Quando sonho contigo
sou tão feliz que flutuo
e me evado
Sinto-me no apertado
abraço
que recordo
que revivo
sonhando contigo
o mundo fica mais belo
esqueço tudo
e me entrego
aguardando
o momento
de concretizar esse sonho!
segunda-feira, maio 10, 2004
Um beijo do Tejo
Enquanto no azul divago
O céu funde-se com o Tejo
onde os barcos se aconchegam
eu sinto-me como um pássaro
afeito à travessia
nestas rotas que te abraçam
A nossa alma ultrapassa
toda e qualquer distância
sem sequer dar conta dela
enquanto os olhos viajam
neste coração o fado
vai trinando de saudade
acostumado à tristeza
que se enlaça na alegria
com que se faz a amizade
Enquanto no azul divago
O céu funde-se com o Tejo
onde os barcos se aconchegam
eu sinto-me como um pássaro
afeito à travessia
nestas rotas que te abraçam
A nossa alma ultrapassa
toda e qualquer distância
sem sequer dar conta dela
enquanto os olhos viajam
neste coração o fado
vai trinando de saudade
acostumado à tristeza
que se enlaça na alegria
com que se faz a amizade
Pirata, que trazes teias
De sedas e de brocados.
Derrubas minhas ameias
Sonho volúpia, delicias
Astuto que me adivinhas
Arrebatas, desatinas
O sangue de minhas veias
Agitas quando caminhas
Nas redes de azuis safiras
Rendadas de espumas brancas
Que ladeiam tuas praias
Vêm assaltar as minhas
Ai noite, tu que vigias
Muda a rota das estrelas
Cruzeiro do Sul tão longe
E a Estrela Polar sozinha
A frialdade arrepia
Pois que lânguida divaga
Mas é tão longe essa Ilha!
De sedas e de brocados.
Derrubas minhas ameias
Sonho volúpia, delicias
Astuto que me adivinhas
Arrebatas, desatinas
O sangue de minhas veias
Agitas quando caminhas
Nas redes de azuis safiras
Rendadas de espumas brancas
Que ladeiam tuas praias
Vêm assaltar as minhas
Ai noite, tu que vigias
Muda a rota das estrelas
Cruzeiro do Sul tão longe
E a Estrela Polar sozinha
A frialdade arrepia
Pois que lânguida divaga
Mas é tão longe essa Ilha!
Mater Dolorosa
Minh’alma traja de lírios
Sou a Madre trespassada
Por flechas memoriais sinos
Que ecoam na tarde roxa
Ao rematar minha vida
De intrépida luta, tanta!
Eleva-se a ofensa erguida
Como bandeira rasgada
Sobre a terra conquistada
No fragor de uma batalha
Por uma grei esquecida.
No inescrutável espanto.
Maria de todas as dores
Desponta em meu peito o soluço
Que abafaste no teu pranto!
Minh’alma traja de lírios
Sou a Madre trespassada
Por flechas memoriais sinos
Que ecoam na tarde roxa
Ao rematar minha vida
De intrépida luta, tanta!
Eleva-se a ofensa erguida
Como bandeira rasgada
Sobre a terra conquistada
No fragor de uma batalha
Por uma grei esquecida.
No inescrutável espanto.
Maria de todas as dores
Desponta em meu peito o soluço
Que abafaste no teu pranto!
Brilha o esplêndido manto!
Divago no céu dos Andes
Picos de onde aos céus
Se levantam os condores
Transportando pelos ares
Mensagens de outros mundos
Seguindo o rumo dos astros
Aspiro o ar das florestas!
Argentina de ouro e prata
Tem cautela que os abutres
Estão preparando as garras
Para devorar-te as entranhas
Tais escorpiões e aranhas
Que tudo vão dissolvendo
Com seus palpes e veneno
Proclamam justos temores
Os filhos do sol pensadores
Anseio ver-te em progresso
Sem estragarem o teu manto!
Divago no céu dos Andes
Picos de onde aos céus
Se levantam os condores
Transportando pelos ares
Mensagens de outros mundos
Seguindo o rumo dos astros
Aspiro o ar das florestas!
Argentina de ouro e prata
Tem cautela que os abutres
Estão preparando as garras
Para devorar-te as entranhas
Tais escorpiões e aranhas
Que tudo vão dissolvendo
Com seus palpes e veneno
Proclamam justos temores
Os filhos do sol pensadores
Anseio ver-te em progresso
Sem estragarem o teu manto!
Do ventre da vida
Ondas que se esbatem
Na areia dourada
Nas rochas cinzentas
De franjas cobertas
Escuto e oiço o grito
Dos Homens lutando
Por nada morrendo
O mar traz no dorso
O sangue esvaído
Enterra esqueletos
De homens, mulheres,
Velhos e crianças
A eito apanhados
Em guerras estultas
De lágrimas tantas
Ventre de esperança
Aonde se adoça
Continua a vida
Ondas que se esbatem
Na areia dourada
Nas rochas cinzentas
De franjas cobertas
Escuto e oiço o grito
Dos Homens lutando
Por nada morrendo
O mar traz no dorso
O sangue esvaído
Enterra esqueletos
De homens, mulheres,
Velhos e crianças
A eito apanhados
Em guerras estultas
De lágrimas tantas
Ventre de esperança
Aonde se adoça
Continua a vida
Oh que vontade de correr pelas ruas frias
Neste Natal escuro de guerra e de morte
E procurar por debaixo das pedras
Aquela estrela branca que iluminou os Magos!
Oh que vontade de correr pelas terras nuas
E de chamar a cada Homem irmão
E de abraçar cada criança triste
E destroçar os brinquedos de guerra
E trocá-los por amor e paz e pão
E alumia-lhes os olhos e o peito e os lábios
De esperanças e de sorrisos!
Neste Natal escuro de guerra e de morte
E procurar por debaixo das pedras
Aquela estrela branca que iluminou os Magos!
Oh que vontade de correr pelas terras nuas
E de chamar a cada Homem irmão
E de abraçar cada criança triste
E destroçar os brinquedos de guerra
E trocá-los por amor e paz e pão
E alumia-lhes os olhos e o peito e os lábios
De esperanças e de sorrisos!
A Mãe no palco da guerra
Ser a mãe correndo cega
Aos zigues zagues na rua
Apertando ao peito ainda
A criança assassinada
Por uma bala perdida
Sobre o solo que trepida
Ver a casa devastada
Algures seu homem erra
Na insânia de uma guerra
Que a todos nos desespera
Jazem os mortos na estrada
Olhos cheios de surpresa
E o sangue empapa a areia
Nesta vastidão deserta
Que a cobiça incendeia
Onde o ódio se apregoa
Rebolando-se nos leitos
Soam mais alto que os tiros
De outras mulheres os gritos
Lançando ao mundo seus filhos
Já antevendo os destinos
De seus meninos amados
Os velhos abandonados
Puseram de lado o espanto
Sofreram e viram tanto
Que o seu momento esperam
No recanto onde se albergam
A morte não temem, esperam!
Ser a mãe correndo cega
Aos zigues zagues na rua
Apertando ao peito ainda
A criança assassinada
Por uma bala perdida
Sobre o solo que trepida
Ver a casa devastada
Algures seu homem erra
Na insânia de uma guerra
Que a todos nos desespera
Jazem os mortos na estrada
Olhos cheios de surpresa
E o sangue empapa a areia
Nesta vastidão deserta
Que a cobiça incendeia
Onde o ódio se apregoa
Rebolando-se nos leitos
Soam mais alto que os tiros
De outras mulheres os gritos
Lançando ao mundo seus filhos
Já antevendo os destinos
De seus meninos amados
Os velhos abandonados
Puseram de lado o espanto
Sofreram e viram tanto
Que o seu momento esperam
No recanto onde se albergam
A morte não temem, esperam!
PARIS
Autor: Nilton Bustamante
trad.p/ francês, Maria Petronilho
Eu que nunca fui a Paris, tenho saudades.
Moi, que ne suis jamais allé à Paris, j’en ai de la nostalgie.
Eu que nunca beijei seus lábios, tenho saudades.
Moi, que n’ai jamais embrassé ses lévres, j’en ai de la nostalgie.
Eu que nunca soube das cores de seu mundo, tenho
Moi, que n’ai pas connu les couleurs de son mond, j’en ai de la nostalgie.
saudades.
Juro que te vi, andamos pelas mesmas alamedas,
Je jure que je t’ai vu, nous nous sommes promenés par les mêmes boulevards,
Sentamo-nos nos mesmos cafés, junto aos poetas.
Nous nous somes assis même aux cafés, parmi les poétes.
Dias ensolarados, o nada prazeroso para fazer...
Des jours ensoleillés, le plaisir de laisser faire laisser passer…
O corpo pedindo,
Le corps demandant
Os olhos vendo através dos pensamentos,
Les yeus voyant tranvers la pensée
A vontade de ser feliz, Paris, Paris...
La volonté d’être heureux, Paris, Paris…
Vem pra mim, eu que nunca fui a Paris,
Viens à moi, que je ne suis jamais allé á Paris,
Vem pra mim, eu que sempre te quis.
Viens à moi, parce que je t’ai aimé toujours.
Paris, Paris, meu estado de espírito.
Paris, Paris, mon état d’esprit.
Autor: Nilton Bustamante
trad.p/ francês, Maria Petronilho
Eu que nunca fui a Paris, tenho saudades.
Moi, que ne suis jamais allé à Paris, j’en ai de la nostalgie.
Eu que nunca beijei seus lábios, tenho saudades.
Moi, que n’ai jamais embrassé ses lévres, j’en ai de la nostalgie.
Eu que nunca soube das cores de seu mundo, tenho
Moi, que n’ai pas connu les couleurs de son mond, j’en ai de la nostalgie.
saudades.
Juro que te vi, andamos pelas mesmas alamedas,
Je jure que je t’ai vu, nous nous sommes promenés par les mêmes boulevards,
Sentamo-nos nos mesmos cafés, junto aos poetas.
Nous nous somes assis même aux cafés, parmi les poétes.
Dias ensolarados, o nada prazeroso para fazer...
Des jours ensoleillés, le plaisir de laisser faire laisser passer…
O corpo pedindo,
Le corps demandant
Os olhos vendo através dos pensamentos,
Les yeus voyant tranvers la pensée
A vontade de ser feliz, Paris, Paris...
La volonté d’être heureux, Paris, Paris…
Vem pra mim, eu que nunca fui a Paris,
Viens à moi, que je ne suis jamais allé á Paris,
Vem pra mim, eu que sempre te quis.
Viens à moi, parce que je t’ai aimé toujours.
Paris, Paris, meu estado de espírito.
Paris, Paris, mon état d’esprit.
Faço-me ânsia!
Minhas centelhas
Tomam formas
Percorrem distâncias
envolvem-te alucinadas
Divago no céu,
Em demandas
Os olhos acesos
De urgências.
As mãos implorando
As tuas
Entranho-me em teus sonhos
E sussurro aos teu ouvidos
Cânticos infinitos, pois
Nasci entre os astros
E venho tomar-te nos braços
Para cingidos subirmos
À luz onde pertencemos
Minhas centelhas
Tomam formas
Percorrem distâncias
envolvem-te alucinadas
Divago no céu,
Em demandas
Os olhos acesos
De urgências.
As mãos implorando
As tuas
Entranho-me em teus sonhos
E sussurro aos teu ouvidos
Cânticos infinitos, pois
Nasci entre os astros
E venho tomar-te nos braços
Para cingidos subirmos
À luz onde pertencemos
E meu amor que não vem!
A imersão balsâmica
De alfazema e de rosa
Há tanto te aguarda!
Criei afrodisíacos aromas
Para refazer-nos à ceia
Alongam-se meus olhos
Na estrada vazia
Inflamo-me sonhadora
Antecipando a centelha
De teu corpo que ao rasar-me
Chispa minha rubra brasa
E me leva incendiada
Numa ânsia indefinida
De onde assomo renascida
Aonde estás, que te detém?
Escuta bramir o silêncio
Segue-o e vem!
Despe-me das sedas diáfanas
Que aprisionam a ninfa ansiosa
Pelo golpe da tua asa
Afim de achar-se libertada
Tudo se aquieta na tarde calma
O sol declina levando a esperança
De retirar-me contigo
Em arrebatador desvario
E anoitecer nos teus braços
Em langorosa bonança....
A imersão balsâmica
De alfazema e de rosa
Há tanto te aguarda!
Criei afrodisíacos aromas
Para refazer-nos à ceia
Alongam-se meus olhos
Na estrada vazia
Inflamo-me sonhadora
Antecipando a centelha
De teu corpo que ao rasar-me
Chispa minha rubra brasa
E me leva incendiada
Numa ânsia indefinida
De onde assomo renascida
Aonde estás, que te detém?
Escuta bramir o silêncio
Segue-o e vem!
Despe-me das sedas diáfanas
Que aprisionam a ninfa ansiosa
Pelo golpe da tua asa
Afim de achar-se libertada
Tudo se aquieta na tarde calma
O sol declina levando a esperança
De retirar-me contigo
Em arrebatador desvario
E anoitecer nos teus braços
Em langorosa bonança....
CÁLIZ INGRATO
Cálice ingrato
Autor Alberto Peyrano; trad p/ português Maria Petronilho
Y se hace vieja la calle...
Já se faz velha a rua....
Tan vieja y agobiada,
Tão velha e angustiada
depositada en esos ojos nuevos
confiada nesses olhos novos
que nacieron en un país que duerme ,
que nasceram num país que dorme,
donde la mañana sólo sirve para nada...
onde a manhã para nada serve....
Existe un árbol donde un pájaro
Existe uma árvore onde um pássaro
renunció a su canto cierta noche,
renunciou a seu canto certa noite,
y le contó al poeta
e confidenciou ao poeta
la negra pesadilla que observó
a negra inquietação que percebeu
bajo sus ramas,
sob as suas ramas
tal vez para llorar con él
talvez para chorar com ele
o para buscar apoyo
ou para buscar apoio
en los gritos del verso
nos gritos do verso
que la angustia inspira,
que a angústia inspira
con la esperanza anticipada y casi vana
com a esperança antecipada e quase vã
de un poeta escuchado y atendido
de um poeta escutado e acatado
en medio del vacío.
no meio do vazio.
Se le va el aliento al futuro,
Vai-se com alento no futuro
ensayando a tientas la sobrevivencia,
ensaiando às tentativas a sobrevivência
nadando entre los vómitos inéditos
nadando entre os vómitos inéditos
que son lanzados en diarios y cartones,
que são lançados em diários e panfletos
y que se tragan en el plato de comida
e que se tragam no prato de comida
que tiene gusto a rabia
que tem gosto de raiva
y a resentimiento.
