
Por nuvens tão firmes e amplas
Quanto nos sentíamos leves plumas
Em ares de infinidade lançadas!
De beber nos meus o brilho de teus olhos
De beber nos meus o sabor de teus beijos
De me aninhar na doçura de teus braços
Das conversas intermináveis
Que nos transportavam em meandros de sonhos
Sede de ti!
De me aconchegar no teu colo
Da certeza de ser tão tua e tu tão meu
De morrer de amor e ressuscitar no céu
Aonde eu e tu indivisos passeávamos
Por nuvens tão firmes e amplas
Quanto nos sentíamos leves plumas
Em ares de infinidade lançadas!
Beijo-te os olhos
Onde pássaros
Fizeram ninhos
Os lábios calados
Os dedos quietos
Outrora havia
Aves secretas
Trazendo mágoas nos bicos
Embebedadas de ânsias
O meu sorriso olhavas
E nos meus olhos janelas
Todos os males esquecias
Nas brasas que neles vias
Alegre, te incendiavas
Ardem ainda, as brasas,
Mas já não vens apagá-las!
Minha boca está tremendo
Em acento circunflexo
Mas em vão espero teu beijo!
Na subterrânea ternura
Meu coração jaze em cinza
Estéril vergel donde brota
Tanta flor feita lembrança
Que se evola... borboleta!
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Beijo-te os olhos
Onde pássaros
Fizeram ninhos
Os lábios calados
Os dedos quietos
Outrora havia
Aves secretas
Trazendo mágoas nos bicos
Embebedadas de ânsias
O meu sorriso olhavas
E nos meus olhos janelas
Todos os males esquecias
Nas brasas que neles vias
Alegre, te incendiavas
Ardem ainda, as brasas,
Mas já não vens apagá-las!
Minha boca está tremendo
Em acento circunflexo
Mas em vão espero teu beijo!
Na subterrânea ternura
Meu coração jaze em cinza
Estéril vergel donde brota
Tanta flor feita lembrança
Que se evola... borboleta!
Beijo-te os olhos
Onde pássaros
Fizeram ninhos
Os lábios calados
Os dedos quietos
Outrora havia
Aves secretas
Trazendo mágoas nos bicos
Embebedadas de ânsias
O meu sorriso olhavas
E nos meus olhos janelas
Todos os males esquecias
Nas brasas que neles vias
Alegre, te incendiavas
Ardem ainda, as brasas,
Mas já não vens apagá-las!
Minha boca está tremendo
Em acento circunflexo
Mas em vão espero teu beijo!
Na subterrânea ternura
Meu coração jaze em cinza
Estéril vergel donde brota
Tanta flor feita lembrança
Que se evola... borboleta!
De olhos cerrados
te abraço
sinto-te
dentro do meu peito
onde o coração
fala mais alto
É teu o meu corpo
tremendo
ausente do teu
há tanto tempo
sempre
constante
habitas
inflamas
em loucura
todos os meus
sentimentos
pensamentos
que me habitam
na tua sombra viajam
em volutas
em lembranças
de tantos carinhos
trocados
nossos dois corpos colados
no ar meus gritos
teus ais
suspiros ternos
tão nossos
recordados
sofridos
de ausência
em chama
meu inteiro ser
te chama
volta!
meus lábios pedem aos teus
minha urgência
diz à tua
volta!
Quando fechar os meus olhos
quando cerrar os meus braços
quero a alegre certeza
de ti em mim
inteiro
e não somente
o sonho
meu louco sonho
de amar-te no vazio,
apaixonada
memória.
te abraço
sinto-te
dentro do meu peito
onde o coração
fala mais alto
É teu o meu corpo
tremendo
ausente do teu
há tanto tempo
sempre
constante
habitas
inflamas
em loucura
todos os meus
sentimentos
pensamentos
que me habitam
na tua sombra viajam
em volutas
em lembranças
de tantos carinhos
trocados
nossos dois corpos colados
no ar meus gritos
teus ais
suspiros ternos
tão nossos
recordados
sofridos
de ausência
em chama
meu inteiro ser
te chama
volta!
meus lábios pedem aos teus
minha urgência
diz à tua
volta!
Quando fechar os meus olhos
quando cerrar os meus braços
quero a alegre certeza
de ti em mim
inteiro
e não somente
o sonho
meu louco sonho
de amar-te no vazio,
apaixonada
memória.
morro de saudade
nada há que me console
poema algum que a lave
palavra alguma que role
tanta dor de ti silente
dentro da minha clausura
vibrante seta que fura
minha alma transparente
que neste silêncio grita
ais de mim e de lonjura
que partem de mim segura
se com a tua se encontra
se aos teus abraços se lança
como fonte de água pura.
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morro de saudade
nada há que me console
poema algum que a lave
palavra alguma que role
tanta dor de ti silente
dentro da minha clausura
vibrante seta que fura
minha alma transparente
que neste silêncio grita
ais de mim e de lonjura
que partem de mim segura
se com a tua se encontra
se aos teus abraços se lança
como fonte de água pura.
morro de saudade
nada há que me console
poema algum que a lave
palavra alguma que role
tanta dor de ti silente
dentro da minha clausura
vibrante seta que fura
minha alma transparente
que neste silêncio grita
ais de mim e de lonjura
que partem de mim segura
se com a tua se encontra
se aos teus abraços se lança
como fonte de água pura.
Vagueio
Entre terra e céu
Buscando um pouso
Tal um barco
Derivando
Procura um porto
Quero um farol
Que me ilumine
O desespero
Busco uma rota
Denego a âncora
Além ventura
Pende no mastro
A minha alma
Vela arriada
Como uma asa
Que se despena
Como uma flor
Que se desfolha
Na vaga aurora
Sem divisar
Sequer a sombra
Da sua queda.
Entre terra e céu
Buscando um pouso
Tal um barco
Derivando
Procura um porto
Quero um farol
Que me ilumine
O desespero
Busco uma rota
Denego a âncora
Além ventura
Pende no mastro
A minha alma
Vela arriada
Como uma asa
Que se despena
Como uma flor
Que se desfolha
Na vaga aurora
Sem divisar
Sequer a sombra
Da sua queda.