E de ressentimento
Es un cáliz ingrato el que ofreces,
É um cálice ingrato o que ofereces
mi ciudad, a tus hijos y al presente,
minha cidade, aos teus filhos e ao presente
que hace pensar en un solar
que faz pensar numa linhagem
ausente
ausente
o desaparecido,
ou desaparecida
vacío de esperanzas, protección o abrigo
vazia de esperanças, protecção e abrigo
y donde no se pueden
e onde não se podem
ensayar pasos hacia el frente.
Ensaiar passos avante
Tu presente profano, ciudad,
O teu presente profano, cidade,
cachetea muy duro y sin piedad
esbofeteia com muita dureza e sem piedade
a mi futuro,
o meu futuro,
a mi no-ser que clama
o meu não-ser que clama
porque apartes este cáliz
para que afastes este cálice
donde el poema
onde o poema
quedó disuelto en lágrimas
se desfez em lágrimas
junto al pájaro inerte
junto ao pássaro inerte
que se volvió al olvido.
Que retornou para o esquecimento.
Alberto Peyrano
Buenos Aires, Abril 2004
Cálice ingrato
Autor Alberto Peyrano; trad p/ português Maria Petronilho
Y se hace vieja la calle...
Já se faz velha a rua....
Tan vieja y agobiada,
Tão velha e angustiada
depositada en esos ojos nuevos
confiada nesses olhos novos
que nacieron en un país que duerme ,
que nasceram num país que dorme,
donde la mañana sólo sirve para nada...
onde a manhã para nada serve....
Existe un árbol donde un pájaro
Existe uma árvore onde um pássaro
renunció a su canto cierta noche,
renunciou a seu canto certa noite,
y le contó al poeta
e confidenciou ao poeta
la negra pesadilla que observó
a negra inquietação que percebeu
bajo sus ramas,
sob as suas ramas
tal vez para llorar con él
talvez para chorar com ele
o para buscar apoyo
ou para buscar apoio
en los gritos del verso
nos gritos do verso
que la angustia inspira,
que a angústia inspira
con la esperanza anticipada y casi vana
com a esperança antecipada e quase vã
de un poeta escuchado y atendido
de um poeta escutado e acatado
en medio del vacío.
no meio do vazio.
Se le va el aliento al futuro,
Vai-se com alento no futuro
ensayando a tientas la sobrevivencia,
ensaiando às tentativas a sobrevivência
nadando entre los vómitos inéditos
nadando entre os vómitos inéditos
que son lanzados en diarios y cartones,
que são lançados em diários e panfletos
y que se tragan en el plato de comida
e que se tragam no prato de comida
que tiene gusto a rabia
que tem gosto de raiva
y a resentimiento.
E de ressentimento
Es un cáliz ingrato el que ofreces,
É um cálice ingrato o que ofereces
mi ciudad, a tus hijos y al presente,
minha cidade, aos teus filhos e ao presente
que hace pensar en un solar
que faz pensar numa linhagem
ausente
ausente
o desaparecido,
ou desaparecida
vacío de esperanzas, protección o abrigo
vazia de esperanças, protecção e abrigo
y donde no se pueden
e onde não se podem
ensayar pasos hacia el frente.
Ensaiar passos avante
Tu presente profano, ciudad,
O teu presente profano, cidade,
cachetea muy duro y sin piedad
esbofeteia com muita dureza e sem piedade
a mi futuro,
o meu futuro,
a mi no-ser que clama
o meu não-ser que clama
porque apartes este cáliz
para que afastes este cálice
donde el poema
onde o poema
quedó disuelto en lágrimas
se desfez em lágrimas
junto al pájaro inerte
junto ao pássaro inerte
que se volvió al olvido.
Que retornou para o esquecimento.
Alberto Peyrano
Buenos Aires, Abril 2004
Ah, feliz da musa, da vénus, da sereia
Que te retira da tua Ilha sombria
Onde te debruças para felicidade nossa
Mas no teu próprio desterro
Desfiando colares e colares
De versos feitos de pérolas caídas
Dos teus olhos húmidos de ânsia!
Feliz da musa, da vénus, da sereia
Que encantadoramente cantas
Queira estar em afectiva atalaia
Pois é diamantina a tua voz
Que reluz engastada e nos ilumina
As almas encolhidas no proclamado
Mas dolorido ouro do silêncio!
Que te retira da tua Ilha sombria
Onde te debruças para felicidade nossa
Mas no teu próprio desterro
Desfiando colares e colares
De versos feitos de pérolas caídas
Dos teus olhos húmidos de ânsia!
Feliz da musa, da vénus, da sereia
Que encantadoramente cantas
Queira estar em afectiva atalaia
Pois é diamantina a tua voz
Que reluz engastada e nos ilumina
As almas encolhidas no proclamado
Mas dolorido ouro do silêncio!
A Um Futuro de Ordem e Progresso
Maria Petronilho
Brasil, venho de lá do mar
Com os braços carregados de flores e de esperança,
Que é primavera, e é Abril!
Chego com o coração florido de alegria
Desde o cais das Descobertas.
Trago na alma as dores cicatrizadas
De agruras e espoliações
Dos lusitanos de antanho,
Sedentos de pedras e preciosidades
Mas disponho o coração dulcificado
Por mor de diamantes fraternos,
Que valem mais do que pesam
Não se vendem nem compram,
Crescem com a seiva que emana
Da nossa compreensão
Quinhentos e quatro anos de luta
São cansativos mesmo para um jovem
Que contém no seu âmago a força
De todas as cores entrelaçadas
Em sorrisos profusos como as folhas dos mangais
Sobre rios de águas povoadas de golfinhos brancos
E de sucuris e de piranhas no aguardo,
Mudando de nome conforme os tempos vão mudando
E os senhores dos impérios que todos servimos
Pois nem todo o sangue e suor do esforço colectivo
Chegam para saciar-lhes a fome de manter-nos angustiados.
Continuam armando arapucas sem fim
Nessas terras infindáveis onde a morte
Marca passo nas ruas onde o samba escamba no eterno carnaval
Os esquadrões da morte andam armados de agulhas
E o império continua dividindo as riquezas
Deixando os teus filhos nos labirintos das favelas
Suspensas em ladeiras tão altas
Para onde mais fácil é subir do que descer
Quinhentos e quatro anos de labor contra a cobiça
Na fome feita de abastança roubada
É tarefa só possível aos grandes heróis
Aos homens sem terra no maior país do mundo
Que breve surja o dia, pátria dos meus irmãos
Em que os senhores do costume desçam dos capitéis de ouro
E seja possível à sonhadora da barra do Tejo
Seguir enfim o rumo aberto em luminosidades azuis
Para ir ter contigo... sinal que a riqueza do mundo
A deixou enfim fretar um banco na classe económica
Aonde transporte os ossos calcinados e os olhos deslumbrados
De uma vida inteira de abnegação
Por um pequeno país em decréscimo de tudo
Menos de arrogância e de hipocrisia de um poder fictício
Peço a Deus a honra de abraçar em glória
O Brasil que mais merece do que tem:
Sereno bem estar, em Ordem e Progresso.
Maria Petronilho
Brasil, venho de lá do mar
Com os braços carregados de flores e de esperança,
Que é primavera, e é Abril!
Chego com o coração florido de alegria
Desde o cais das Descobertas.
Trago na alma as dores cicatrizadas
De agruras e espoliações
Dos lusitanos de antanho,
Sedentos de pedras e preciosidades
Mas disponho o coração dulcificado
Por mor de diamantes fraternos,
Que valem mais do que pesam
Não se vendem nem compram,
Crescem com a seiva que emana
Da nossa compreensão
Quinhentos e quatro anos de luta
São cansativos mesmo para um jovem
Que contém no seu âmago a força
De todas as cores entrelaçadas
Em sorrisos profusos como as folhas dos mangais
Sobre rios de águas povoadas de golfinhos brancos
E de sucuris e de piranhas no aguardo,
Mudando de nome conforme os tempos vão mudando
E os senhores dos impérios que todos servimos
Pois nem todo o sangue e suor do esforço colectivo
Chegam para saciar-lhes a fome de manter-nos angustiados.
Continuam armando arapucas sem fim
Nessas terras infindáveis onde a morte
Marca passo nas ruas onde o samba escamba no eterno carnaval
Os esquadrões da morte andam armados de agulhas
E o império continua dividindo as riquezas
Deixando os teus filhos nos labirintos das favelas
Suspensas em ladeiras tão altas
Para onde mais fácil é subir do que descer
Quinhentos e quatro anos de labor contra a cobiça
Na fome feita de abastança roubada
É tarefa só possível aos grandes heróis
Aos homens sem terra no maior país do mundo
Que breve surja o dia, pátria dos meus irmãos
Em que os senhores do costume desçam dos capitéis de ouro
E seja possível à sonhadora da barra do Tejo
Seguir enfim o rumo aberto em luminosidades azuis
Para ir ter contigo... sinal que a riqueza do mundo
A deixou enfim fretar um banco na classe económica
Aonde transporte os ossos calcinados e os olhos deslumbrados
De uma vida inteira de abnegação
Por um pequeno país em decréscimo de tudo
Menos de arrogância e de hipocrisia de um poder fictício
Peço a Deus a honra de abraçar em glória
O Brasil que mais merece do que tem:
Sereno bem estar, em Ordem e Progresso.
segunda-feira, abril 05, 2004
Noite de Fado
Cantaram a Tágide e o Tejo
Turbulentos, agitados
No ímpeto de seus abraços
Na noite escutei murmúrios
E no mar todos os búzios
Ressoaram os seus cantos
Soavam suspiros tantos
Ternos risos abafados
E gemidos tresloucados
O Tejo adormeceu tremendo
Ela alquebrada em seus braços
Tranquilos, de amar cansados
Cantaram a Tágide e o Tejo
Turbulentos, agitados
No ímpeto de seus abraços
Na noite escutei murmúrios
E no mar todos os búzios
Ressoaram os seus cantos
Soavam suspiros tantos
Ternos risos abafados
E gemidos tresloucados
O Tejo adormeceu tremendo
Ela alquebrada em seus braços
Tranquilos, de amar cansados
De amar
Quando me quiseres amar
Finge-te louco de amor
E deixa-me extravasar
Em teu rio minha sede
Quando me deixares ter-te
Dá-me inteira liberdade
De ser terna, que é tarde
E tanto anseio beber-te
Ensaia um dueto comigo
Sê meu rei e meu castigo
Sê o meu senhor e escravo
Possui-me como se louco
E saneia o desconcerto
Do tempo desperdiçado
Quando me quiseres amar
Finge-te louco de amor
E deixa-me extravasar
Em teu rio minha sede
Quando me deixares ter-te
Dá-me inteira liberdade
De ser terna, que é tarde
E tanto anseio beber-te
Ensaia um dueto comigo
Sê meu rei e meu castigo
Sê o meu senhor e escravo
Possui-me como se louco
E saneia o desconcerto
Do tempo desperdiçado
Teus Beijos
Pairam tão longe, teus beijos!
Mal os avisto, são estrelas!
Desejo havê-las cadentes
Afim de poder bebê-las.
Se poisam, são como chispas
São meigos lumes, centelhas
Percorrem-me como raios
E de tremor me incendeias.
Vesti-me de azul esperando
Fundir-me no céu e as estrelas
Sonegar-te, às escondidas
... Em vão! É Inverno, perdi-as.
Estavam todas cerradas
Em pardos véus de neblinas.
Pairam tão longe, teus beijos!
Mal os avisto, são estrelas!
Desejo havê-las cadentes
Afim de poder bebê-las.
Se poisam, são como chispas
São meigos lumes, centelhas
Percorrem-me como raios
E de tremor me incendeias.
Vesti-me de azul esperando
Fundir-me no céu e as estrelas
Sonegar-te, às escondidas
... Em vão! É Inverno, perdi-as.
Estavam todas cerradas
Em pardos véus de neblinas.
Que inquietação é esta?!
Dentro de mim
Uma ausência
Clama alto
Chora e grita
Por que implora?
Envolve-me
Sempre e ainda
A paz que foi construída
Por minhas mãos
Persistência
Mas em mim grita
A ausência!
Uma ausência
Que não tinha
Que de surpresa
Me apanha
E de súbito
Aguilhoa
Que inquietação
É esta
Que transforma
A minha calma
Que mói fundo
A minha alma?!
Dentro de mim
Uma ausência
Clama alto
Chora e grita
Por que implora?
Envolve-me
Sempre e ainda
A paz que foi construída
Por minhas mãos
Persistência
Mas em mim grita
A ausência!
Uma ausência
Que não tinha
Que de surpresa
Me apanha
E de súbito
Aguilhoa
Que inquietação
É esta
Que transforma
A minha calma
Que mói fundo
A minha alma?!
"BARULHO
Ferreira Gullard
Todo poema é feito de ar
apenas:
a mão do poeta
não rasga a madeira
não fere
o metal
a pedra
não tinge de azul
os dedos
quando escreve manhã
ou brisa
ou blusa
de mulher.
O poema
é sem matéria palpável
tudo
o que há nele
é barulho
quando rumoreja
ao sopro da leitura."
***
DE AMAR O AMOR
todo o poema
é feito de alma
na tela
na torre que se ergue ao céu
na figura descoberta
tirado o excesso de pedra
de madeira
que a escondia
todo o poema é voz
que vivia
escondida
e se lança
irreprimível
solta canta canta e voa
da mão da voz
poeta sofredor
sê o instrumento
da poesia
flama!
Maria Petronilho
Ferreira Gullard
Todo poema é feito de ar
apenas:
a mão do poeta
não rasga a madeira
não fere
o metal
a pedra
não tinge de azul
os dedos
quando escreve manhã
ou brisa
ou blusa
de mulher.
O poema
é sem matéria palpável
tudo
o que há nele
é barulho
quando rumoreja
ao sopro da leitura."
***
DE AMAR O AMOR
todo o poema
é feito de alma
na tela
na torre que se ergue ao céu
na figura descoberta
tirado o excesso de pedra
de madeira
que a escondia
todo o poema é voz
que vivia
escondida
e se lança
irreprimível
solta canta canta e voa
da mão da voz
poeta sofredor
sê o instrumento
da poesia
flama!
Maria Petronilho
E NÃO VENHAS PEDIR-ME
QUE NÃO TE FALE DE AMOR
Não te quero triste
Nem me quero triste
A voz do amor solta se ergue
O meu sonho te procura e segue
Certo no tempo incerto
Incessantemente ao teu encontro.
Volta vazio de teu olhar
Saudoso do teu sorriso
Do teu cheiro no meu cabelo solto
Derramado no teu peito
Ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
Como todos os caminhos da ternura
Vão do meu para o teu coração!
Meus ouvidos enlevados
Repetem a tua voz sem conta
Mas todos os meus poros
Anseiam pelos teus dedos
E a minha boca perdeu o dom de sorrir
Pela tua inquieta....
QUE NÃO TE FALE DE AMOR
Não te quero triste
Nem me quero triste
A voz do amor solta se ergue
O meu sonho te procura e segue
Certo no tempo incerto
Incessantemente ao teu encontro.
Volta vazio de teu olhar
Saudoso do teu sorriso
Do teu cheiro no meu cabelo solto
Derramado no teu peito
Ah, como é leve e inevitável seguir este fio!
Como todos os caminhos da ternura
Vão do meu para o teu coração!
Meus ouvidos enlevados
Repetem a tua voz sem conta
Mas todos os meus poros
Anseiam pelos teus dedos
E a minha boca perdeu o dom de sorrir
Pela tua inquieta....
O BEIJO/EL BESO
SONHO
SE DILUINDO
NO AR
PERFUME DE ALFAZEMA
POEMA
QUE NEM SEI CANTAR
NUVEM QUE QUE ESVAI
MOMENTO NO TEMPO
CARÍCIA
QUE PERPASSA
E SEGUE TÃO LEVE
DEIXANDO PESADA
SÓ MINHA A
SAUDADE
***
EL BESO
SUEÑO
SE DILUYÉNDOSE
EN EL AIRE
PERFUME DE AZUCENA
POEMA
QUE NADIE SABE CANTAR
MOMENTO EN EL TIEMPO
CARICIA
QUE SOBREPASA
Y DIGUE TAN LEVE
DEJANDO PESADA
SOLO MÍA LA
SOLEDAD
EL BESO - Autoria- Maria Petronilho - Portugal-m.petronilho@netcabo.pt -
Traducción para el español - Betty - Argentina - betinahg@yahoo.com.ar
SONHO
SE DILUINDO
NO AR
PERFUME DE ALFAZEMA
POEMA
QUE NEM SEI CANTAR
NUVEM QUE QUE ESVAI
MOMENTO NO TEMPO
CARÍCIA
QUE PERPASSA
E SEGUE TÃO LEVE
DEIXANDO PESADA
SÓ MINHA A
SAUDADE
***
EL BESO
SUEÑO
SE DILUYÉNDOSE
EN EL AIRE
PERFUME DE AZUCENA
POEMA
QUE NADIE SABE CANTAR
MOMENTO EN EL TIEMPO
CARICIA
QUE SOBREPASA
Y DIGUE TAN LEVE
DEJANDO PESADA
SOLO MÍA LA
SOLEDAD
EL BESO - Autoria- Maria Petronilho - Portugal-m.petronilho@netcabo.pt -
Traducción para el español - Betty - Argentina - betinahg@yahoo.com.ar
andar como se tivesse
andar ao relento no tempo
como se tempo tivesse
para perder se do tempo
como se algo existisse
se algo ou alguém houvesse
que os amigos separasse
como se o tempo fosse
inexorável
àquele no vai no vento
sem derivar
se alhear ...
qual sombra do meio dia
presente se bem
pequena!
ai ....
a saudade refresca
ao voltar
o ser
a seu ninho retorna
cuidando bem dada a volta
se fica
de posse da vida
andar ao relento no tempo
como se tempo tivesse
para perder se do tempo
como se algo existisse
se algo ou alguém houvesse
que os amigos separasse
como se o tempo fosse
inexorável
àquele no vai no vento
sem derivar
se alhear ...
qual sombra do meio dia
presente se bem
pequena!
ai ....
a saudade refresca
ao voltar
o ser
a seu ninho retorna
cuidando bem dada a volta
se fica
de posse da vida
Tempo de Amar
o tempo que
antes
o tempo
anuncia
é benção
é primavera
risonha amizde que fica
dentro do peito acolhida
como a folhinha enrolada
no escuro gomo escondida
plantemos amor carinho
com suave atenção
aos males
alheios
e aos
nossos
sigamos de mão na mão
como que voz nós poderemos
a poesia cantar
se entre nós não soubermermos
esse verbo conjugar?!
o tempo que
antes
o tempo
anuncia
é benção
é primavera
risonha amizde que fica
dentro do peito acolhida
como a folhinha enrolada
no escuro gomo escondida
plantemos amor carinho
com suave atenção
aos males
alheios
e aos
nossos
sigamos de mão na mão
como que voz nós poderemos
a poesia cantar
se entre nós não soubermermos
esse verbo conjugar?!
Vamos juntos contra o Nada
Raízes se nos entrelaçam
Sorvemos a mesma seiva
Como papoilas fraternas
A rir em trigais infinitos
Vamos juntos contra o Nada
Cansados de indiferença
Olhando na mesma senda
Sentindo com a mesma alma
Sentindo a dor primeira
Como havemos de sentir
A última dor de sermos
Trilhados por vãos motivos
Vamos juntos contra o Nada
Pois prometem-nos a queda
No imensurável abismo
Em busca da vã riqueza
que de nada pode e serve
Se nada produz nem cria
Raízes se nos entrelaçam
Sorvemos a mesma seiva
Como papoilas fraternas
A rir em trigais infinitos
Vamos juntos contra o Nada
Cansados de indiferença
Olhando na mesma senda
Sentindo com a mesma alma
Sentindo a dor primeira
Como havemos de sentir
A última dor de sermos
Trilhados por vãos motivos
Vamos juntos contra o Nada
Pois prometem-nos a queda
No imensurável abismo
Em busca da vã riqueza
que de nada pode e serve
Se nada produz nem cria
"Cachopa da Beira Rio"
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
... só perto do meu olhar!
Cachopa da beira rio
dei meu coração ao mar
sou filha da foz do Tejo
passo a vida a navegar
meu coração um veleiro
com velas de ir e voltar
peregrenino companheiro
está partido e a chorar
de si só guardo metade
onde a outra irei buscar?
num paraíso distante
Vera Cruz, hei-de chegar!
cachopa da beira rio
com saudades de abalar
e encontrar essa metade
que tanto choro a cantar
meu fado é esta tristeza
quando te irei encontrar?
... só perto do meu olhar!
CADA VEZ MAIS
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA> DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...jÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
TE VEJO MAR, TE SINTO MAR!
SOU DE NOVO A MENINA ABSORTA
CAMINHANDO HORAS ESQUECIDA> DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
...jÁ QUASE SE FOI, A PRAIA!
MAS VIVE AINDA A MENINA
TEMEROSA E FASCINADA,
OLHAR ALÉM - TÃO PERDIDA
DE SI-MESMA, QUE SONHAVA...
SOL VIBRANTE NO MEU ROSTO
CABELOS SOLTOS NO VENTO
FASCÍNO
TERNURA
MEDO!
Onde Estás?
Onde estás, que há tempo
que venho te procurando
nas estradas enluaradas;
nos raios de sol filtrados
por entre galhos em flor?
onde estás tu, que eu tanto
venho em vão te procurando;
no pólen que ainda resta;
na flor dourada da giesta
que atapeta a montanha?
onde estás,
que não te encontro,
e há tanto tempo percorro
todas as praias e grutas
em nenhuma te achando;
onde estarás Tu? Eu venho
nesses mares navegando
em nenhum deles te vendo,
procurando-te divago...
contando estrelas me perco
buscando o teu amor!
Onde estás, que há tempo
que venho te procurando
nas estradas enluaradas;
nos raios de sol filtrados
por entre galhos em flor?
onde estás tu, que eu tanto
venho em vão te procurando;
no pólen que ainda resta;
na flor dourada da giesta
que atapeta a montanha?
onde estás,
que não te encontro,
e há tanto tempo percorro
todas as praias e grutas
em nenhuma te achando;
onde estarás Tu? Eu venho
nesses mares navegando
em nenhum deles te vendo,
procurando-te divago...
contando estrelas me perco
buscando o teu amor!
O oleiro que eu sonho
Vou ainda na esperança
de que um dia
o oleiro que eu sonho
penetre a espiral
onde voo
temendo
perder equilíbrio.
Imagino
que suas mãos
de amor me tomem
e com fervor me recolham
Inteira e leve,
qual ave solta
em feliz em gorjeio
com zelo e carinho
me acolha no ninho
do seu coração!
Vou ainda na esperança
de que um dia
o oleiro que eu sonho
penetre a espiral
onde voo
temendo
perder equilíbrio.
Imagino
que suas mãos
de amor me tomem
e com fervor me recolham
Inteira e leve,
qual ave solta
em feliz em gorjeio
com zelo e carinho
me acolha no ninho
do seu coração!
Digo
Maria Petronilho
Aquém do meu ser total,
Que não sei dizê-lo todo,
Apenas
Sei e sinto
Que não sei dizer tudo,
Nem quanto.
É que há algo imerso
Dentro de quem sou
Que conheço e desconheço
Porque me transcende o entendimento.
Só sei dizer o imenso
Mais do que eu
Que me avassala,
Que não de todo se solta,
Que não vejo mas me inquieta,
Que é muito maior do que eu.
Como se eu fosse rede
E uma ave enorme
Dentro de mim se debatesse
E me rasgasse
Sem contudo conseguir soltar-se,
Para que um dia alguém me
Encontre!
***
DIGO
A quien le doy mi ser total,
Que no sé decirlo todo,
Apenas
Sé y siento
Que no sé decirlo todo,
Ni cuánto.
Es que hay algo inmerso
Dentro de quien soy
Que conozco y desconozco
Porque trasciende mi razón.
Sólo se decir lo inmenso,
más que lo mío,
que me avasalla,
que no del todo se libera,
que no veo mas me inquieta,
que es mucho más grande que yo.
Como si fuese yo una red
y un ave enorme
Dentro de mí se debatiese
Y me rasgase
sin poder del todo soltarse,
para que un día alguien me
encuentre!
(Versión libre en español: Alberto Peyrano)
Maria Petronilho
Aquém do meu ser total,
Que não sei dizê-lo todo,
Apenas
Sei e sinto
Que não sei dizer tudo,
Nem quanto.
É que há algo imerso
Dentro de quem sou
Que conheço e desconheço
Porque me transcende o entendimento.
Só sei dizer o imenso
Mais do que eu
Que me avassala,
Que não de todo se solta,
Que não vejo mas me inquieta,
Que é muito maior do que eu.
Como se eu fosse rede
E uma ave enorme
Dentro de mim se debatesse
E me rasgasse
Sem contudo conseguir soltar-se,
Para que um dia alguém me
Encontre!
***
DIGO
A quien le doy mi ser total,
Que no sé decirlo todo,
Apenas
Sé y siento
Que no sé decirlo todo,
Ni cuánto.
Es que hay algo inmerso
Dentro de quien soy
Que conozco y desconozco
Porque trasciende mi razón.
Sólo se decir lo inmenso,
más que lo mío,
que me avasalla,
que no del todo se libera,
que no veo mas me inquieta,
que es mucho más grande que yo.
Como si fuese yo una red
y un ave enorme
Dentro de mí se debatiese
Y me rasgase
sin poder del todo soltarse,
para que un día alguien me
encuentre!
(Versión libre en español: Alberto Peyrano)
Razão de queixa
Ai se
uma vez
que fosse
vestisse
a
saia justa
mostrando
a
perna envolta
em fina meia
de seda
a
blusa cruzasse
acima da anca
convidando-te
à
a curva da
cintura
Ai se
ousasse
pestanejar
sedutora
pintasse de rubro
a boca e
à
sua sede cedera
Ai se
não fosse
tão discreta
me atrevesse
a
mostrar-te
a
fogueira
que em silêncio
bruxuleia
encoberta
razão de queixa
teria?!
Ai se
uma vez
que fosse
vestisse
a
saia justa
mostrando
a
perna envolta
em fina meia
de seda
a
blusa cruzasse
acima da anca
convidando-te
à
a curva da
cintura
Ai se
ousasse
pestanejar
sedutora
pintasse de rubro
a boca e
à
sua sede cedera
Ai se
não fosse
tão discreta
me atrevesse
a
mostrar-te
a
fogueira
que em silêncio
bruxuleia
encoberta
razão de queixa
teria?!
Doce Memória
Ah, se eu pudesse
tranformar-me em borboleta
que secreta te seguisse,
escondida viajassse
na aba da tua sombra!
A frescura do teu dia,
centelha na noite escura!
No teu sorriso brilhasse!
Soubesse a mel a lembrança
que meu sabor te deixasse
e breve ausência bastasse
pr'a sonhar reencontrá-la!
Ah, se eu pudesse
tranformar-me em borboleta
que secreta te seguisse,
escondida viajassse
na aba da tua sombra!
A frescura do teu dia,
centelha na noite escura!
No teu sorriso brilhasse!
Soubesse a mel a lembrança
que meu sabor te deixasse
e breve ausência bastasse
pr'a sonhar reencontrá-la!
CRAVOS RUBROS, ONDE A
ESPERAÇA?
NÃO FALEM DA DOÇURA DAS MORDAÇAS
CERTA MANHÃ DE ABRIL
ARRANCADAS
FALEM DAS ESPERANÇAS ESMAGADAS
DE NOSSAS QUIMERAS QUEIMADAS
DAS VÃS FALHADAS PROMESSAS
DESSAS SENHORIAS
DANDO-NOS POR PÃO PALAVRAS
ILUSÕES, FAVAS CONTADAS
FALEM DESTAS VIVAS CHAGAS
NO LUGAR DAS NOSSAS ESPERANÇAS
DAS LUTAS DESESPERADAS
FALEM DO PODER E DA GULA
DA VAIDADE E DA SOBERBA
DELATAEM QUEM NOS ENGANA
DE QUEM ESBANJA À NOSSA MESA
O PÃO NOSSO QUE NOS FALTA
E RI DA NOSSA DESGRAÇA
FALEM NA POPREZA ESCONDIDA
FALEM NO POVO QUE EMPENHA
A VIDA EM TROCA DE NADA
FALEM DA MISÉRIA NA SOMBRA
DO ADEVIR NA PENHORA
DO IMPÉRIO DE IMPOSTURA
AH, PÉTALAS DE CRAVOS RUBROS
TÃO PERFUMADOS DE ESPERANÇA
QUE É DA VOSSA RUBRA CHAMA?
ESPERAÇA?