De passagem
venho falar-te da gralha
banhando-se
no fumo do teu cigarro
espanejando-se e saindo do teu cinzeiro abandonado
livre rebrilhando de negro azul qual fénix
para sair procurando seus pequenos cacos e nicos e ticos nadas
brilhos rebrilhos de azuis
usando ao inverso de ti e de mim
o mau para o bem
venho falar-te
da simples grandeza que existe na simplicidade
venho pedir-te. observa
há várias gerações que garça real pratica
na rã cirurgia genética
venho contar-te
de que tanto o gato doméstico se droga
na erva dos gatos que cresce espontânea no teu jardim
como o jaguar na trepadeira Iaga e livres prosperam
escondidos nas florestas da América do sul
enquanto os homens deixarem
em aparente contraste
venho falar-te
das renas
que escavam as neves espessas
em busca do cogumelo pintado de vermelho e branco
venho falar-te do povo sami
que vive na pré história em cadeia com a rena
e usa a sua urina para ter a ilusão que voa
tu fazes a festa do pai natal
qual de vos brinca de acreditar no quê?!
venho falar-te do lémur
embriagando-se na natureza
venho dizer-te que o pássaro do mel se alimenta mas nunca destroi a colmeia
venho pedir-te que acordes
sê és muito mais que uma besta humana
nota como todo o infinito se toca
pára e pensa!
venho falar-te da gralha
banhando-se
no fumo do teu cigarro
espanejando-se e saindo do teu cinzeiro abandonado
livre rebrilhando de negro azul qual fénix
para sair procurando seus pequenos cacos e nicos e ticos nadas
brilhos rebrilhos de azuis
usando ao inverso de ti e de mim
o mau para o bem
venho falar-te
da simples grandeza que existe na simplicidade
venho pedir-te. observa
há várias gerações que garça real pratica
na rã cirurgia genética
venho contar-te
de que tanto o gato doméstico se droga
na erva dos gatos que cresce espontânea no teu jardim
como o jaguar na trepadeira Iaga e livres prosperam
escondidos nas florestas da América do sul
enquanto os homens deixarem
em aparente contraste
venho falar-te
das renas
que escavam as neves espessas
em busca do cogumelo pintado de vermelho e branco
venho falar-te do povo sami
que vive na pré história em cadeia com a rena
e usa a sua urina para ter a ilusão que voa
tu fazes a festa do pai natal
qual de vos brinca de acreditar no quê?!
venho falar-te do lémur
embriagando-se na natureza
venho dizer-te que o pássaro do mel se alimenta mas nunca destroi a colmeia
venho pedir-te que acordes
sê és muito mais que uma besta humana
nota como todo o infinito se toca
pára e pensa!
Mãe,
De onde te veio esse sorriso
Na precaridade e no sofrimento?
Com que olhares me criavas?
Que de mim esperarias?
De onde a força que levavas
Na vida-breve, tormento?
Como pudeste prosseguir sabendo
Que nada além de maior dor te esperava,
Que nunca me criarias, como dizias,
e eu sabia que sabias?
Tanto lias... mas porque bordavas
E como Penélope tecias infinitas rendas
Por um Ulisses que não merecia as prendas
Dessas mãos imaculadas
Tão finas, de unhas cuidadas,
Mãos de menina que eras,
Que menina findarias?
Olhando o teu olhar estremeço
De orgulho e se me vejo no espelho
No meu olhar vejo o nosso
Mãe coragem, atravesso
As altas chamas do mundo
E como tu vou cantando
O Fado que, nos calhando,
Na nossa voz reconheço,
E de coragem recobro
Do pouco de ti que lembro
Vamos, na vida e na morte, sorrindo!
Para minha mãe, Alice de Jesus Gouveia Petronilho, 1932-1958
De onde te veio esse sorriso
Na precaridade e no sofrimento?
Com que olhares me criavas?
Que de mim esperarias?
De onde a força que levavas
Na vida-breve, tormento?
Como pudeste prosseguir sabendo
Que nada além de maior dor te esperava,
Que nunca me criarias, como dizias,
e eu sabia que sabias?
Tanto lias... mas porque bordavas
E como Penélope tecias infinitas rendas
Por um Ulisses que não merecia as prendas
Dessas mãos imaculadas
Tão finas, de unhas cuidadas,
Mãos de menina que eras,
Que menina findarias?
Olhando o teu olhar estremeço
De orgulho e se me vejo no espelho
No meu olhar vejo o nosso
Mãe coragem, atravesso
As altas chamas do mundo
E como tu vou cantando
O Fado que, nos calhando,
Na nossa voz reconheço,
E de coragem recobro
Do pouco de ti que lembro
Vamos, na vida e na morte, sorrindo!
Para minha mãe, Alice de Jesus Gouveia Petronilho, 1932-1958
Para te dizer do enlevo
Que trago no coração
Faria de minha voz brisa
E rumor de maré calma
Cantaria no idioma
Das folhinhas que despontam
Ao calor da primavera
Riria como um riacho
Saltando de seixo em seixo
E a voz de mil passarinhos
Soaria a teus ouvidos
Junto do meu coração
Cantaria na voz livre
Das baleias e golfinhos
Divertindo se
Entre bolhas e sorrisos
Seria eu voz eterna
A cantar uma canção!
Que trago no coração
Faria de minha voz brisa
E rumor de maré calma
Cantaria no idioma
Das folhinhas que despontam
Ao calor da primavera
Riria como um riacho
Saltando de seixo em seixo
E a voz de mil passarinhos
Soaria a teus ouvidos
Junto do meu coração
Cantaria na voz livre
Das baleias e golfinhos
Divertindo se
Entre bolhas e sorrisos
Seria eu voz eterna
A cantar uma canção!
Sopro e semeio pombas
na terra cega de ira
voem pombas brancas contra
Os estrondos e as chamas
eu semeio pombas brancas
ao escuro céu numa prece:
que levem a toda a terra
pão, ternura e alegria
calem os tiros e os prantos
apaguem as fogueiras de ira
sopro e semeio pombas
no céu escuro dessa guerra
p’ ra que o dia novo traga,
numa alvorada de esperança,
todas as cores da paz
na terra cega de ira
voem pombas brancas contra
Os estrondos e as chamas
eu semeio pombas brancas
ao escuro céu numa prece:
que levem a toda a terra
pão, ternura e alegria
calem os tiros e os prantos
apaguem as fogueiras de ira
sopro e semeio pombas
no céu escuro dessa guerra
p’ ra que o dia novo traga,
numa alvorada de esperança,
todas as cores da paz
De Abraçar os Sonhos
Menina sonhadora
morrerás acreditando
que asas de anjos perpassam
altas horas, de mansinho
soprando os teus pesadelos
nas noites só solidão;
menina que te desintegras
em carinhos de ilusão;
menina de olhos vidrados
postos na imensidão;
menina porque é que caminhas
sempre no gume do abismo
entre o nada e a ingratidão?
Levas os braços abertos
mas fica tão alto o céu
quanto acerado é o chão!
Menina sonhadora
morrerás acreditando
que asas de anjos perpassam
altas horas, de mansinho
soprando os teus pesadelos
nas noites só solidão;
menina que te desintegras
em carinhos de ilusão;
menina de olhos vidrados
postos na imensidão;
menina porque é que caminhas
sempre no gume do abismo
entre o nada e a ingratidão?
Levas os braços abertos
mas fica tão alto o céu
quanto acerado é o chão!
Do Fim do Amor
que nenhum amor se acabe
como uma ventania
que o coração nos arranca
que a nossa mente arrasta
para o vago longe nada
que o fim de um amor seja
tão suave como a brisa
colhendo uma por uma
as folhas cor de laranja
entre-o-amor construída
Que nenhum amor se acabe
como uma chuvada que inunda
destruindo a nossa alma
deixando-a pesada de lama
sem forma nem formosura
Que o fim do amor seja
chuva que cai pinga a pinga
no fim de numa tarde morna
em que a gota no chão forma
uma nuvem que se evola
Que Amor findaria nunca?
amar é o acto de Ser
e Ser É continuar!
que nenhum amor se acabe
como uma ventania
que o coração nos arranca
que a nossa mente arrasta
para o vago longe nada
que o fim de um amor seja
tão suave como a brisa
colhendo uma por uma
as folhas cor de laranja
entre-o-amor construída
Que nenhum amor se acabe
como uma chuvada que inunda
destruindo a nossa alma
deixando-a pesada de lama
sem forma nem formosura
Que o fim do amor seja
chuva que cai pinga a pinga
no fim de numa tarde morna
em que a gota no chão forma
uma nuvem que se evola
Que Amor findaria nunca?
amar é o acto de Ser
e Ser É continuar!
azul nascente
ergue-se o cisne
espreguiça as torpes asas
e pensa nas gostosas percas
desce a relva luzidia
aos solavancos chega
mas subito pára
e se queda
de puro assombro
será numa esmeralda que desço?
serão as cores de opala
os tons irisados que vejo?
pelo sim pelo não mudo,
interroga c'o pescoço
sou cisne bravo perdido
esta água não conheço
brilha de um estranho brilho
ergue as asas estremecendo
ensaiando outro voo
rumo ao poente vermelho
ergue-se o cisne
espreguiça as torpes asas
e pensa nas gostosas percas
desce a relva luzidia
aos solavancos chega
mas subito pára
e se queda
de puro assombro
será numa esmeralda que desço?
serão as cores de opala
os tons irisados que vejo?
pelo sim pelo não mudo,
interroga c'o pescoço
sou cisne bravo perdido
esta água não conheço
brilha de um estranho brilho
ergue as asas estremecendo
ensaiando outro voo
rumo ao poente vermelho
ROSÉ
ROSÉ, QUE A VIDA SÃO DOIS DIAS
JÁ PASSÁMOS TANTAS
TANTAS INJUSTIÇAS
E INCERTEZAS
CAMINHEMOS
NO LADO DA LUZ
PARA OS QUEREM LUZ
NO LADO DO SIM
PARA OS QUEREM SIM
NO LADO DO BEM
PARA OS QUEREM MAL
MAS CAMINHEMOS
Ó VIDA TÃO ALEGRE
QUE BRINCAS
NAS SIMPLES POÇAS DE CHUVA
CAMINHEMOS NO NOSSO CAMINHO
À NOSSA MANEIRA
EMBRIAGUEMO-NOS COM
DOCE ROSÉ!
ROSÉ, QUE A VIDA SÃO DOIS DIAS
JÁ PASSÁMOS TANTAS
TANTAS INJUSTIÇAS
E INCERTEZAS
CAMINHEMOS
NO LADO DA LUZ
PARA OS QUEREM LUZ
NO LADO DO SIM
PARA OS QUEREM SIM
NO LADO DO BEM
PARA OS QUEREM MAL
MAS CAMINHEMOS
Ó VIDA TÃO ALEGRE
QUE BRINCAS
NAS SIMPLES POÇAS DE CHUVA
CAMINHEMOS NO NOSSO CAMINHO
À NOSSA MANEIRA
EMBRIAGUEMO-NOS COM
DOCE ROSÉ!
o tempo que
antes
o tempo
anuncia
é benção
é primavera
risonha amizde que fica
dentro do peito acolhida
como a folhinha enrolada
no escuro gomo escondida
plantemos amor carinho
com suave atenção
aos males
alheios
e aos
nossos
sigamos de mão na mão
como que voz nós poderemos
a poesia cantar
se entre nós não soubermermos
esse verbo conjugar?!
antes
o tempo
anuncia
é benção
é primavera
risonha amizde que fica
dentro do peito acolhida
como a folhinha enrolada
no escuro gomo escondida
plantemos amor carinho
com suave atenção
aos males
alheios
e aos
nossos
sigamos de mão na mão
como que voz nós poderemos
a poesia cantar
se entre nós não soubermermos
esse verbo conjugar?!
Hei-de Cantar!
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
De olhos abertos
Bem podeis amordaçar-me!
Que me importa,
se estou viva
e tenho um coração que canta?
Bem podeis ir buscar cordas
e amarrar-me ainda mais,
que importa
se sou livre
e o meu espírito tem asas?
Bem podeis meter-me em masmorras,
nada importa!
Continuarei a gritar
que é meu o universo.
Bem podeis cortar-me a garganta,
nem isso importa!
À terra grande e livre
legarei meu corpo:
Morrerei de olhos abertos!
Bem podeis amordaçar-me!
Que me importa,
se estou viva
e tenho um coração que canta?
Bem podeis ir buscar cordas
e amarrar-me ainda mais,
que importa
se sou livre
e o meu espírito tem asas?
Bem podeis meter-me em masmorras,
nada importa!
Continuarei a gritar
que é meu o universo.
Bem podeis cortar-me a garganta,
nem isso importa!
À terra grande e livre
legarei meu corpo:
Morrerei de olhos abertos!
As Pontes
Vejo o sol que amanhece no céu sereno.
A terra canta em silêncio nas margens do rio
se pontes servirem de passagem entre margens
que não transpostas a ferro e fogo
em violento desafio, pela arrogância de dizer eu venço,
eu tenho, eu mando - eu mando! - eu posso;
de nada servirão. Que caiam inteiras.
Para que as pontes entre os que não procuram o encontro?
Mero engano de que rio; mero engano por que choro
com as vítimas inocentes deste jogo
jogadas como peças no desumano desvario.
No horizonte envenenado de cinzento o sol renasce entretanto
escondido, esquecido seu ouro vivo de sempre-eterno encanto
Vejo o sol que amanhece no céu sereno.
A terra canta em silêncio nas margens do rio
se pontes servirem de passagem entre margens
que não transpostas a ferro e fogo
em violento desafio, pela arrogância de dizer eu venço,
eu tenho, eu mando - eu mando! - eu posso;
de nada servirão. Que caiam inteiras.
Para que as pontes entre os que não procuram o encontro?
Mero engano de que rio; mero engano por que choro
com as vítimas inocentes deste jogo
jogadas como peças no desumano desvario.
No horizonte envenenado de cinzento o sol renasce entretanto
escondido, esquecido seu ouro vivo de sempre-eterno encanto
Filha de deus menor
Quando me chamam poeta
Sorrio e penso:
... mas filha de um deus menor.