NÃO FALEM DA DOÇURA DAS MORDAÇAS
CERTA MANHÃ DE ABRIL
ARRANCADAS
FALEM DAS ESPERANÇAS ESMAGADAS
DE NOSSAS QUIMERAS QUEIMADAS
DAS VÃS FALHADAS PROMESSAS
DESSAS SENHORIAS
DANDO-NOS POR PÃO PALAVRAS
ILUSÕES, FAVAS CONTADAS
FALEM DESTAS VIVAS CHAGAS
NO LUGAR DAS NOSSAS ESPERANÇAS
DAS LUTAS DESESPERADAS
FALEM DO PODER E DA GULA
DA VAIDADE E DA SOBERBA
DELATAEM QUEM NOS ENGANA
DE QUEM ESBANJA À NOSSA MESA
O PÃO NOSSO QUE NOS FALTA
E RI DA NOSSA DESGRAÇA
FALEM NA POPREZA ESCONDIDA
FALEM NO POVO QUE EMPENHA
A VIDA EM TROCA DE NADA
FALEM DA MISÉRIA NA SOMBRA
DO ADEVIR NA PENHORA
DO IMPÉRIO DE IMPOSTURA
AH, PÉTALAS DE CRAVOS RUBROS
TÃO PERFUMADOS DE ESPERANÇA
QUE É DA VOSSA RUBRA CHAMA?
Tão longe mas assim perto!
como música soando
difusamente por entre
nuvens que entardecendo
viajam no infindo
céu imenso
longínquo...
quase posso tocá-lo
com os dedos entendidos
no vazio
onde pressinto
tua essência pairando
um desejo latejando
minha pele aflorando
na suavidade
de um beijo
tu...
estás tão longe
assim perto!
como música soando
difusamente por entre
nuvens que entardecendo
viajam no infindo
céu imenso
longínquo...
quase posso tocá-lo
com os dedos entendidos
no vazio
onde pressinto
tua essência pairando
um desejo latejando
minha pele aflorando
na suavidade
de um beijo
tu...
estás tão longe
assim perto!
As mãos tremendo
De repente,
As mãos encontram-se
Tremendo sozinhas
No meio da noite
Quase podendo tocar-te
Tremendo
Por desejar-te
Mas tu estás tão ausente
Se bem estejas tão presente!
E o espaço se faz imenso
Volteia no ar minha chama
No teu encalço
... Mas não te alcanço!
Escuta o coração lancinante
Dizer-te secretamente
Espero-te!
Vem, meigo e doce
Fazer-me vibrar
Fremente
Corda de violino nos teus braços;
Sê o arco que me faz gemer
De prazer
E gritar delirante
As palmas das minhas mãos
Dão por si tão de repente
Vazias de ti,
Tremendo
Revivendo cada instante....
De repente,
As mãos encontram-se
Tremendo sozinhas
No meio da noite
Quase podendo tocar-te
Tremendo
Por desejar-te
Mas tu estás tão ausente
Se bem estejas tão presente!
E o espaço se faz imenso
Volteia no ar minha chama
No teu encalço
... Mas não te alcanço!
Escuta o coração lancinante
Dizer-te secretamente
Espero-te!
Vem, meigo e doce
Fazer-me vibrar
Fremente
Corda de violino nos teus braços;
Sê o arco que me faz gemer
De prazer
E gritar delirante
As palmas das minhas mãos
Dão por si tão de repente
Vazias de ti,
Tremendo
Revivendo cada instante....
Parasse a haste do tempo
Suspenso fosse o instante
Em que unidos repousamos
Na desperta indolência
Volátil, perfeita essência
De dois num só
em ternura
Eterno fosse o momento
Fulgente
do terno arroubo
Por nuvens e labirintos
Galáxias onde fulgimos
Em ninhos nos
ateamos
Permanecesse o momento
Em que pairando sentimos
Como se únicos
no mundo
Porque nos desapegámos
De toda a ânsia
e achámos
O Éden que
antevimos.
Suspenso fosse o instante
Em que unidos repousamos
Na desperta indolência
Volátil, perfeita essência
De dois num só
em ternura
Eterno fosse o momento
Fulgente
do terno arroubo
Por nuvens e labirintos
Galáxias onde fulgimos
Em ninhos nos
ateamos
Permanecesse o momento
Em que pairando sentimos
Como se únicos
no mundo
Porque nos desapegámos
De toda a ânsia
e achámos
O Éden que
antevimos.
Trova de amor
Se as cores de teu estandarte
Destas ameias avisto
Às minhas aias ordeno
Preparem o meu palácio.
Aos menestréis recomendo
Repouso. Quero silêncio
Para escutar-te ao repasto
Em que te sirvo o vinho
Deleitoso e maduro
Destas terras de meu reino.
Ao toque do clarim revelo
Seres o Príncipe dilecto
Que nas minhas trovas canto
Jóia prima da coroa
Fortuna de meu erário!
Se as cores de teu estandarte
Destas ameias avisto
Às minhas aias ordeno
Preparem o meu palácio.
Aos menestréis recomendo
Repouso. Quero silêncio
Para escutar-te ao repasto
Em que te sirvo o vinho
Deleitoso e maduro
Destas terras de meu reino.
Ao toque do clarim revelo
Seres o Príncipe dilecto
Que nas minhas trovas canto
Jóia prima da coroa
Fortuna de meu erário!
Direito e avesso
Quem é esta sereia
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua
Quem é esta sereia
que se afoga na água
e em terra não caminha
quem é esta mulher
que me habita
e contra mim conspira
que é esta que se dá aos outros
mas a si se nega
quem será aquela
que em mim protesta
contra a injustiça
mas se mantém escrava?
quem me fez com esta
asa de gaivota
de ninho na areia?
Onde vou que tanto caminho
no lado escuro
da terra
olhando o lado claro
da lua
Todo o Tacho Tem Seu Testo
Foi Adão sacrificado
duma costela
do lado
Deus tirou-me
Qu' eu não vi
Mas dizem que
foi assim
E ando desde essa altura
Na vida à tua procura
Dizem muitos que eu conheço
Todo o tacho tem testo
Talvez seja,
Não sei bem
Mas onde estarás meu rei?
Vivo à tua procura
Pra te dar minha ternura
Vivo tonta da cabeça
À espera qu' isso aconteça
Entretanto vou
Vou tão só e vou penando
Neste mundo sem lisura
Ando à tua procura
Foi Adão sacrificado
duma costela
do lado
Deus tirou-me
Qu' eu não vi
Mas dizem que
foi assim
E ando desde essa altura
Na vida à tua procura
Dizem muitos que eu conheço
Todo o tacho tem testo
Talvez seja,
Não sei bem
Mas onde estarás meu rei?
Vivo à tua procura
Pra te dar minha ternura
Vivo tonta da cabeça
À espera qu' isso aconteça
Entretanto vou
Vou tão só e vou penando
Neste mundo sem lisura
Ando à tua procura
"Quase
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
Momentos de alma que,desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém..."
Mario de Sá Carneiro
...
Mais um ai e eu era vida
MAIS AMOR E EU ERA ALGUÉM
TANTO SOFRO NESTA TRILHA
SEM DESTINO, QUE CAMINHA,
P'RÓ NADA QUE EU VEJO ALÉM.
POR FOME NA ABUNDÂNCIA
POR SOZINHA ENTRE A GENTE
POR VULGAR MAS DIFERENTE
MAIS AMOR E EU ERA ALGUÉM.
SOU A POETA QUE MORRE
DE SAUDADES DE VIVER
UM BREVE OLHAR P'RA ME VER
NO CAMINHO TORTO SIGO
OUTRA SOU, UNA COMIGO.
MAIS OLHAR E EU ERA QUEM...
Maria Petronilho
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
Momentos de alma que,desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém..."
Mario de Sá Carneiro
...
Mais um ai e eu era vida
MAIS AMOR E EU ERA ALGUÉM
TANTO SOFRO NESTA TRILHA
SEM DESTINO, QUE CAMINHA,
P'RÓ NADA QUE EU VEJO ALÉM.
POR FOME NA ABUNDÂNCIA
POR SOZINHA ENTRE A GENTE
POR VULGAR MAS DIFERENTE
MAIS AMOR E EU ERA ALGUÉM.
SOU A POETA QUE MORRE
DE SAUDADES DE VIVER
UM BREVE OLHAR P'RA ME VER
NO CAMINHO TORTO SIGO
OUTRA SOU, UNA COMIGO.
MAIS OLHAR E EU ERA QUEM...
Maria Petronilho
De Abraçar os Sonhos
Menina sonhadora
morrerás acreditando
que asas de anjos perpassam
altas horas, de mansinho
soprando os teus pesadelos
nas noites só solidão;
menina que te desintegras
em carinhos de ilusão;
menina de olhos vidrados
postos na imensidão;
menina porque é que caminhas
sempre no gume do abismo
entre o nada e a ingratidão?
Levas os braços abertos
mas fica tão alto o céu
quanto acerado é o chão!
Menina sonhadora
morrerás acreditando
que asas de anjos perpassam
altas horas, de mansinho
soprando os teus pesadelos
nas noites só solidão;
menina que te desintegras
em carinhos de ilusão;
menina de olhos vidrados
postos na imensidão;
menina porque é que caminhas
sempre no gume do abismo
entre o nada e a ingratidão?
Levas os braços abertos
mas fica tão alto o céu
quanto acerado é o chão!
Mas assim que o sol voltar!
Mas assim que o sol voltar
eu sinto que irei voar
liberta p'ra te encontrar
saltitando nas gotinhas
rebrilhando nas janelas
transparentes as vidraças
como sempre nossas almas
que tanto cantam aladas
negam distâncias
quais harpas
nesta certeza seguimos
somos maiores que parecemos
brincamos, choramos, rimos
haja sol ou cante a chuva
em toada de magia!
Mas assim que o sol voltar
eu sinto que irei voar
liberta p'ra te encontrar
saltitando nas gotinhas
rebrilhando nas janelas
transparentes as vidraças
como sempre nossas almas
que tanto cantam aladas
negam distâncias
quais harpas
nesta certeza seguimos
somos maiores que parecemos
brincamos, choramos, rimos
haja sol ou cante a chuva
em toada de magia!
Plena
a manhã se descobre em alvura
deténs-te
na madrugada que ora és
e que nasceu
da noite que passaste
com desvelo
olhas surpresa o teu próprio
reflexo
Amanheceste!
Por isso deambulas qual estrela
estremunhada ainda
serás Vénus ou a lua que paira?
sorris
ao certo sol de um novo dia
e surges
estrela viva a brilhar no céu,
Plena!
a manhã se descobre em alvura
deténs-te
na madrugada que ora és
e que nasceu
da noite que passaste
com desvelo
olhas surpresa o teu próprio
reflexo
Amanheceste!
Por isso deambulas qual estrela
estremunhada ainda
serás Vénus ou a lua que paira?
sorris
ao certo sol de um novo dia
e surges
estrela viva a brilhar no céu,
Plena!
Ilha dos Amores
Desiludida de amar,
Fechei-me numa clausura.
Emparedei-me. Fugia.
Fui construindo uma ilha
Fingia que era liberta
Porque da praia mirava
O reverberar na água
Quando o sol nela deitava.
Sentia o ar que passava.
Escutava o mar que bramia
Ou então que murmurava
Em enleio me levava
Nas sendas da utopia
Esquecendo quanto tinha
Corpo humano onde habita
Centelha que necessita
Mais que ambrósia e poesia
Feminil corpo que anseia
Por carinho e fantasia
Que um príncipe venha ainda
Acordar-me com brandura
De cem sonos à deriva
Exulto de novo agora
Minha carne e minha alma
São instrumentos de corda
Que os teus dedos harpejam
Teus lábios fontes de beijos
Tuas carícias delírios
E dos sonhos que florimos
Emanam novos poemas
Que já não são devaneios
Mas ternos, fundos anseios
No aperto de teus braços
Nos nossos doidos segredos
Ao ouvido murmurados
Rejubila minha alma
Não mais sofre solitária
E minha ilha fulgura
De doce brilho, volúpia!
Desiludida de amar,
Fechei-me numa clausura.
Emparedei-me. Fugia.
Fui construindo uma ilha
Fingia que era liberta
Porque da praia mirava
O reverberar na água
Quando o sol nela deitava.
Sentia o ar que passava.
Escutava o mar que bramia
Ou então que murmurava
Em enleio me levava
Nas sendas da utopia
Esquecendo quanto tinha
Corpo humano onde habita
Centelha que necessita
Mais que ambrósia e poesia
Feminil corpo que anseia
Por carinho e fantasia
Que um príncipe venha ainda
Acordar-me com brandura
De cem sonos à deriva
Exulto de novo agora
Minha carne e minha alma
São instrumentos de corda
Que os teus dedos harpejam
Teus lábios fontes de beijos
Tuas carícias delírios
E dos sonhos que florimos
Emanam novos poemas
Que já não são devaneios
Mas ternos, fundos anseios
No aperto de teus braços
Nos nossos doidos segredos
Ao ouvido murmurados
Rejubila minha alma
Não mais sofre solitária
E minha ilha fulgura
De doce brilho, volúpia!
Aura em íntimo fulgor!
O poema escorre meigo
Dos dedos que se entrelaçam
Demora-se atado em beijos
Na batalha auspiciosa
Que em fúria se desata
Num candente entrelaçar!
Soltos os braços envolta
De nosso ser singular
Que se descobre plural
E duplicado se solta
Numa bem-aventurança
Aura em íntimo fulgor!
O poema escorre meigo
Dos dedos que se entrelaçam
Demora-se atado em beijos
Na batalha auspiciosa
Que em fúria se desata
Num candente entrelaçar!
Soltos os braços envolta
De nosso ser singular
Que se descobre plural
E duplicado se solta
Numa bem-aventurança
Aura em íntimo fulgor!
Estou Triste/ESTOY TRISTE
Estou triste
tão triste como
uma folha que cai vendo
o aproximar do chão
estou triste
não é outono
estremeço pressentindo
o tombo, a desilusão
estou triste
vou derivando
na órbita do falso mundo
que nada respeita e temo
entregar meu coração
estou triste,
tão triste vendo
nuvens negras impedindo
a chegada do verão!
*
ESTOY TRISTE
Estoy triste
tan triste como
una hoja que cae viendo
cómo el suelo se le acerca
estoy triste
no es otoño
me estremezco presintiendo
el sinsabor, la caída
estoy triste
navegando a la deriva
orbitando un falso mundo
que nada respeta y temo
entregar mi corazón
estoy triste,
tan triste viendo
nubes negras impidiendo
la llegada del verano!