Calo o espanto
De me ver descoberta sem esforço
Por outro lado,
Se existe um Deus Menino
E tudo o que vive cresce,
É justo que Deus
Também assuma a idade
Que eu assumo quando cresço,
Para me assemelhar à imagem
Da qual o Homem foi feito
Ou que o Homem cria
No lado bom de si mesmo.
Fico no desconforto
esperando
Encontrar um braço do rio
Do conhecimento,
Um cais de onde me lance
no encontro
e me seja permitido beber um pouco
Ah ao menos um pouco,
Matar esta sede que sinto!
Quando me chamam poeta
Sorrio e penso:
... mas filha de um deus menor.
Calo o espanto
De me ver descoberta sem esforço
Por outro lado,
Se existe um Deus Menino
E tudo o que vive cresce,
É justo que Deus
Também assuma a idade
Que eu assumo quando cresço,
Para me assemelhar à imagem
Da qual o Homem foi feito
Ou que o Homem cria
No lado bom de si mesmo.
Fico no desconforto
esperando
Encontrar um braço do rio
Do conhecimento,
Um cais de onde me lance
no encontro
e me seja permitido beber um pouco
Ah ao menos um pouco,
Matar esta sede que sinto!
Das Idades
A velhice é um rompimento
Do compromisso
Entre a alma e o corpo,
Divórcio adiado.
Às vezes adormeço quieta
Na juventude tão certa...
De noite algo de transcendente acontece:
Acordo nas garras de mil anos
Que me carregam os ossos.
Enquanto os olhos lentamente despertam,
Peço encarecida aos nervos
Que me reconheçam
Me ressuscitem
Me sustenham e reunam
Geralmente me sinto menina pequena,
Como pareço.
Passo assim as largas horas brincando.
Esquecida de quanto sou breve,
Procuro
Ir aprendendo à revelia dos mestres,
Das primaveras, das chuvas.
Reconheço que é raro
Medir-me e saber-me na idade que, dizem,
Tenho
Embora seja estranho;
porque de atingi-la e vivê-la,
Em coerência com a minha poesia,
É das poucas proezas de que me orgulho.
A velhice é um rompimento
Do compromisso
Entre a alma e o corpo,
Divórcio adiado.
Às vezes adormeço quieta
Na juventude tão certa...
De noite algo de transcendente acontece:
Acordo nas garras de mil anos
Que me carregam os ossos.
Enquanto os olhos lentamente despertam,
Peço encarecida aos nervos
Que me reconheçam
Me ressuscitem
Me sustenham e reunam
Geralmente me sinto menina pequena,
Como pareço.
Passo assim as largas horas brincando.
Esquecida de quanto sou breve,
Procuro
Ir aprendendo à revelia dos mestres,
Das primaveras, das chuvas.
Reconheço que é raro
Medir-me e saber-me na idade que, dizem,
Tenho
Embora seja estranho;
porque de atingi-la e vivê-la,
Em coerência com a minha poesia,
É das poucas proezas de que me orgulho.
Não olhes mais meus olhos
Não, não olhes!
Tristes de ti por ti
Te farão triste
De tal amor, tão louco amor
Que semeaste
Em coração de fértil dar
Mas não colheste.
Lágrima solta vadia
Deixa correr
Que tanto seus caminhos sabe
A de sofrer
Deixa que sonhe e pense
Quem deveria
Nem nunca sequer ousado
Sequer nascer.
Não, não olhes!
Tristes de ti por ti
Te farão triste
De tal amor, tão louco amor
Que semeaste
Em coração de fértil dar
Mas não colheste.
Lágrima solta vadia
Deixa correr
Que tanto seus caminhos sabe
A de sofrer
Deixa que sonhe e pense
Quem deveria
Nem nunca sequer ousado
Sequer nascer.
singular silhueta
Que soprem diáfanos e brancos
os ventos de mudança
que varram a tristeza sem nome
que por mim passa
que se percam no longe
nos confins
onde a esperança
houvera dar por si renascida
que se erga imensa e clara
a figura
única
de minha alma com a tua
singular
silhueta
de dádiva
cúmplice como outrora!
Que soprem diáfanos e brancos
os ventos de mudança
que varram a tristeza sem nome
que por mim passa
que se percam no longe
nos confins
onde a esperança
houvera dar por si renascida
que se erga imensa e clara
a figura
única
de minha alma com a tua
singular
silhueta
de dádiva
cúmplice como outrora!
Tentando reencontrar-me
percorro
um a um
todos
os caminhos antes percorridos
tantos escolhos
tantos espinhos
suponho
deveriam meus pés
acostumados
a nenhuns desvelos
incólumes percorrê-los
Mas não!
é vão pensar-se
que existam antídotos
fabricados
de sofrimentos passados
erro num ermo
eterno
mas vou
(talvez no engano)
desesperado
de vir a ver a luz
o branco nenúfar
a clara
fulgurante
mágica
verdade
de que se faz
minha ideia
ávida
de bonança.
percorro
um a um
todos
os caminhos antes percorridos
tantos escolhos
tantos espinhos
suponho
deveriam meus pés
acostumados
a nenhuns desvelos
incólumes percorrê-los
Mas não!
é vão pensar-se
que existam antídotos
fabricados
de sofrimentos passados
erro num ermo
eterno
mas vou
(talvez no engano)
desesperado
de vir a ver a luz
o branco nenúfar
a clara
fulgurante
mágica
verdade
de que se faz
minha ideia
ávida
de bonança.
Falta-me o tempo,
Foge-me a vida.
Queria varrê-la agora
Com a vassoura de prata
De pontas entrelaçadas,
De bicos entretecida.
Mas falta-me o tempo,
A vida...
Queria fechar os laços
Que sangram na minha alma,
Queria secar a ferida,
Queria limpar a face
De lágrimas percorrida,
Mas falta-me o tempo, foge...
Fugindo, me leva a vida.
Queria dizer a todos
Que fiz do ódio Amor
E da pancada carícia,
De fel doce mel criei
Que floresci
Os espinhos
De minha vereda
Que rejeitei
Maus caminhos
Que segui
Os meus sentidos
Que fui Eu
Somente e ainda.
Mas sinto fugir-me a vida...
Sinto o frio
Sinto a terra
Fecho os olhos
O ar me falta
Breve o sol desaparece
Uma doce nuvem paira
Sinto em terna paz minha alma
Sinto-me desvanecer
Já quase não sinto nada!
Foge-me a vida.
Queria varrê-la agora
Com a vassoura de prata
De pontas entrelaçadas,
De bicos entretecida.
Mas falta-me o tempo,
A vida...
Queria fechar os laços
Que sangram na minha alma,
Queria secar a ferida,
Queria limpar a face
De lágrimas percorrida,
Mas falta-me o tempo, foge...
Fugindo, me leva a vida.
Queria dizer a todos
Que fiz do ódio Amor
E da pancada carícia,
De fel doce mel criei
Que floresci
Os espinhos
De minha vereda
Que rejeitei
Maus caminhos
Que segui
Os meus sentidos
Que fui Eu
Somente e ainda.
Mas sinto fugir-me a vida...
Sinto o frio
Sinto a terra
Fecho os olhos
O ar me falta
Breve o sol desaparece
Uma doce nuvem paira
Sinto em terna paz minha alma
Sinto-me desvanecer
Já quase não sinto nada!
lágrima
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
Manhã morreste, Mãe
Manhã ficaste...
Mas renasces dada dia
Dentro de mim,
Primavera
Ligamo-nos
Como as estações.
De mim, que não findei
Teu amor floriu
E achou do mundo
Mais que as cinzas e brumas
Em que te embalou
Tu caíste a prumo
Na glória de teus dias.
Eu, frutiquei
Um elo suspenso
No incógnito
Amor que nos uniu.
Manhã ficaste...
Mas renasces dada dia
Dentro de mim,
Primavera
Ligamo-nos
Como as estações.
De mim, que não findei
Teu amor floriu
E achou do mundo
Mais que as cinzas e brumas
Em que te embalou
Tu caíste a prumo
Na glória de teus dias.
Eu, frutiquei
Um elo suspenso
No incógnito
Amor que nos uniu.
pleno
e tão
sincero
se faz
o sorriso!
Ainda
que esteja
escondida
a lua
e o céu
na colcha
de névoa
que leve
anuncia
a noite
do primeiro dia
do mês
de setembro,
cante leve
o vento
nas douradas
folhas
nas frutas
maduras...
bendigo
o outono
até nós chegando.
Que bom é
vivê-lo
total
fundo
intenso!
Íntima
certeza,
estação
do bom-senso,
mantendo
a centellha
do amor
e do sonho.
Fulgente
aurora
de onde
pura
solta
emerge
cantando
a poesia!
Paira
no céu alto
ténue
nevoeiro
...mas um fogo
imenso
renasce
no peito,
que mais
brilha
a esperança
que o ouro
e mantenho
límpido
o sorriso!
e tão
sincero
se faz
o sorriso!
Ainda
que esteja
escondida
a lua
e o céu
na colcha
de névoa
que leve
anuncia
a noite
do primeiro dia
do mês
de setembro,
cante leve
o vento
nas douradas
folhas
nas frutas
maduras...
bendigo
o outono
até nós chegando.
Que bom é
vivê-lo
total
fundo
intenso!
Íntima
certeza,
estação
do bom-senso,
mantendo
a centellha
do amor
e do sonho.
Fulgente
aurora
de onde
pura
solta
emerge
cantando
a poesia!
Paira
no céu alto
ténue
nevoeiro
...mas um fogo
imenso
renasce
no peito,
que mais
brilha
a esperança
que o ouro
e mantenho
límpido
o sorriso!
pleno
e tão
sincero
se faz
o sorriso!
Ainda
que esteja
escondida
a lua
e o céu
na colcha
de névoa
que leve
anuncia
a noite
do primeiro dia
do mês
de setembro,
cante leve
o vento
nas douradas
folhas
nas frutas
maduras...
bendigo
o outono
até nós chegando.
Que bom é
vivê-lo
total
fundo
intenso!
Íntima
certeza,
estação
do bom-senso,
mantendo
a centellha
do amor
e do sonho.
Fulgente
sorriso
aurora
de onde
pura
solta
emerge
cantando
a poesia!
Paira
no céu alto
ténue
nevoeiro
...mas um fogo
imenso
renasce
no peito,
que mais
brilha
a esperança
que o ouro
e mantenho
límpido
o sorriso!
e tão
sincero
se faz
o sorriso!
Ainda
que esteja
escondida
a lua
e o céu
na colcha
de névoa
que leve
anuncia
a noite
do primeiro dia
do mês
de setembro,
cante leve
o vento
nas douradas
folhas
nas frutas
maduras...
bendigo
o outono
até nós chegando.
Que bom é
vivê-lo
total
fundo
intenso!
Íntima
certeza,
estação
do bom-senso,
mantendo
a centellha
do amor
e do sonho.
Fulgente
sorriso
aurora
de onde
pura
solta
emerge
cantando
a poesia!
Paira
no céu alto
ténue
nevoeiro
...mas um fogo
imenso
renasce
no peito,
que mais
brilha
a esperança
que o ouro
e mantenho
límpido
o sorriso!
Cerrar as pálpebras,
senti-las cair pesadas
como no outono
as pétalas às rosas...
Mas não!
Toma conta de mim
tal inquietação
tal delírio de prosas
tal aurora de poesias
soltas brisas,
que me quedo insone
voadora peregrina
na asa
da minha própria sombra
frágil
tão frágil e tão pequena
desassossegada
clamo ao que me cerca
e me assombra
de dor humana
Ser ínfima poeira
acordada
ver tanta injustiça e cegueira
e não poder fazer nada!
senti-las cair pesadas
como no outono
as pétalas às rosas...
Mas não!
Toma conta de mim
tal inquietação
tal delírio de prosas
tal aurora de poesias
soltas brisas,
que me quedo insone
voadora peregrina
na asa
da minha própria sombra
frágil
tão frágil e tão pequena
desassossegada
clamo ao que me cerca
e me assombra
de dor humana
Ser ínfima poeira
acordada
ver tanta injustiça e cegueira
e não poder fazer nada!
Habito numa árvore enorme
Em que cada animal dorme
Fechado em seu egoísmo
Moro numa selva nua
Anónima, desabitada
Onde tudo se atropela.
No meio do meu dilêncio
Ergo minha voz e canto
Ou, se há demais sofrimento,
Ninguém se ri do meu pranto.
Entre terra e céu construo
Meu jardim, e nele habito.
Chamo-lhe Éden e ninho
Canto alegre, meu recanto.
Pássaros chamam e eu digo
O que digo e vejo e escuto,
Meu carinho retribuído.
Crescem flores em todo o lado.
Tenho os rios num aquário
E o silêncio em que fico.
E há duas felinas mansas
Que vêm pedir-me mimo,
Como fazem as crianças.
Quando a dor é meu tormento
Vêm pousar-me no colo,
Consolar-me com carinho.
Lá fora, dizem, é o mundo!
Mas aqui dentro, acredito,
Meu oásis do deserto,
... chamo-lhe meu paraíso.
Em que cada animal dorme
Fechado em seu egoísmo
Moro numa selva nua
Anónima, desabitada
Onde tudo se atropela.
No meio do meu dilêncio
Ergo minha voz e canto
Ou, se há demais sofrimento,
Ninguém se ri do meu pranto.
Entre terra e céu construo
Meu jardim, e nele habito.