María Petronilho
Versão em español: Alberto Peyrano
Estou triste
tão triste como
uma folha que cai vendo
o aproximar do chão
estou triste
não é outono
estremeço pressentindo
o tombo, a desilusão
estou triste
vou derivando
na órbita do falso mundo
que nada respeita e temo
entregar meu coração
estou triste,
tão triste vendo
nuvens negras impedindo
a chegada do verão!
*
ESTOY TRISTE
Estoy triste
tan triste como
una hoja que cae viendo
cómo el suelo se le acerca
estoy triste
no es otoño
me estremezco presintiendo
el sinsabor, la caída
estoy triste
navegando a la deriva
orbitando un falso mundo
que nada respeta y temo
entregar mi corazón
estoy triste,
tan triste viendo
nubes negras impidiendo
la llegada del verano!
María Petronilho
Versão em español: Alberto Peyrano
Manhã Negra em Madrid
Hoje o sol que deveria
Pressagiar primavera
Vendo a chispa que rodava
Em sangue se deslindava
E na dor estremecia
Cerrou os olhos no céu
E de lástima chorou
Hoje os trabalhadores
Jazem estendidos no chão
Como se fosse domingo
Na cidade ensimesmada
Corre o sangue e o ar vibra
De indignição e de pranto
A cobardia anda à solta
Após ter saído à rua
Projectado com frieza
Executado a matança
Lisboa, 11 de Março
2004
Hoje o sol que deveria
Pressagiar primavera
Vendo a chispa que rodava
Em sangue se deslindava
E na dor estremecia
Cerrou os olhos no céu
E de lástima chorou
Hoje os trabalhadores
Jazem estendidos no chão
Como se fosse domingo
Na cidade ensimesmada
Corre o sangue e o ar vibra
De indignição e de pranto
A cobardia anda à solta
Após ter saído à rua
Projectado com frieza
Executado a matança
Lisboa, 11 de Março
2004
No meio do Todo!
Intento
Um percurso
Claro.
No obscuro denso,
Busco
Trilhos no incerto.
Só este ideal seguro:
Quero
O albume diáfano.
No distante ilimitado
Escolho
O incómodo rumo.
Denego
O pseudo exacto,
Cego.
Na inocência,
Fantasio
O desmedido.
Faúlha ínfima,
Anseio
Não me perder.
Procuro
Meu Ser verdadeiro,
Eterno.
Intento
Um percurso
Claro.
No obscuro denso,
Busco
Trilhos no incerto.
Só este ideal seguro:
Quero
O albume diáfano.
No distante ilimitado
Escolho
O incómodo rumo.
Denego
O pseudo exacto,
Cego.
Na inocência,
Fantasio
O desmedido.
Faúlha ínfima,
Anseio
Não me perder.
Procuro
Meu Ser verdadeiro,
Eterno.
LÁGRIMA
lágrima
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
lágrima
escondo
o
encanto,
desvio
calada
o
pranto,
desdigo
a
cor
do riso.
fonte
tremente,
vela
no rosto
à
deriva.
rio
fluindo,
desvendo
a
raiz
de mim,
roxo lírio.
levo
o
desfeito
mar
magoado
e
exponho
o
querer
sonhado
se
em minha fonte
surgira
a
esperança
o
brilho
claro
que fora
a
ventura
o
arco íris
a
opala
o
claro resplendor
da
aurora.
Sopro e semeio pombas
na terra cega de ira
voem pombas brancas contra
Os estrondos e as chamas
eu semeio pombas brancas
ao escuro céu, numa prece:
que levem a toda a terra
pão, ternura e alegria
calem os tiros e os prantos
apaguem as fogueiras de ira
sopro e semeio pombas
no céu escuro dessa guerra
p’ ra que o dia novo traga,
numa alvorada de esperança,
todas as cores da paz
na terra cega de ira
voem pombas brancas contra
Os estrondos e as chamas
eu semeio pombas brancas
ao escuro céu, numa prece:
que levem a toda a terra
pão, ternura e alegria
calem os tiros e os prantos
apaguem as fogueiras de ira
sopro e semeio pombas
no céu escuro dessa guerra
p’ ra que o dia novo traga,
numa alvorada de esperança,
todas as cores da paz
Se voltasse a ser criança...
vendo minha mãe-menina
penando “por minha causa”
como sempre escutava,
pouco a pouco recuava
pouco a pouco me abafava
enquanto minha mãe linda
pouco a pouco melhorava
nos seus braços me tomava
dentro dela me imbuía
ao seu útero voltava
ao seu útero voltava
largava o cordão da vida
sem que ela percebesse,
do seu ventre me soltava.
poupava tanta agonia,
se eu nunca, nunca, nunca
se eu nunca, nunca, nunca
em criança me tornara!
PELOS MARES DE GALIZA, PELOS MARES DE TODOS NÓS!
... SOA NO AR O MEU CHORO
PELOS IRMÃOS DE GALIZA
QUE NÃO PODEM IR AO MAR!
POR ESSA MÃO CRIMINOSA
QUE INSISTE EM AFOGAR
NOSSOS MARES SAL E PRANTO
NA INFAME E VÃ COBIÇA
DE GANHAR
GANHAR
GANHAR!
...PARA A TODOS NOS PERDER
PARA NOS CRUCIFICAR
COMO A JESUS NAZARENO
QUE NOS OLHA A CHORAR!
QUEM ME EMPRESTA NOVA VOZ
PARA OS CRAVOS RENOVAR?!
30/11/2002
... SOA NO AR O MEU CHORO
PELOS IRMÃOS DE GALIZA
QUE NÃO PODEM IR AO MAR!
POR ESSA MÃO CRIMINOSA
QUE INSISTE EM AFOGAR
NOSSOS MARES SAL E PRANTO
NA INFAME E VÃ COBIÇA
DE GANHAR
GANHAR
GANHAR!
...PARA A TODOS NOS PERDER
PARA NOS CRUCIFICAR
COMO A JESUS NAZARENO
QUE NOS OLHA A CHORAR!
QUEM ME EMPRESTA NOVA VOZ
PARA OS CRAVOS RENOVAR?!
30/11/2002
Equinócio
Autora: Maria Petronilho
Versão livre em espanhol: Alberto Peyrano
Esta noite as fadas brancas
Saem dos seus abrigos
E espalham alvas poeiras
Na luz de todas as estrelas,
O sol beija de longe a terra,
Com lágrimas de despedida
O frio da sua saudade
Desce nas gotas de chuva,
Nas crespas geadas
Nas manhãs de bruma
E entrelaça uma corola de cristais
Nos cumes das montanhas mais altas.
Na noite mais longa, a solidão grita
A alma estremece na sombra
Os poetas tecem mantas de nostalgia
Reacendem-se as lareiras nas casas
E serenamente o ciclo continua
Na perpétua elipse onde gravita
A cerúlea Terra apaixonada
Em redor da sua estrela.
Lisboa, 26/10/2003
***
Equinoccio
Salen las hadas blancas,
Esta noche, de sus abrigos
Y esparcen sus albos polvos
preñados de luz de estrellas,
Con lágrimas de despedida
Desde lejos, el sol besa a la tierra.
El frío de su nostalgia
Baja en las gotas de lluvia
Hasta la ola encrespada
En las mañanas de bruma.
Y entrelaza una corola de cristales
En las cumbres de las montañas más altas.
En la noche más extensa, grita la soledad
Se estremece en la sombra el alma
Los poetas tejen mantos de nostalgia
Vuelven a arder los hogares
Y, serenamente, el ciclo continúa
En la perpetua elipse donde gravita
La cerúlea Tierra enamorada
alrededor de su estrella
Lisboa, 26/10/2003
Autora: Maria Petronilho
Versão livre em espanhol: Alberto Peyrano
Esta noite as fadas brancas
Saem dos seus abrigos
E espalham alvas poeiras
Na luz de todas as estrelas,
O sol beija de longe a terra,
Com lágrimas de despedida
O frio da sua saudade
Desce nas gotas de chuva,
Nas crespas geadas
Nas manhãs de bruma
E entrelaça uma corola de cristais
Nos cumes das montanhas mais altas.
Na noite mais longa, a solidão grita
A alma estremece na sombra
Os poetas tecem mantas de nostalgia
Reacendem-se as lareiras nas casas
E serenamente o ciclo continua
Na perpétua elipse onde gravita
A cerúlea Terra apaixonada
Em redor da sua estrela.
Lisboa, 26/10/2003
***
Equinoccio
Salen las hadas blancas,
Esta noche, de sus abrigos
Y esparcen sus albos polvos
preñados de luz de estrellas,
Con lágrimas de despedida
Desde lejos, el sol besa a la tierra.
El frío de su nostalgia
Baja en las gotas de lluvia
Hasta la ola encrespada
En las mañanas de bruma.
Y entrelaza una corola de cristales
En las cumbres de las montañas más altas.
En la noche más extensa, grita la soledad
Se estremece en la sombra el alma
Los poetas tejen mantos de nostalgia
Vuelven a arder los hogares
Y, serenamente, el ciclo continúa
En la perpetua elipse donde gravita
La cerúlea Tierra enamorada
alrededor de su estrella
Lisboa, 26/10/2003
Hei de Cantar!
Maria Petronilho
Versão em espanhol: Alberto Peyrano
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
***
He de Cantar!
Quiero que la canción
permanezca
en mi corazón,
en mi verso,
en mi tormento
y mi desolación.
Quiero que la canción
no se estanque,
que siempre sea
arteria con brillo
escarlata
hasta que se agote mi ser. .
He de cantar!
Ay, sí, voy a cantar!
Digan que no puedo
ni debo
dejarlos decir!
Desobedeciendo fui e iré!
He de continuar
cantando!!!!
Maria Petronilho
Versão em espanhol: Alberto Peyrano
Quero que a canção
permaneça
em meu coração
em meu verso
em meu tormento
minha desolação.
Quero que a canção
não estanque
seja para sempre
artéria a brilhar
escarlate
até que meu ser se esgote
Hei-de cantar!
ai, vou cantar!
Digam que não posso
nem devo,
deixai-os dizer!
desobedecendo fui e irei!
Hei-de continuar
cantando!!!!
***
He de Cantar!
Quiero que la canción
permanezca
en mi corazón,
en mi verso,
en mi tormento
y mi desolación.
Quiero que la canción
no se estanque,
que siempre sea
arteria con brillo
escarlata
hasta que se agote mi ser. .
He de cantar!
Ay, sí, voy a cantar!
Digan que no puedo
ni debo
dejarlos decir!
Desobedeciendo fui e iré!
He de continuar
cantando!!!!
Sede de Paz/Sed de Paz
Maria Petronilho/Versão em espanhol: Alberto Peyrano
É Março.
Por esta altura
Todo o chão é de erva tenra
Ora verde ora amarela
Tantas as flores surgindo
Do sono invernal que finda
Vestem-se árvores de noiva
Cruzam-se linhas de sombra
Sob os raminhos floridos
De encontro ao céu azul
Ai abrir-me nele qual asa!
Penetrá-lo e perder-me
Dentro da paz infinita
Como se o ar me tragasse
Me sugasse, me embebesse
Desaparecendo fosse
A sorrir, sempre mais alto
Donde pudesse ver tudo
Fundindo-se, meu irmão!
Sem outra diferença que não
Conter vosso coração
Batendo-me dentro do peito
E olhar melhor se estando
Já meio fora do mundo
É Março
Tudo renasce mas
Neste meio tempo treme
Em suspense, a paz do mundo
***********
Marzo.
A esta altura
Todo el suelo es tierna hierba
Ora verde ora amarillo
Tantas las flores brotando
Del sueño invernal que acaba...
Se visten, las plantas, de novia.
Crúzanse líneas de sombra
Bajo los ramos floridos
A encontrar el cielo azul
Ay, abríme en él como un ala!
Lo penetré y me perdí
En una paz infinita.
Cual si el aire me tragase
Me absorbiese, me atrapase
Desapareciendo lenta
sonriendo, siempre más alto
Donde pudiese ver todo
Fundiéndose, hermano mío!
Sin otra diferencia
Que el latir del corazón
Golpeando contra mi pecho
Se ve mucho mejor estando
Ya medio fuera del mundo
Marzo.
Todo renace, pero...
En este entretiempo tiembla
En suspenso, la paz del mundo
10 de Março de 2003
Maria Petronilho/Versão em espanhol: Alberto Peyrano
É Março.
Por esta altura
Todo o chão é de erva tenra
Ora verde ora amarela
Tantas as flores surgindo
Do sono invernal que finda
Vestem-se árvores de noiva
Cruzam-se linhas de sombra
Sob os raminhos floridos
De encontro ao céu azul
Ai abrir-me nele qual asa!
Penetrá-lo e perder-me
Dentro da paz infinita
Como se o ar me tragasse
Me sugasse, me embebesse
Desaparecendo fosse
A sorrir, sempre mais alto
Donde pudesse ver tudo
Fundindo-se, meu irmão!
Sem outra diferença que não
Conter vosso coração
Batendo-me dentro do peito
E olhar melhor se estando
Já meio fora do mundo
É Março
Tudo renasce mas
Neste meio tempo treme
Em suspense, a paz do mundo
***********
Marzo.
A esta altura
Todo el suelo es tierna hierba
Ora verde ora amarillo
Tantas las flores brotando
Del sueño invernal que acaba...
Se visten, las plantas, de novia.
Crúzanse líneas de sombra
Bajo los ramos floridos
A encontrar el cielo azul
Ay, abríme en él como un ala!
Lo penetré y me perdí
En una paz infinita.
Cual si el aire me tragase
Me absorbiese, me atrapase
Desapareciendo lenta
sonriendo, siempre más alto
Donde pudiese ver todo
Fundiéndose, hermano mío!
Sin otra diferencia
Que el latir del corazón
Golpeando contra mi pecho
Se ve mucho mejor estando
Ya medio fuera del mundo
Marzo.
Todo renace, pero...
En este entretiempo tiembla
En suspenso, la paz del mundo
10 de Março de 2003
Envelhecendo
Envelheço, sim, com orgulho!
Que quererias?!
Que pedisse emprestadas horas
Às gerações vindouras,
Eu, que findo?!
Cabe-me olhar amplo,
Que já vi tanto
E resisti de sobejo.
Cabe-me ser tronco,
Que não ramo prometendo
Florir sem fruto.
Cabe-me ser esteio
Aos que no vento se arrojam.
Serenamente aguardo o sagrado limbo
De onde emergi e onde mergulharei
Atavicamente
De novo.
Envelheço, sim, com orgulho!
Que quererias?!
Que pedisse emprestadas horas
Às gerações vindouras,
Eu, que findo?!
Cabe-me olhar amplo,
Que já vi tanto
E resisti de sobejo.
Cabe-me ser tronco,
Que não ramo prometendo
Florir sem fruto.