Chamo-lhe Éden e ninho
Canto alegre, meu recanto.
Pássaros chamam e eu digo
O que digo e vejo e escuto,
Meu carinho retribuído.
Crescem flores em todo o lado.
Tenho os rios num aquário
E o silêncio em que fico.
E há duas felinas mansas
Que vêm pedir-me mimo,
Como fazem as crianças.
Quando a dor é meu tormento
Vêm pousar-me no colo,
Consolar-me com carinho.
Lá fora, dizem, é o mundo!
Mas aqui dentro, acredito,
Meu oásis do deserto,
... chamo-lhe meu paraíso.
Chamarás desditoso ao grilo
por ser negro?
Quem canta às estrelas?
Quem na noite soa
E nos embala?
Quem trila que trila
Sem parar?
Ah, a saudade de estar
Numa janela qualquer
Numa aldeia junto ao mar
Quieta
No silêncio suspensa
Sobre o penhasco
Escutando
O grilo e o mar
Companheiros do meu choro
Vozes brandas murmurando
É cantar!
É cantar!
É cantar!
por ser negro?
Quem canta às estrelas?
Quem na noite soa
E nos embala?
Quem trila que trila
Sem parar?
Ah, a saudade de estar
Numa janela qualquer
Numa aldeia junto ao mar
Quieta
No silêncio suspensa
Sobre o penhasco
Escutando
O grilo e o mar
Companheiros do meu choro
Vozes brandas murmurando
É cantar!
É cantar!
É cantar!
NÃO TE PEÇO A QUIETUDE
RIBEIRINHA
TRANQÜILA
MANSA
ESVERDEADA
DA DOCE ÁGUA PARADA
PEÇO-TE ONDAS
PEÇO-TE SAL
PEÇO-TE EXALTADAS
ÂNSIAS
QUE SALTEM
DE ENCONTRO ÀS MINHAS
NÃO QUERO SER MARGEM
BRANQUINHA
tranqüila
PASSIVA
QUERO-TE MAR MINHA MARGEM
DE ARRIBA.
PERDIDAMENTE PERDIDA
ENSEADA.
ESCARPA
POLVILHADA
DE FÚLVEAS
GRITANTES
GAIVOTAS.
MAS VEM DE MANSO,
MARÉ BAIXA,
DEIXA QUE A ROCHA
TÃO SECA
A TI SE ABRA,
FAMINTA
DA TUA
PROCURA.
DEIXA-ME ENCONTRAR
A TUA SEDE
NA MINHA,
DEIXA ACONTECER,
FLUIR MEU SER
ATÉ TEU QUERER ENCONTRAR.
RIBEIRINHA
TRANQÜILA
MANSA
ESVERDEADA
DA DOCE ÁGUA PARADA
PEÇO-TE ONDAS
PEÇO-TE SAL
PEÇO-TE EXALTADAS
ÂNSIAS
QUE SALTEM
DE ENCONTRO ÀS MINHAS
NÃO QUERO SER MARGEM
BRANQUINHA
tranqüila
PASSIVA
QUERO-TE MAR MINHA MARGEM
DE ARRIBA.
PERDIDAMENTE PERDIDA
ENSEADA.
ESCARPA
POLVILHADA
DE FÚLVEAS
GRITANTES
GAIVOTAS.
MAS VEM DE MANSO,
MARÉ BAIXA,
DEIXA QUE A ROCHA
TÃO SECA
A TI SE ABRA,
FAMINTA
DA TUA
PROCURA.
DEIXA-ME ENCONTRAR
A TUA SEDE
NA MINHA,
DEIXA ACONTECER,
FLUIR MEU SER
ATÉ TEU QUERER ENCONTRAR.
RUBRA FLOR
DE MIM EM MIM
ESCONDIDA
PÉTALAS DE CRAVO NEGRO
CÁLICE DE RUBRA ROSA
FLOR DE ONDE A VIDA EMANA
QUE EM SI MESMA PULSA VIDA
QUANDO A PAIXÃO SOA
TOCA SEU VELUDO
DE MISTÉRIO DE BÚZIO
CORPO DE BILHA INVERTIDA
POR ONDE A SEIVA SE INFILTRA
RENASCENDO VIVA VIVA
GRITA EXALTA-SE RESPIRA
FLOR DE MIM QUE SOLUÇA SOLITÁRIA
VAZIA DE NÉCTAR DE AMBRÓSIA
VIERA INUNDÁ-LA AURORA
PERFUMÁ-LA A MARESIA
FLOR SAGRADA FLOR
MÃO ESTENDIDA
FONTE PUJANTE
LÍMPIDA RIA
DELTA DE MIM QUE SOU FEITA
À IMAGEM DA MÃE TERRA
LUA LIRA
CRAVO NEGRO
RUBRA ROSA
MEU CÁLICE
EM FLOR
ORQUÍDEA.
DE MIM EM MIM
ESCONDIDA
PÉTALAS DE CRAVO NEGRO
CÁLICE DE RUBRA ROSA
FLOR DE ONDE A VIDA EMANA
QUE EM SI MESMA PULSA VIDA
QUANDO A PAIXÃO SOA
TOCA SEU VELUDO
DE MISTÉRIO DE BÚZIO
CORPO DE BILHA INVERTIDA
POR ONDE A SEIVA SE INFILTRA
RENASCENDO VIVA VIVA
GRITA EXALTA-SE RESPIRA
FLOR DE MIM QUE SOLUÇA SOLITÁRIA
VAZIA DE NÉCTAR DE AMBRÓSIA
VIERA INUNDÁ-LA AURORA
PERFUMÁ-LA A MARESIA
FLOR SAGRADA FLOR
MÃO ESTENDIDA
FONTE PUJANTE
LÍMPIDA RIA
DELTA DE MIM QUE SOU FEITA
À IMAGEM DA MÃE TERRA
LUA LIRA
CRAVO NEGRO
RUBRA ROSA
MEU CÁLICE
EM FLOR
ORQUÍDEA.
Entender
ouvir o não dito
perceber e aceitar
o oculto
humilhar-se e engrandecer
se dar e se confiar
abrir todo o coração
aos que só mostram janelas
chaves de segredo
que ora abrem ora não
corações de labirintos
a dizer-nos que o não são.
ver mais altos os contos
que as contas.
esconder o altruísmo
carecer e dizer não
fechar os olhos
deixar-se ver
e parecer cego.
Ser rosa
que no vento se desfolha
semente
perdida na terra
dura de pedra
a florir ternura
sem outra ventura que esta
ser tida por louca
a poeta!
ouvir o não dito
perceber e aceitar
o oculto
humilhar-se e engrandecer
se dar e se confiar
abrir todo o coração
aos que só mostram janelas
chaves de segredo
que ora abrem ora não
corações de labirintos
a dizer-nos que o não são.
ver mais altos os contos
que as contas.
esconder o altruísmo
carecer e dizer não
fechar os olhos
deixar-se ver
e parecer cego.
Ser rosa
que no vento se desfolha
semente
perdida na terra
dura de pedra
a florir ternura
sem outra ventura que esta
ser tida por louca
a poeta!
ESPERANÇA!
ESPERAR SEMPRE
DESDE SEMPRE
E AINDA
ESTA FORÇA VERDE VIVA
A LUZIR AO FUNDO DA ALMA,
QUE SOFRE TANTO
E VAI SOZINHA,
VENDO-SE NO ESPELHO
SÓ
DE SI-MESMA.
(COMO SE FORA AINDA
A
MENINA
QUE CRIA E INSISTIA
INSISTIA EM SORRIR)
ESPERANÇA!
LUZ VERDE VIVA
NA ALMA DORIDA
QUE ACREDITA
QUE NEM TODO O MAL
QUE HABITA
NA INCERTEZA
NOS FAZ SER MAUS,
DESACREDITAR
NA LÍMPIDA PUREZA
QUE SE PROCURA.
ESPERAR SEMPRE
DESDE SEMPRE
E AINDA
ESTA FORÇA VERDE VIVA
A LUZIR AO FUNDO DA ALMA,
QUE SOFRE TANTO
E VAI SOZINHA,
VENDO-SE NO ESPELHO
SÓ
DE SI-MESMA.
(COMO SE FORA AINDA
A
MENINA
QUE CRIA E INSISTIA
INSISTIA EM SORRIR)
ESPERANÇA!
LUZ VERDE VIVA
NA ALMA DORIDA
QUE ACREDITA
QUE NEM TODO O MAL
QUE HABITA
NA INCERTEZA
NOS FAZ SER MAUS,
DESACREDITAR
NA LÍMPIDA PUREZA
QUE SE PROCURA.
Eu bem canto o meu poema
de revolta e de alerta
mas os surdos não me ouvem
mas os mortos não reagem
e os obstáculos não deixam
que as ondas do eco passem!
eu bem grito o meu apelo
de justiça para todos
mas monstros devoram meus sons
e não há ninguém que venha!
e fico rouca, cansada
de cantar para tantos surdos
de lutar com tantos monstros
mas, contudo, tenho esperança
de que um dia o eco surta
e que os mortos ressuscitem!
por isso sigo, cantando
meu poema feito grito!
de revolta e de alerta
mas os surdos não me ouvem
mas os mortos não reagem
e os obstáculos não deixam
que as ondas do eco passem!
eu bem grito o meu apelo
de justiça para todos
mas monstros devoram meus sons
e não há ninguém que venha!
e fico rouca, cansada
de cantar para tantos surdos
de lutar com tantos monstros
mas, contudo, tenho esperança
de que um dia o eco surta
e que os mortos ressuscitem!
por isso sigo, cantando
meu poema feito grito!
guardai glórias
e fortunas
escondidas atrás de vidros
de cortinas
de janelas
enseadas primaveras escondidas
negais-vos ser margaridas
negais-vos ser som
quimeras
en-cantadas
e
em
cantadas
incontidas
almas
brilhai sem medo
na aurora
que importa
ser o agora
se o nu Nada
além nos espera?
Soltai E sede
cantai cantai
o Ser
está á espera
e faz tanta tanta falta!
e fortunas
escondidas atrás de vidros
de cortinas
de janelas
enseadas primaveras escondidas
negais-vos ser margaridas
negais-vos ser som
quimeras
en-cantadas
e
em
cantadas
incontidas
almas
brilhai sem medo
na aurora
que importa
ser o agora
se o nu Nada
além nos espera?
Soltai E sede
cantai cantai
o Ser
está á espera
e faz tanta tanta falta!
AINDA ME SINTO VOANDO
COMO UM PÁSSARO NO VENTO
AINDA SORRIO E CHORO
DE PURO ENCANTANTAMENTO
AINDA GUARDO CÁ DENTRO
MEU SONHO DE AMOR-PERFEITO
AINDA SINTO O FULGOR
LUZINDO DENTRO DO PEITO
E ME DIVIRTO, MENINA,
SOPRANDO BOLHAS DE ESPUMA
AINDA SINTO A MAGIA
QUE POR NADA ME EXTASIA
AINDA SOU COMO OUTRORA
HEI-DE SEMPRE SER, POETA!
COMO UM PÁSSARO NO VENTO
AINDA SORRIO E CHORO
DE PURO ENCANTANTAMENTO
AINDA GUARDO CÁ DENTRO
MEU SONHO DE AMOR-PERFEITO
AINDA SINTO O FULGOR
LUZINDO DENTRO DO PEITO
E ME DIVIRTO, MENINA,
SOPRANDO BOLHAS DE ESPUMA
AINDA SINTO A MAGIA
QUE POR NADA ME EXTASIA
AINDA SOU COMO OUTRORA
HEI-DE SEMPRE SER, POETA!
AINDA ME SINTO VOANDO
COMO UM PÁSSARO NO VENTO
AINDA SORRIO E CHORO
DE PURO ENCANTANTAMENTO
AINDA GUARDO CÁ DENTRO
MEU SONHO DE AMOR-PERFEITO
AINDA SINTO O FULGOR
LUZINDO DENTRO DO PEITO
E ME DIVIRTO, MENINA,
SOPRANDO BOLHAS DE ESPUMA
AINDA SINTO A MAGIA
QUE ME POR NADA ME EXTASIA
AINDA SOU COMO OUTRORA
E HEI-DE SEMPRE SER, POETA!
COMO UM PÁSSARO NO VENTO
AINDA SORRIO E CHORO
DE PURO ENCANTANTAMENTO
AINDA GUARDO CÁ DENTRO
MEU SONHO DE AMOR-PERFEITO
AINDA SINTO O FULGOR
LUZINDO DENTRO DO PEITO
E ME DIVIRTO, MENINA,
SOPRANDO BOLHAS DE ESPUMA
AINDA SINTO A MAGIA
QUE ME POR NADA ME EXTASIA
AINDA SOU COMO OUTRORA
E HEI-DE SEMPRE SER, POETA!
... Talvez!
As pétalas que juntei
E onde meus sonhos lancei
No horizonte entrevisto
Do brilho no teu olhar
Cheguem, jangada lançada,
Ao cais que quero alcançar
Divagam em mares de amar
Minhas letras de trovar
Devaneiam sem saber
Se nos mares vou achar
Um porto onde amarar
... Talvez!
Meu constante buscar
Se acoste ao teu procurar!
As pétalas que juntei
E onde meus sonhos lancei
No horizonte entrevisto
Do brilho no teu olhar
Cheguem, jangada lançada,
Ao cais que quero alcançar
Divagam em mares de amar
Minhas letras de trovar
Devaneiam sem saber
Se nos mares vou achar
Um porto onde amarar
... Talvez!