Cabe-me ser esteio
Aos que no vento se arrojam.
Serenamente aguardo o sagrado limbo
De onde emergi e onde mergulharei
Atavicamente
De novo.
Se Eu Pudesse
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria o mais feliz momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dia de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é, e assim seja... "
Alberto Caeiro
Se eu pudesse
Se eu pudesse arrastava e afogava
Nos mares do mundo,
As tristezas que infestam as terras
Criadas ou aparecidas para certas
Coisa inauditas, como homens feras;
como feras que são mais certas e meigas
do que muitos homens senhores patetas
que pensam que sabedoria requer bibliotecas,
Mas persistem de olhos fechados às coisas!
Maria Petronilho
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria o mais feliz momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dia de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é, e assim seja... "
Alberto Caeiro
Se eu pudesse
Se eu pudesse arrastava e afogava
Nos mares do mundo,
As tristezas que infestam as terras
Criadas ou aparecidas para certas
Coisa inauditas, como homens feras;
como feras que são mais certas e meigas
do que muitos homens senhores patetas
que pensam que sabedoria requer bibliotecas,
Mas persistem de olhos fechados às coisas!
Maria Petronilho
Estrela /Étoile - Plynio Sgarbi (trad. p. francês M. Petroniho)
Estrela
Ahh ! se dos céus eu tivesse
a luz dourada do dia
a luz prateada da noite.
Mas, sendo o meu nome Ninguém
só tenho os meus sonhos.
Sonhos que estão sob seus pés.
Por que você caminha neles ?
O brilho que está iluminando
a linha do meu horizonte .
O brilho alimento
que minha alma devora.
Fico eu aqui pensando numa Estrela...
Sonho e a desejo
** * **
Étoile
Ah! Si des ciels j’aurais
La lumiére dorée du jour
La lumiére argentée de la nuit !
Mais, puis que mon nom n'est que Personne
Je n’ai que mês rêves.
Revês qui sont sous tês pieds.
Pourquoi marches tu sur eux?
L’éclat qui enlumine
La ligne de mon horizont
L’éclat que je nourris
Mais que nom âme dévore.
Et je reste ici en pensant sur une étoile…
Que je rêve et qui me brûle !
Escrito por Plynio Sgarbi às 20h23
Trad. para o Francês: Maria Petronilho
Estrela
Ahh ! se dos céus eu tivesse
a luz dourada do dia
a luz prateada da noite.
Mas, sendo o meu nome Ninguém
só tenho os meus sonhos.
Sonhos que estão sob seus pés.
Por que você caminha neles ?
O brilho que está iluminando
a linha do meu horizonte .
O brilho alimento
que minha alma devora.
Fico eu aqui pensando numa Estrela...
Sonho e a desejo
** * **
Étoile
Ah! Si des ciels j’aurais
La lumiére dorée du jour
La lumiére argentée de la nuit !
Mais, puis que mon nom n'est que Personne
Je n’ai que mês rêves.
Revês qui sont sous tês pieds.
Pourquoi marches tu sur eux?
L’éclat qui enlumine
La ligne de mon horizont
L’éclat que je nourris
Mais que nom âme dévore.
Et je reste ici en pensant sur une étoile…
Que je rêve et qui me brûle !
Escrito por Plynio Sgarbi às 20h23
Trad. para o Francês: Maria Petronilho
A Flauta Mágica
Houve um tempo em que vivia
à deriva, e só tinha
meus livros por companhia.
Escutava muito atenta
o sininho que tocava
se uma rês se tresmalhava
do rebanho que levava.
Era o tempo em que cria
ser princesa encantada
e dia a dia esperava
o princípe que me levaria...
Se uma flauta de pastora
minha mente transformava
na música em que vagueava
a minh' alma peregrina
que no encanto se evadia
para um mundo que sonhava
para um mundo que não tinha
E assim salvei minha sina
era mágica essa flauta
que tocava e eu escutava
sem saber d' onde o som vinha...
Houve um tempo em que vivia
à deriva, e só tinha
meus livros por companhia.
Escutava muito atenta
o sininho que tocava
se uma rês se tresmalhava
do rebanho que levava.
Era o tempo em que cria
ser princesa encantada
e dia a dia esperava
o princípe que me levaria...
Se uma flauta de pastora
minha mente transformava
na música em que vagueava
a minh' alma peregrina
que no encanto se evadia
para um mundo que sonhava
para um mundo que não tinha
E assim salvei minha sina
era mágica essa flauta
que tocava e eu escutava
sem saber d' onde o som vinha...
NO TEMPORAL
Toda a gente ouviu o vento.
Zunia zangado
na noite fechada
Berrava e bramia
nas janelas trancadas,
nas golas, nas pernas açoitava
todo o que o afrontava.
Pensava o vento,
dizia na sua voz zangada :
- Como te atreves, ó Nada ?!
Na noite funda, sou eu quem manda !
Na noite escura
não quero ver nada
que o meu furor não faça !
Amanheceu em chuva, chorando, o céu
O Sol ficou em casa.
...Mas os "meninos de rua",
no tempo duro e violento
tinham perdido como que uma asa:
numa rajada de medo, fora
voando, a sua casa !
Toda a gente ouviu o vento.
Zunia zangado
na noite fechada
Berrava e bramia
nas janelas trancadas,
nas golas, nas pernas açoitava
todo o que o afrontava.
Pensava o vento,
dizia na sua voz zangada :
- Como te atreves, ó Nada ?!
Na noite funda, sou eu quem manda !
Na noite escura
não quero ver nada
que o meu furor não faça !
Amanheceu em chuva, chorando, o céu
O Sol ficou em casa.
...Mas os "meninos de rua",
no tempo duro e violento
tinham perdido como que uma asa:
numa rajada de medo, fora
voando, a sua casa !
Ah se eu pudesse ...
AH SI JE POUVAIS ...
Maria Thereza Neves
Ah se eu pudesse colher todas as flores do campo
AH SI JE POUVAIS RECOLLER TOUTES LES FLEURS DÊS CHAMPS
tingir me toda de branco
ME DRESSER TOUTE DE BLANC
descer todas as escadas!
BAISSER TOUS LES ESCALIERS!
Ah se eu pudesse cantar todas as músicas
AH SI JE POUVAIS CHANTER
apagar todas as tristezas
ENLEVER TOUTES LES TRITESSES
perfumar todas as rampas!
PARFUMER TOUTES LES Chantas!
Ah se eu pudesse guardar todos os meus beijos
AH SI JE POUVAIS
GARDER TOUS MES BAISERS
juntar todos meus abraços
JOINDRE TOUS MÊS ÉTREINTES
amarrar com laços
RELIER AVEC LIMPIDITÉ
escorregar nos seus braços!
RAVIR DANS TES BRAS!
Ah se eu pudesse diminuir a distancia
AH SI JE POUVAIS DIMINUER LA DISTANCE
encurtar todos os caminhos!
SOUMETTRE TOUS LES CHEMINS !
Ah se eu pudesse ...
AH SI JE POUVAIS...
... Neste Dia...
...CE JOUR LA...
Eu me daria a Você!
JE ME DONNERAIS À TOI !
(Tradução para o francês: Maria Petronilho)
AH SI JE POUVAIS ...
Maria Thereza Neves
Ah se eu pudesse colher todas as flores do campo
AH SI JE POUVAIS RECOLLER TOUTES LES FLEURS DÊS CHAMPS
tingir me toda de branco
ME DRESSER TOUTE DE BLANC
descer todas as escadas!
BAISSER TOUS LES ESCALIERS!
Ah se eu pudesse cantar todas as músicas
AH SI JE POUVAIS CHANTER
apagar todas as tristezas
ENLEVER TOUTES LES TRITESSES
perfumar todas as rampas!
PARFUMER TOUTES LES Chantas!
Ah se eu pudesse guardar todos os meus beijos
AH SI JE POUVAIS
GARDER TOUS MES BAISERS
juntar todos meus abraços
JOINDRE TOUS MÊS ÉTREINTES
amarrar com laços
RELIER AVEC LIMPIDITÉ
escorregar nos seus braços!
RAVIR DANS TES BRAS!
Ah se eu pudesse diminuir a distancia
AH SI JE POUVAIS DIMINUER LA DISTANCE
encurtar todos os caminhos!
SOUMETTRE TOUS LES CHEMINS !
Ah se eu pudesse ...
AH SI JE POUVAIS...
... Neste Dia...
...CE JOUR LA...
Eu me daria a Você!
JE ME DONNERAIS À TOI !
(Tradução para o francês: Maria Petronilho)
Carta
A Jean Louis Bouchet
Querido Poeta
No planeta aonde estás
Não existem diferenças
Nem burocratas
Nem hipócritas
Nem sofrimentos
Nem pesadelos
Estrela, te volatilizaste
Das temperadas
Ternas e eternas
Amizades
Que cultivaste enquanto eras
O conforto
De quem se sentia só
Altas horas
Quando voavas
(Em figurinhas
Carinhosas e atentas
Diáfanas)
Somos voláteis
Poeiras estelares
Ansiando a paz
Entre torturas
Tu estás na Paz!
A Jean Louis Bouchet
Querido Poeta
No planeta aonde estás
Não existem diferenças
Nem burocratas
Nem hipócritas
Nem sofrimentos
Nem pesadelos
Estrela, te volatilizaste
Das temperadas
Ternas e eternas
Amizades
Que cultivaste enquanto eras
O conforto
De quem se sentia só
Altas horas
Quando voavas
(Em figurinhas
Carinhosas e atentas
Diáfanas)
Somos voláteis
Poeiras estelares
Ansiando a paz
Entre torturas
Tu estás na Paz!
É O SONHO QUE ME LEVA!
JÁ ME VOLATILIZEI
NO ÉTER ETÉREO.
PAIRO COMO ORVALHO
PELAS ROSA CRAVOS E ERVAS
ME DISPERSO.
QUE NÃO ME FALEM
DE BARREIRAS
NEM DA INCONVENIÊNCIA
DE ME ACHAR DISPERSA
EM SUSPENSAS GOTÍCULAS
DE BREVIDADE.
NÃO CONHEÇO PAREDES
NEM TELHADOS.
PAIRO INDISTINTA
ONDE A NUVEM ME SEMEIA
LARANJEIRA, CEREJEIRA
NÃO CONHEÇO AS CORES
MAS OS AROMAS ESPALHADOS
QUE A VIDA ESPELHA.
NO AR VAMOS
DO AR SOMOS
ESTAMOS TÃO LONGE
DA REALIDADE CRUA
E AINDA TÃO PERTO
DA TERRA NEGRA!
HOJE E SEMPRE
É O SONHO QUE ME LEVA!
JÁ ME VOLATILIZEI
NO ÉTER ETÉREO.
PAIRO COMO ORVALHO
PELAS ROSA CRAVOS E ERVAS
ME DISPERSO.
QUE NÃO ME FALEM
DE BARREIRAS
NEM DA INCONVENIÊNCIA
DE ME ACHAR DISPERSA
EM SUSPENSAS GOTÍCULAS
DE BREVIDADE.
NÃO CONHEÇO PAREDES
NEM TELHADOS.
PAIRO INDISTINTA
ONDE A NUVEM ME SEMEIA
LARANJEIRA, CEREJEIRA
NÃO CONHEÇO AS CORES
MAS OS AROMAS ESPALHADOS
QUE A VIDA ESPELHA.
NO AR VAMOS
DO AR SOMOS
ESTAMOS TÃO LONGE
DA REALIDADE CRUA
E AINDA TÃO PERTO
DA TERRA NEGRA!
HOJE E SEMPRE
É O SONHO QUE ME LEVA!
Rosé
Rosé, que a vida são dois dias
Já que passamos tantas
Tantas injustiças
E incertezas
Caminhemos
No lado de Luz
Para os querem luz
No lado do sim
Para os querem sim
No lado do bem
para os querem mal
Mas caminhemos
Ai vida tão alegre
Que brincas
Nas simples poças de chuva
Caminhemos no nosso caminho
À nossa maneira
Embriaguemo-nos com
Doce Rosé!
Rosé, que a vida são dois dias
Já que passamos tantas
Tantas injustiças
E incertezas
Caminhemos
No lado de Luz
Para os querem luz
No lado do sim
Para os querem sim
No lado do bem
para os querem mal
Mas caminhemos
Ai vida tão alegre
Que brincas
Nas simples poças de chuva
Caminhemos no nosso caminho
À nossa maneira
Embriaguemo-nos com
Doce Rosé!
Aimer, un jour !
Plínio Sgarbi
* Trad. para o francês: Maria Petronilho
J’ái reposé au soleil des matins
Et des printemps parfumés
Et aux nuits chauds troublés
Et aux soirs d’êté oú je flânais
J’ai eté voyageur aux nuits gelés d’Hiver
Que j’ai fait ravir par le clair de lune
Aux pluvieux matins d’Outomne
Pour la paix dorée de la lune
Pour l’argenté éclat des étoiles
Dans le filet coupant du vent
Et aussi de la pluie
Donc les gouttes me blaissaint
Un Neruda comme présent
Dans l’absence, en cherchant
Je coleccione dans la memoire
Quelques larmes donc j’ai réconnu des riviéres
La douceur souriante de l’enfant à six ans
La pose ange-doctoresse de la fille maîtresse.
Mais le plus fascinant de la vie
C’est que te rencontrer était peut-être mon destin
Et, avant que mon cœur explose
Je voulais seulent que tu savais
Que maintenant je rêve !
Plínio Sgarbi
* Trad. para o francês: Maria Petronilho
J’ái reposé au soleil des matins
Et des printemps parfumés
Et aux nuits chauds troublés
Et aux soirs d’êté oú je flânais
J’ai eté voyageur aux nuits gelés d’Hiver
Que j’ai fait ravir par le clair de lune
Aux pluvieux matins d’Outomne
Pour la paix dorée de la lune
Pour l’argenté éclat des étoiles
Dans le filet coupant du vent
Et aussi de la pluie
Donc les gouttes me blaissaint
Un Neruda comme présent
Dans l’absence, en cherchant
Je coleccione dans la memoire
Quelques larmes donc j’ai réconnu des riviéres
La douceur souriante de l’enfant à six ans
La pose ange-doctoresse de la fille maîtresse.
Mais le plus fascinant de la vie
C’est que te rencontrer était peut-être mon destin
Et, avant que mon cœur explose
Je voulais seulent que tu savais
Que maintenant je rêve !