Meu constante buscar
Se acoste ao teu procurar!
... Talvez!
As pétalas de flores que juntei
E onde meus sonhos lancei
No horizonte entrevisto
Do brilho no teu olhar
Cheguem, jangada lançada,
Ao cais que quero alcançar
Divagam em mares de amar
Minhas letras de trovar
Devaneiam sem saber
Se nos mares vou achar
Um porto onde amarar
... Talvez!
Meu constante buscar
Se acoste ao teu procurar!
As pétalas de flores que juntei
E onde meus sonhos lancei
No horizonte entrevisto
Do brilho no teu olhar
Cheguem, jangada lançada,
Ao cais que quero alcançar
Divagam em mares de amar
Minhas letras de trovar
Devaneiam sem saber
Se nos mares vou achar
Um porto onde amarar
... Talvez!
Meu constante buscar
Se acoste ao teu procurar!
QUEM SOU?!
Sou aquela
Solta luz
Que apaga
Os passos
Passados na sombra
No vento vai
Solta sinfonia
Sou alma
Saindo da bruma
Na brisa fresca
Da manhã rosa
Desabrochada
Em ouro anil
Lua cheia
Na tarde cinza
Persistente
Estrela da matina
Em dueto largo
Com o sol madrugador
Vigiando o descerrar
Da ânsia contida
Em cada
Botão de flor!
Sou aquela
Solta luz
Que apaga
Os passos
Passados na sombra
No vento vai
Solta sinfonia
Sou alma
Saindo da bruma
Na brisa fresca
Da manhã rosa
Desabrochada
Em ouro anil
Lua cheia
Na tarde cinza
Persistente
Estrela da matina
Em dueto largo
Com o sol madrugador
Vigiando o descerrar
Da ânsia contida
Em cada
Botão de flor!
Não sei de onde brota
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas,
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está ausente, distante.
Deixando-me balançar
Algures, sozinha.
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas,
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está ausente, distante.
Deixando-me balançar
Algures, sozinha.
Não sei de onde brota
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
Bailando algures, sozinha.
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
Bailando algures, sozinha.
Não sei de onde brota
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
E bailo algures, sozinha.
A música que sinto.
Estou suspensa no infinido
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do mundo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
E bailo algures, sozinha.
Não sei de onde brota
A música longínqua que sinto.
Estou suspensa no infinito
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do globo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
E bailo algures, sozinha.
A música longínqua que sinto.
Estou suspensa no infinito
E danço
Num solitário compasso
Em silêncio
No imenso palco do globo
Movem-se meus passos
Na vacuidade do abismo
Deslaçada de tudo
Derivo
Entre imaginárias notas
Ou gotas
Amargas como absinto.
Eu, habituada ao fulgor
Do sol nas ondas
Ao doce reverbero nos grãos
De areia nas dunas
Sou concha que rebola
Na rebentação de uma praia
Onde o coração do mar
Está retraído, distante.
E bailo algures, sozinha.
Diante de ti
estremeço
no espelho de água
me mostro
nua perante teu rosto
vê-me teu olhar por dentro
tremendo
revivo o momento
em que te sei e te sinto
tremendo
avassala-me o desejo
não escondo
sou eu a água do espelho
diante de ti
revelado
tão louca que não aguento
Resistir-te
E por isso
assopro a água do espelho
omito-me
tremeluzindo
estremeço
no espelho de água
me mostro
nua perante teu rosto
vê-me teu olhar por dentro
tremendo
revivo o momento
em que te sei e te sinto
tremendo
avassala-me o desejo
não escondo
sou eu a água do espelho
diante de ti
revelado
tão louca que não aguento
Resistir-te
E por isso
assopro a água do espelho
omito-me
tremeluzindo
A VIDA
Efémera borboleta
mal saída do casulo
ameaça despedida
quem aventurar detê-la
olhe-a de frente na hora
efémera borboleta
mal saída do casulo
ameaça bater asa
veja como é maligna
a cobiça e a soberba
só a Alma se eleva
só Amor redime e salva
a vida é efémera
borboleta, mal volteia
já toca à despedida
todo o bem traz em si mesma
não levamos dela nada
é rota
mágica estrela
erguida
sofremos cada escama
da breve asa ligeira
Efémera borboleta
mal saída do casulo
ameaça despedida
quem aventurar detê-la
olhe-a de frente na hora
efémera borboleta
mal saída do casulo
ameaça bater asa
veja como é maligna
a cobiça e a soberba
só a Alma se eleva
só Amor redime e salva
a vida é efémera
borboleta, mal volteia
já toca à despedida
todo o bem traz em si mesma
não levamos dela nada
é rota
mágica estrela
erguida
sofremos cada escama
da breve asa ligeira
FECHO OS OLHOS
E VEJO MAR, E SINTO MAR...
SALGADO-DOCE
ASSUSTADORA ATRACÇÃO
QUE NOS AFOGA NUM SORRISO
SENDO PULSANTE VIDA
PROFUNDA TRANSPARÊNCIA
REFLEXO DO CÉU
FRÉMITO
ESCURO-SORRISO
PRINCÍPIO E FIM
CALMARIA E ABISMO
FONTE DO SONHO
NOITE-MANHÃ!
CADA VEZ MAIS
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...jÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
E VEJO MAR, E SINTO MAR...
SALGADO-DOCE
ASSUSTADORA ATRACÇÃO
QUE NOS AFOGA NUM SORRISO
SENDO PULSANTE VIDA
PROFUNDA TRANSPARÊNCIA
REFLEXO DO CÉU
FRÉMITO
ESCURO-SORRISO
PRINCÍPIO E FIM
CALMARIA E ABISMO
FONTE DO SONHO
NOITE-MANHÃ!
CADA VEZ MAIS
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...jÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
FECHO OS OLHOS
E VEJO MAR, E SINTO MAR...
SALGADO-DOCE
ASSUSTADORA ATRACÇÃO
QUE NOS AFOGA NUM SORRISO
SENDO PULSANTE VIDA
PROFUNDA TRANSPARÊNCIA
REFLEXO DO CÉU
FRÉMITO
ESCURO-SORRISO
PRINCÍPIO E FIM
CALMARIA E ABISMO
FONTE DO SONHO
NOITE-MANHÃ!
CADA VEZ MAIS
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...JÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
E VEJO MAR, E SINTO MAR...
SALGADO-DOCE
ASSUSTADORA ATRACÇÃO
QUE NOS AFOGA NUM SORRISO
SENDO PULSANTE VIDA
PROFUNDA TRANSPARÊNCIA
REFLEXO DO CÉU
FRÉMITO
ESCURO-SORRISO
PRINCÍPIO E FIM
CALMARIA E ABISMO
FONTE DO SONHO
NOITE-MANHÃ!
CADA VEZ MAIS
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...JÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
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