Sem Asas
sem asas ainda tento
subir pelo céu adentro
ir mais além do luar
além do solo cinzento
que tanto me faz chorar
sem asas ainda voo
ao encontro do futuro
por cima das rubras chamas
ultrapasso o grande muro
aonde o desespero
nos deixa de mãos caídas
sem asas ainda tento
levantar as nossas vidas
sem asas ainda tento
subir pelo céu adentro
ir mais além do luar
além do solo cinzento
que tanto me faz chorar
sem asas ainda voo
ao encontro do futuro
por cima das rubras chamas
ultrapasso o grande muro
aonde o desespero
nos deixa de mãos caídas
sem asas ainda tento
levantar as nossas vidas
Dentro de minha alma
Florescendo ainda
Ergue-se um ramo
De nova enxertia
Dentro de minha alma
A flor que devia
Estar pálida e nua
Se ergue renascida.
Dentro de mim soa
Um hino de esperança
Que vibra no vento
Dentro de minha alma
Reluz a fagulha
Que irrompe da sombra
E sobe e crepita
Em meu canto voa!
Florescendo ainda
Ergue-se um ramo
De nova enxertia
Dentro de minha alma
A flor que devia
Estar pálida e nua
Se ergue renascida.
Dentro de mim soa
Um hino de esperança
Que vibra no vento
Dentro de minha alma
Reluz a fagulha
Que irrompe da sombra
E sobe e crepita
Em meu canto voa!
Comoviendo el viento
(espanhol/português)
Ahora que es noche cerrada
Y nada más que la luna
Y las estrellas, lejanas
Parecen disipadas en la distancia
Yo me percibo más y más cerca de mí,
Como se fuera una de ellas
Tal un hilo de albor
Penetrando por las ventanas
Haciendo conmover el viento
Debido a la convicción que llevo
¡Que soy eterna en el Infinito!
Comovendo o vento
Agora que é noite cerrada
E nada mais que a lua
E as estrelas, longínquas
Parecem dissipadas na distância
Percebo-me ainda mais perto de mim
Como se fosse uma delas
Tal um fiozinho de luz
Penetrando pelas janelas
Fazendo comover o vento
Da convicção que levo:
Que sou eterna no Infinito!
(espanhol/português)
Ahora que es noche cerrada
Y nada más que la luna
Y las estrellas, lejanas
Parecen disipadas en la distancia
Yo me percibo más y más cerca de mí,
Como se fuera una de ellas
Tal un hilo de albor
Penetrando por las ventanas
Haciendo conmover el viento
Debido a la convicción que llevo
¡Que soy eterna en el Infinito!
Comovendo o vento
Agora que é noite cerrada
E nada mais que a lua
E as estrelas, longínquas
Parecem dissipadas na distância
Percebo-me ainda mais perto de mim
Como se fosse uma delas
Tal um fiozinho de luz
Penetrando pelas janelas
Fazendo comover o vento
Da convicção que levo:
Que sou eterna no Infinito!
CRAVO NEGRO RUBRA ROSA
Rubra Flor
De mim em mim
Escondida
Pétalas de cravo negro
Cálice de rubra rosa
Flor de onde a vida emana
Que em si mesma pulsa vida
Quando a paixão soa
Toca seu veludo
De mistério de búzio
Corpo de brilha invertida
Por onde a seiva se infiltra
Renascendo viva viva
Grita exalta-se respira
Flor de mim que soluça solitária
Vazia de néctar de Ambrósia
Viera inunda-lá aurora
Perfuma-lá a maresia
Flor sagrada flor
Mão estendida
Fonte Pujante
Límpida ria
Delta de mim que sou feita
À imagem da mãe terra
Lua lira
Cravo negro
Rubra rosa
Meu cálice
Em flor
Orquídea.
Rubra Flor
De mim em mim
Escondida
Pétalas de cravo negro
Cálice de rubra rosa
Flor de onde a vida emana
Que em si mesma pulsa vida
Quando a paixão soa
Toca seu veludo
De mistério de búzio
Corpo de brilha invertida
Por onde a seiva se infiltra
Renascendo viva viva
Grita exalta-se respira
Flor de mim que soluça solitária
Vazia de néctar de Ambrósia
Viera inunda-lá aurora
Perfuma-lá a maresia
Flor sagrada flor
Mão estendida
Fonte Pujante
Límpida ria
Delta de mim que sou feita
À imagem da mãe terra
Lua lira
Cravo negro
Rubra rosa
Meu cálice
Em flor
Orquídea.
COMPANHIA
Ter a tua companhia
Ao longo da minha estrada.
.... Maria afortunada!
Coincidência?! Seria,
Se crês na coincidência
... Ou então é nossa estrela
Que emite
Luz na frequência
Da minha noite, teu dia
Mistérios de astronomia?!
Como de nada sei nada
Vou contigo em alegria
E levo-te em minha alma!
Ter a tua companhia
Ao longo da minha estrada.
.... Maria afortunada!
Coincidência?! Seria,
Se crês na coincidência
... Ou então é nossa estrela
Que emite
Luz na frequência
Da minha noite, teu dia
Mistérios de astronomia?!
Como de nada sei nada
Vou contigo em alegria
E levo-te em minha alma!
agora que descobri
que me tenho só a mim
viverei sem dó sem ti
serei narcisa?! não sei
nunca no lago espreitei
tão-somente descobri
que serei feliz sem ti
antes eras a quimera
porém hoje descobri
que serei feliz sem ti
e a risonha primavera
me deixa por outro à espera
quero alguém que me mereça
que se me dê sem que eu peça
e que me tome inteira
me ame dos pés à cabeça
e eu ame na parte inversa
descoberta sedutora
serei menina, senhora?!
isso inda não sei bem
só sei o muito que amei
e o tanto que sofri
até que me descobri!
que me tenho só a mim
viverei sem dó sem ti
serei narcisa?! não sei
nunca no lago espreitei
tão-somente descobri
que serei feliz sem ti
antes eras a quimera
porém hoje descobri
que serei feliz sem ti
e a risonha primavera
me deixa por outro à espera
quero alguém que me mereça
que se me dê sem que eu peça
e que me tome inteira
me ame dos pés à cabeça
e eu ame na parte inversa
descoberta sedutora
serei menina, senhora?!
isso inda não sei bem
só sei o muito que amei
e o tanto que sofri
até que me descobri!
"DIAaDIA"
dentem-se em marasmo o barco
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
ceara
em novas ondas
de esprança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
dentem-se em marasmo o barco
da esperança que amanhecia
que vai cedendo
e balança
na opaca desventura
horizonte de negrura
cresce ameaça e avança
fala-se à boca pequena
aperta-nos a garganta
a garra impune
que rouba
o pão nosso
que nos falta
Vale-nos
crer ainda
mudar este mar da vida
em verde lavra
ceara
em novas ondas
de esprança
novos tempos
de mudança
novas marés
de ventura
Na Solidão
Perdoai-nos, aos sós, permanecer
presentes entre vós, os escolhidos.
Desculpai nossas mazelas, que mantemos
sob o lençol dos gemidos.
Deitai preço ao ar que ainda vos roubamos
que nós, ao desistir, descontaremos
do total abandono em que nos vimos.
Depois do fim, lá vos esperaremos
de bouquet comprado à pressa,
por descargo de consciência...
Depois de desaparecermos veremos
o prazer com que pagareis os funerais
onde vos será dada uma chave de inocência
e um recibo, que não esqueça!
para que o patrão que nos devorou faça
a sublime, majestosa graça
de vos pagar de nós os últimos encargos.
... das maçadas ninguém vos daria um cêntimo,
portanto...
Abstei-vos!
Afastai-vos!
Perdoai-nos, aos sós, permanecer
presentes entre vós, os escolhidos.
Desculpai nossas mazelas, que mantemos
sob o lençol dos gemidos.
Deitai preço ao ar que ainda vos roubamos
que nós, ao desistir, descontaremos
do total abandono em que nos vimos.
Depois do fim, lá vos esperaremos
de bouquet comprado à pressa,
por descargo de consciência...
Depois de desaparecermos veremos
o prazer com que pagareis os funerais
onde vos será dada uma chave de inocência
e um recibo, que não esqueça!
para que o patrão que nos devorou faça
a sublime, majestosa graça
de vos pagar de nós os últimos encargos.
... das maçadas ninguém vos daria um cêntimo,
portanto...
Abstei-vos!
Afastai-vos!
Adeus de Mim
Porque me sentirei
Tal gota explodindo
No espaço vazio
Fora e dentro
De meu peito?
Porque me sentirei cega
Sentindo centelhas
Soando metálicas
Tinindo
No compasso
Implacável das horas?
Resvalo num Adeus imenso
Diluo-me no silêncio
Em que a música embalava outrora
O ritmo candente de meus versos
Digo-me adeus
Porque de dentro de mim
Parto
Sem que nenhum porto
Sinta
No aguardo!
Porque me sentirei
Tal gota explodindo
No espaço vazio
Fora e dentro
De meu peito?
Porque me sentirei cega
Sentindo centelhas
Soando metálicas
Tinindo
No compasso
Implacável das horas?
Resvalo num Adeus imenso
Diluo-me no silêncio
Em que a música embalava outrora
O ritmo candente de meus versos
Digo-me adeus
Porque de dentro de mim
Parto
Sem que nenhum porto
Sinta
No aguardo!
CANTAR CHORANDO
POR MAIS QUE O SOL ME AMARGURE
JAMAIS SEREI ESPADA.
POR MAIS QUE A NUVEM ME MOLHE
SEREI PARA SEMPRE POMBA.
POR MAIS ESCURO QUE O MAR ESTEJA
SEREI SEMPRE UMA ASA BRANCA
UMA CONCHINHA NA AREIA.
AINDA QUE MORRA A LUA
EU TEIMAREI EM SONHAR
QUE BRILHA NO CÉU LUA CHEIA
NA AUSÊNCIA DO LUAR
PODE A CIDADE SUBIR
PODE CADA UM QUERER
POR CIMA DO IRMÃO PASSAR!
CONTINUAREI MINHA SAGA
DE CRESCER JUNTINHO À ERVA.
TEIMANDO CUMPRIR
AI, QUANTAS VEZES EM DOR,
A OBRIGAÇÃO DE VIVER!
MAS VIVO SORRINDO SE APRENDO
MAS VIVO CANTANDO SE POSSO
DEGUSTAR O SAL E O MEL
E OLHAR...
OLHAR LONGE...
DO CANTINHO DONDE OBSERVO
UMA JANELINHA SEM NOME
DONDE VEJO COM ENCANTO
A BELEZA AO CÉU ERGUIDA
E AQUELA QUE VAI ESCONDIDA
COM VERGONHA DE APARECER.
VIVO CANTANDO SE ESCUTO
VIVO CANTANDO SE LEIO
SEM NUNCA DEIXAR DE SER
MEU CORAÇÃO O PULSAR
MEU CORAÇÃO O OLHAR
MEU CORAÇÃO O QUERER
DE MEU AMOR
VIVO E CANTO
ESTE CHORAR CONVULSIVO
EM QUE DOLORIDA CREIO
E SIGO
... MESMO SE CANTO NO PRANTO
DE TANTO MAL SE FAZER
E SEM LHE PODER VALER!
TANTA FOME E DESAMOR
AO INVERSO DE LAMENTO
REVERTO EM CANTO O MEU CHORO
INSISTO EM SEGUIR CANTANDO.
POR MAIS QUE O SOL ME AMARGURE
JAMAIS SEREI ESPADA.
POR MAIS QUE A NUVEM ME MOLHE
SEREI PARA SEMPRE POMBA.
POR MAIS ESCURO QUE O MAR ESTEJA
SEREI SEMPRE UMA ASA BRANCA
UMA CONCHINHA NA AREIA.
AINDA QUE MORRA A LUA
EU TEIMAREI EM SONHAR
QUE BRILHA NO CÉU LUA CHEIA
NA AUSÊNCIA DO LUAR
PODE A CIDADE SUBIR
PODE CADA UM QUERER
POR CIMA DO IRMÃO PASSAR!
CONTINUAREI MINHA SAGA
DE CRESCER JUNTINHO À ERVA.
TEIMANDO CUMPRIR
AI, QUANTAS VEZES EM DOR,
A OBRIGAÇÃO DE VIVER!
MAS VIVO SORRINDO SE APRENDO
MAS VIVO CANTANDO SE POSSO
DEGUSTAR O SAL E O MEL
E OLHAR...
OLHAR LONGE...
DO CANTINHO DONDE OBSERVO
UMA JANELINHA SEM NOME
DONDE VEJO COM ENCANTO
A BELEZA AO CÉU ERGUIDA
E AQUELA QUE VAI ESCONDIDA
COM VERGONHA DE APARECER.
VIVO CANTANDO SE ESCUTO
VIVO CANTANDO SE LEIO
SEM NUNCA DEIXAR DE SER
MEU CORAÇÃO O PULSAR
MEU CORAÇÃO O OLHAR
MEU CORAÇÃO O QUERER
DE MEU AMOR
VIVO E CANTO
ESTE CHORAR CONVULSIVO
EM QUE DOLORIDA CREIO
E SIGO
... MESMO SE CANTO NO PRANTO
DE TANTO MAL SE FAZER
E SEM LHE PODER VALER!
TANTA FOME E DESAMOR
AO INVERSO DE LAMENTO
REVERTO EM CANTO O MEU CHORO
INSISTO EM SEGUIR CANTANDO.
Solta de mim o Passarinho
paixão
tangente de ti
no escuro
me perco
se te não tenho
detens
o meu sorriso
suspenso
no teu silêncio
vivo na dúvida
permaneço na inverteza
calada
a voz presa
de emaranhadas
proibições
muralhas erguidas
cada vez mais altas.
É certo que o meu querer
tem asas
mas falta-me o vento
para me lançar
e sem voar
não tenho
como fabricar de nuvens
inventar de novo
este meu sorriso
moribundo
solta de mim
o passarinho
que cantava
na ventura de teu peito
nem que apenas valha
seu canto
um suave laivo
um breve sorriso
dos tantos
que entre nós voavam,
meu amado!
paixão
tangente de ti
no escuro
me perco
se te não tenho
detens
o meu sorriso
suspenso
no teu silêncio
vivo na dúvida
permaneço na inverteza
calada
a voz presa
de emaranhadas
proibições
muralhas erguidas
cada vez mais altas.
É certo que o meu querer
tem asas
mas falta-me o vento
para me lançar
e sem voar
não tenho
como fabricar de nuvens
inventar de novo
este meu sorriso
moribundo
solta de mim
o passarinho
que cantava
na ventura de teu peito
nem que apenas valha
seu canto
um suave laivo
um breve sorriso
dos tantos
que entre nós voavam,
meu amado!
UMA ROSA PARA CADA
Asilo no seu coração
As lágrimas de meus olhos
Salgadas de compaixão
Recolho do seu aroma
Bálsamo para os que vão
No seu coração de amor
Debalde tento olvidar
A feroz devastação
Homens, mulheres, crianças
Em instantes estropiados
Ante a nossa assombração!
Lisboa, 12 de Março de 2004
Asilo no seu coração
As lágrimas de meus olhos
Salgadas de compaixão
Recolho do seu aroma
Bálsamo para os que vão
No seu coração de amor
Debalde tento olvidar
A feroz devastação
Homens, mulheres, crianças
Em instantes estropiados
Ante a nossa assombração!
Lisboa, 12 de Março de 2004
Cais
Por mais que se saiba
Quanto é breve a vida
Que somos Centelhas
Flores cujas pétalas
Tremulam no tempo
Como dizer ao coração
Que se aquiete
E às lágrimas
Que se recolham
Aos salgados ninhos?!
Como deixaremos
De sofrer saudade
Daqueles que amamos?!
Olho o Imenso
E peço O conforto
De em nós aceitarmos
O cais da depedida
E a longa distância
Dos que já não vemos
Por mais que se saiba
Quanto é breve a vida
Que somos Centelhas
Flores cujas pétalas
Tremulam no tempo
Como dizer ao coração
Que se aquiete
E às lágrimas
Que se recolham
Aos salgados ninhos?!
Como deixaremos
De sofrer saudade
Daqueles que amamos?!
Olho o Imenso
E peço O conforto
De em nós aceitarmos
O cais da depedida
E a longa distância
Dos que já não vemos
AS PONTES
Vejo o sol que amanhece no céu sereno.
A terra canta em silêncio
nas margens do rio
se pontes servirem
de passagem
entre margens
que não transpostas
a ferro e fogo
em violento desafio, pela arrogância de dizer eu venço,
eu tenho, eu mando
- eu mando! - eu posso;
de nada servirão.
Que caiam inteiras.
Para que as pontes entre os que não procuram
o encontro?
Mero engano de que rio; mero engano por que choro
com as vítimas inocentes deste jogo
jogadas como peças no desumano desvario.
No horizonte envenenado de cinzento, o sol renasce entretanto
escondido, esquecido
seu ouro vivo de sempre-eterno encanto.
Vejo o sol que amanhece no céu sereno.
A terra canta em silêncio
nas margens do rio
se pontes servirem
de passagem
entre margens
que não transpostas
a ferro e fogo
em violento desafio, pela arrogância de dizer eu venço,
eu tenho, eu mando
- eu mando! - eu posso;
de nada servirão.
Que caiam inteiras.
Para que as pontes entre os que não procuram
o encontro?
Mero engano de que rio; mero engano por que choro
com as vítimas inocentes deste jogo
jogadas como peças no desumano desvario.
No horizonte envenenado de cinzento, o sol renasce entretanto
escondido, esquecido
seu ouro vivo de sempre-eterno encanto.
Frágil força
A da flor que transluzindo
Num vigor desmesurado
Rompe no frio a clausura
Da terra que a encerra
No âmago a empurra
Profunda ânsia de altura
Aonde abraça a luz pura
Gota de orvalho na beira
Da pálpebra enternecida
Na franja da madrugada
Que traga o sol que a traga
A eleva e a transmuda
Se na precária existência
Em clara vida e ternura.
A da flor que transluzindo
Num vigor desmesurado
Rompe no frio a clausura
Da terra que a encerra
No âmago a empurra
Profunda ânsia de altura
Aonde abraça a luz pura
Gota de orvalho na beira
Da pálpebra enternecida
Na franja da madrugada
Que traga o sol que a traga
A eleva e a transmuda
Se na precária existência
Em clara vida e ternura.
A ti, meus sonhos entrego
Na noite fria, aconchego
Meus sonhos acalentados
Na ausência de teus braços.
Embala-mos como se fosses
O ramo donde provenho
A raiz onde sustenho
Minha solidão, cansaços.
Que retumbem sons horrendos
Que relampejem os céus
De mil fulgores, que eu
Só na escuridão desvendo
Ninho e zelo, valimento...
A ti, meus sonhos entrego,
Embala-os nos teus braços!
Na noite fria, aconchego
Meus sonhos acalentados
Na ausência de teus braços.
Embala-mos como se fosses
O ramo donde provenho
A raiz onde sustenho
Minha solidão, cansaços.
Que retumbem sons horrendos
Que relampejem os céus
De mil fulgores, que eu
Só na escuridão desvendo
Ninho e zelo, valimento...
A ti, meus sonhos entrego,
Embala-os nos teus braços!
Desespero
Onde está a minha força,
o meu orgulho altaneiro?
Perante Ti sou cordeiro.
Sinto invadir-me inteiro
aquele estado de alma
de nada qu'rer tudo qu'rendo
Em vão, em vão, em vão...
Os braços Te estendo
sobre corpo e alma os fecho
vazios de todos, de tudo
triste, inertes os desço.
À porta bate o desespero:
renego o impulso e retomo
a ténue vereda da esperança
vagueio por entre o fumo
sigo trôpega o caminho,
aquele onde Te procuro
aquele aonde recuso
perder minha fé em tudo!
Onde está a minha força,
o meu orgulho altaneiro?
Perante Ti sou cordeiro.
Sinto invadir-me inteiro
aquele estado de alma
de nada qu'rer tudo qu'rendo
Em vão, em vão, em vão...
Os braços Te estendo
sobre corpo e alma os fecho
vazios de todos, de tudo
triste, inertes os desço.
À porta bate o desespero:
renego o impulso e retomo
a ténue vereda da esperança
vagueio por entre o fumo
sigo trôpega o caminho,
aquele onde Te procuro
aquele aonde recuso
perder minha fé em tudo!
Se bem que reluzas e eu estremeça
Húmida vela ansiosa à tua beira
Na beira te observo
Fazendo negaças com outras
Tremendo e fingindo que nem te vejo
Ris de luz para que eu veja quanto brincas
Embora aspires que te mostre o meu desejo
Afim de me levares nu imensurável mergulho
De tua volúpia que dança
Com a minha às escondidas
Dizes tanto que me queres
E lês no meu silêncio como num livro aberto
Mas eu sufoco o suspiro dentro do peito
E agarro o coração em fuga
Que deseja o ninho de teu peito aberto
Preciso que entendas que não basta
Lançar-me contigo
Num voo delicioso
E ficar depois esquecida no fundo
Coberta de algas de esquecimento.
Bem podes brincar e rir com as ninfas,
Fazendo-me negaças, provocando-me ciúme!
Ficarei a enterrar-me caladamente na areia
Aonde te espraias e exaltas
Enterrarei comigo o constante sofrimento
Até que percebas que tomar-me é beber-te
Dissolver-me contigo num só
Como dois braços num mesmo rio
Indelevelmente; como se águas na foz.
Conhece-me e entende-me.
Fita-me e abraça-me inteiramente
De corpo e alma, indissoluvelmente.
Que enfim nosso beijo se prolongue sem tempo.
Que cada poro da nossa pele esqueça a quem pertence.
Abrigar-te-ei em mim, profundamente
Sem reservas. Aberta, livre e ansiosa
Trocando carícia por carícia, inteiramente tua
Nossas águas serão enfim só uma
No âmago de minha ria, meu delta na tua deriva.
Então faz-te tempestade em altas ondas
E arrebata-me como um barco que naufraga
Sem remissão, sem saudade do azul do céu de outrora.
Do sol que lhe escapa para sempre
Pois mergulha feliz no abismo que apetece.
Não abafes meus gritos, que não sou de silêncios.
Sou como as gaivotas que gritam enquanto sobrevoam as águas
E não temem fazer ninhos que flutuam.
Explode dentro de mim bem fundo
Deixa que o rubor de meus mamilos erectos
Se desvaneça de encontro ao teu peito
No ritmo de nossos corações descompassados.
Escuta-me então ao dizer quanto te amo
Como louca que se repete, porque fala minha alma
Do fundo de sua nudez quase inconsciente.
Fiquemos unidos num longo abraço
Numa comunhão que pacifique os nossos sentidos exaltados
Até que um sono profundo nos tome e nos refaça
Para acordarmos felizes na ventura da entrega
Na retoma da batalha inefável, mútua conquista
Em que ambos somos conquistadores conquistados
Bem podes, entretanto, dizer que me queres, com olhares de soslaio
Enquanto brincas em negaças com as outras!
Ficarei tremendo ansiosa à tua beira
Até que entendas que entregar-me significa
Dissolver-me contigo numa fusão de infinito!
Húmida vela ansiosa à tua beira
Na beira te observo
Fazendo negaças com outras
Tremendo e fingindo que nem te vejo
Ris de luz para que eu veja quanto brincas
Embora aspires que te mostre o meu desejo
Afim de me levares nu imensurável mergulho
De tua volúpia que dança
Com a minha às escondidas
Dizes tanto que me queres
E lês no meu silêncio como num livro aberto
Mas eu sufoco o suspiro dentro do peito
E agarro o coração em fuga
Que deseja o ninho de teu peito aberto
Preciso que entendas que não basta
Lançar-me contigo
Num voo delicioso
E ficar depois esquecida no fundo
Coberta de algas de esquecimento.
Bem podes brincar e rir com as ninfas,
Fazendo-me negaças, provocando-me ciúme!
Ficarei a enterrar-me caladamente na areia
Aonde te espraias e exaltas
Enterrarei comigo o constante sofrimento
Até que percebas que tomar-me é beber-te
Dissolver-me contigo num só
Como dois braços num mesmo rio
Indelevelmente; como se águas na foz.
Conhece-me e entende-me.
Fita-me e abraça-me inteiramente
De corpo e alma, indissoluvelmente.
Que enfim nosso beijo se prolongue sem tempo.
Que cada poro da nossa pele esqueça a quem pertence.
Abrigar-te-ei em mim, profundamente
Sem reservas. Aberta, livre e ansiosa
Trocando carícia por carícia, inteiramente tua
Nossas águas serão enfim só uma
No âmago de minha ria, meu delta na tua deriva.
Então faz-te tempestade em altas ondas
E arrebata-me como um barco que naufraga
Sem remissão, sem saudade do azul do céu de outrora.
Do sol que lhe escapa para sempre
Pois mergulha feliz no abismo que apetece.
Não abafes meus gritos, que não sou de silêncios.
Sou como as gaivotas que gritam enquanto sobrevoam as águas
E não temem fazer ninhos que flutuam.
Explode dentro de mim bem fundo
Deixa que o rubor de meus mamilos erectos
Se desvaneça de encontro ao teu peito
No ritmo de nossos corações descompassados.
Escuta-me então ao dizer quanto te amo
Como louca que se repete, porque fala minha alma
Do fundo de sua nudez quase inconsciente.
Fiquemos unidos num longo abraço
Numa comunhão que pacifique os nossos sentidos exaltados
Até que um sono profundo nos tome e nos refaça
Para acordarmos felizes na ventura da entrega
Na retoma da batalha inefável, mútua conquista
Em que ambos somos conquistadores conquistados
Bem podes, entretanto, dizer que me queres, com olhares de soslaio
Enquanto brincas em negaças com as outras!
Ficarei tremendo ansiosa à tua beira
Até que entendas que entregar-me significa
Dissolver-me contigo numa fusão de infinito!
A minha irmã africana
Nasceu na livre savana
Foi apresentada à lua
E as estrelas, uma a uma,
Vieram beijar-lhe a testa.
Às costas da mãe, sacoleja
E tudo aprende e observa
Na pele parece que a brisa
Respira
Tropical
Pureza
De suas mãos em cadência
Bate o pilão na farinha
Sobre a cabeça levanta
O pote de água fresca
E o seu filho balança
Na alça meiga da anca
E se tiver fome, mama.
Quanta harmonia emana
De minha irmã africana
Casada com a natureza!
Nasceu na livre savana
Foi apresentada à lua
E as estrelas, uma a uma,
Vieram beijar-lhe a testa.
Às costas da mãe, sacoleja
E tudo aprende e observa
Na pele parece que a brisa
Respira
Tropical
Pureza
De suas mãos em cadência
Bate o pilão na farinha
Sobre a cabeça levanta
O pote de água fresca
E o seu filho balança
Na alça meiga da anca
E se tiver fome, mama.
Quanta harmonia emana
De minha irmã africana
Casada com a natureza!
domingo, abril 04, 2004
SOBRE VIVER
sobrevivi vendo
resistindo com mansidão
a questão não está na violência
mas na permanente
observação
e na subtileza
costumo imaginar-me
como uma gazela na savana
espertas orelhas alertas
faro e olhos despertos
se a perseguem
da meia dúzia
de valentes saltos
para que o perseguidor
desista
a seguir deita-se
na grama
camuflada
sem folego nem,
para mais um salto...
sobrevivi vendo
resistindo com mansidão
a questão não está na violência
mas na permanente
observação
e na subtileza
costumo imaginar-me
como uma gazela na savana
espertas orelhas alertas
faro e olhos despertos
se a perseguem
da meia dúzia
de valentes saltos
para que o perseguidor
desista
a seguir deita-se
na grama
camuflada
sem folego nem,
para mais um salto...
... E incessantemente, se renova!...
Amante meu,
Mar preclaro
Oiço teu longo apelo
E caminho ao encontro
O Solo poroso
Apaga-me o passo
Veeeemmmmmm
Ter comigo
Escuto-te, mar, dizendo
E vou! E vens tu
Poisar a orla no meu regaço
Ah, inebriante abraço
Como se fosse
Este mútuo mergulho
O último acto de amor
Nosso há tanto tempo
Contido
Na fímbria do desejo
De me lançar nua
No teu colo....
Quanta ventura
Sentir tua espuma
Tomar-me inteira
Adentrar-me branca
Inteira tua sereia
Fundamente inebriada
No cerne aonde
A terra acaba, o mar começa
...E incessantemente se renova!
Amante meu,
Mar preclaro
Oiço teu longo apelo
E caminho ao encontro
O Solo poroso
Apaga-me o passo
Veeeemmmmmm
Ter comigo
Escuto-te, mar, dizendo
E vou! E vens tu
Poisar a orla no meu regaço
Ah, inebriante abraço
Como se fosse
Este mútuo mergulho
O último acto de amor
Nosso há tanto tempo
Contido
Na fímbria do desejo
De me lançar nua
No teu colo....
Quanta ventura
Sentir tua espuma
Tomar-me inteira
Adentrar-me branca
Inteira tua sereia
Fundamente inebriada
No cerne aonde
A terra acaba, o mar começa
...E incessantemente se renova!
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